Num jogo com tão poucos argumentos a nível ofensivo, qualquer golo pode valer ouro, venha ele de onde vier. O defesa congolês deu vantagem logo nos primeiros minutos e muito fez ao longo do jogo para que essa vantagem não fugisse. Assertivo nos (muitos) duelos aéreos e sempre lesto na abordagem aos lances, formou uma bela dupla com Pepe.
Uma peça fulcral no processo defensivo de um FC Porto com forte reação à perda de bola e que tentava condicionar o jogo de um Paços de Ferreira que manteve a (positiva) identidade. O médio defensivo voltou ao onze inicial e, ao contrário do colega de miolo Uribe, muito contribuiu para anular lances de potencial perigo. Os registos mostram quatro duelos ganhos pelo chão e três pelo ar, fazendo dele um protagonista discreto mas essencial.
O capitão do Paços de Ferreira destacava-se de forma clara num meio-campo com muita presença mas com alguma falta de criatividade. O camisola 10 justificou o número, tentando puxar a equipa para o ataque e atacando todos os espaços que via. Nem sempre conseguiu definir da melhor forma, mas isso deveu-se também ao facto de os colegas não corresponderem, em particular os extremos. Tanto andou pelo meio como pelas zonas laterais em que não havia um colega a fazer melhor.
Foi capitão sem braçadeira, até pedindo substituições ao treinador. Nem sempre o fez da forma mais simples, mas conseguiu sempre resolver os lances que lhe surgiam pela frente, mesmo não tendo o mesmo protagonismo que Mbemba nesta partida em particular. Elevadíssimos níveis de concentração no período em que o Paços esteve por cima e em busca do empate.
Dois dos lances de maior perigo do Paços (talvez os mais perigosos) foram obra do experiente médio brasileiro, que nesses momentos foi bem mais do que um médio de contenção. Teve ambição para aparecer em zonas de finalização, fez a bola passar a centímetros do poste de Marchesín num cabeceamento e até num pontapé acrobático ameaçou a baliza portista, com o guardião a corresponder. Também inconformado, como Pedrinho, de uma forma diferente.
E tão importante foi o guardião do FC Porto num jogo como este! É verdade que nem sempre o Paços soube descobrir os caminhos para a baliza, e esteve durante largos períodos sem ameaçar realmente o guarda-redes, mas quando o fez ele disse presente. Desta vez esteve sereno e seguríssimo, exibindo bons reflexos, por exemplo, em remates de Hélder Ferreira e Luiz Carlos. O melhor momento estava guardado para o fim, quando voou para negar o golo num remate surpresa de Jorge Silva.
Se Pepe era a voz de comando no FC Porto, Marcelo era-o no Paços, além de ser o defesa que mais aparecia na partida a nível defensivo. É verdade que viu amarelo muito cedo a travar Corona e podia ter corrido mal mais tarde... mas a presença do brasileiro foi sempre sentida, quase sempre no bom sentido. Bloqueou um remate do mesmo Corona numa investida individual do mexicano, decidiu muito bem num lance que seria anulado e ainda tentou deixar marca lá na frente, num remate que Pepe bloqueou.
Já foi muito criticado, nem sempre deslumbra, mas a verdade é que foi dos mais competitivos e seguros na exibição cinzenta do FC Porto em Paços de Ferreira. Incansável na atitude, o lateral ganhou a maior parte dos duelos atrás, demonstrando confiança no 1x1. Tentou ainda dar profundidade e largura, mas a falta de ideias da equipa não deu para mais...
A principal função, a de desequilibrar a partir do flanco, não foi cumprida, mesmo numa equipa que tinha bastante iniciativa com bola. Não conseguiu descobrir os espaços em diagonais e só num remate inofensivo deu algum ar da sua graça. A nível defensivo, viu um amarelo aos 41' (falha a ida ao Bonfim) e desde então arriscou a expulsão em duas ocasiões, pelo menos. Nem parecia saber que estava amarelado... Pepa tirou-o de campo, em boa altura.
0-1 | ||
Chancel Mbemba 7' |