O Futebol, que ainda dava os primeiros passos na sua internacionalização, não fez parte dos primeiros jogos da era moderna, disputados em Atenas, na Grécia em 1896. Segundo alguns relatos, na Iª edição dos Jogos, disputou-se um torneio não oficial na capital helénica, onde uma equipa de Atenas perdeu a final para uma equipa de Esmirna, que representava o então Império Otomano. Mas a historiografia oficial do movimento olímpico tem sérias reservas relativamente à real existência de tal encontro.
Oficialmente, os primeiros torneios foram disputados em 1900 e 1904, e nos jogos intercalares de 1906, mas as competições foram disputadas por clubes, universidades e seleções de cidades ou regiões, não tendo o reconhecimento oficial da FIFA.
Com a I Guerra Mundial, os jogos não se disputaram em 1916, regressando em 1920 com a VIª edição, que se desenrolou em Antuérpia.
Em 1924, na segunda vez que os jogos passavam pela «Cidade
Luz», surgiu uma equipa que iria ficar na história da modalidade. Nomes como José Leandro Andrade, José Nasazzi, Pedro Cea e Hector Scarone, não dirão muito aos adeptos do futebol do século XXI, mas nos anos 20, estes eram a nata do futebol mundial. Este grupo de jovens uruguaios, tomou de assalto o palco dos jogos de Paris, conquistando o ouro e defendendo-o o título quatro anos mais tarde em Amesterdão.
O Uruguai campeão em 1924 e 1928, graças às suas vitórias nos Jogos tornou-se a Celeste Olímpica.
De tal maneira era envolvente o seu futebol, que os adversários reconheciam ao Uruguai o estatuto de melhor equipa do mundo. Os seus feitos valeram-lhe a alcunha de celeste olímpica, graças à cor da sua camisola, e à dupla vitória nos jogos, que convenceram a FIFA a entregar a organização do primeiro mundial em 1930 à pequena nação sul-americana. Escusado dizer que o Uruguai conquistou o primeiro mundial, conquistando assim um lugar eterno na história da modalidade.
Quatro anos depois, em Los Angeles, pela primeira (e única) vez desde 1900, não houve torneio de futebol, regressando a modalidade aos Jogos de 1936 em
Berlim, os mais vergonhosos da história, pela propaganda ao regime nazi.
O torneio de
Berlim, onde a presença na prova ficou impedida a qualquer jogador profissional ou semiprofissional, acabou por coroar a Itália, que fora campeã do Mundo em 1934 (e que voltaria a ser em 1938) como a sucessora da Celeste Olímpica, como maior potência do Desporto Rei. O mérito das vitórias italianas coube em grande parte ao treinador
Vittorio Pozzo, que entre 1934 e 1938, liderou a Itália à conquista dos três troféus em disputa, alterando profundamente a equipa entre os mundiais e os Jogos Olímpicos, por culpa das restrições aos profissionais. Com, ou sem jogadores consagrados, a Itália de Pozzo glorificou o futebol italiano e ajudou o ditador Mussolini a emprestar uma aura de vitória à sua Itália facista, que tentava emular os feitos da Roma imperial.
Pós-Guerra: Nordahl e Puskás
No regresso dos jogos, após a
II Guerra Mundial,
Londres acolheu a prova pela segunda vez. Sem profissionais, e com o futebol ainda a recuperar de anos de interregno, o título acabou por ser conquistado pela surpreende Suécia, graças ao faro de golo de
Gunnar Nordahl, que por culpa dos seus golos, abandonaria o futebol amador da Suécia, para se tornar num dos grandes craques da Serie A ao serviço do AC
Milan.
Ferenc Puskás, o «Major Galopante», estrela maior da grande equipa magiar.
Em 1952, foi a vez da «Equipa D´Ouro» da Hungria tomar de assalto o torneio olímpico. Com grandes exibições e muitos golos,
Puskas, Czibor e Kocsis conquistaram o ouro e o respeito do mundo.
Os amadores socialistas
Os Jogos de Melbourne em 1956 marcaram o começo de um longo período de domínio dos países de leste. A culpa foi do estatuto de jogador profissional, que nos países ocidentais excluía as principais estrelas de participar nos jogos. Já no leste da Europa, as disposições políticas proibiam a existência de desportos profissionais, como tal, todos os atletas desses países não eram considerados profissionais e participavam nos jogos, apesar de nos seus países de origem não fazerem outra coisa senão praticar o desporto, e serem fortemente apoiados pelos regimes, que cedo perceberam as vantagens políticas de ver os seus atletas conquistarem medalhas nos jogos.
Não é de estranhar que a lista de campeões olímpicos entre 1956 e 1980 só inclua países que ficavam para lá da «cortina de ferro»: URSS (1956), Jugoslávia (1960), Hungria (1964 e 1968), Polónia (1972), Rep. Dem. Alemã (1976) e Checoslováquia (1980).
O boicote soviético e o trauma brasileiro
Este rol de glórias de equipas formado apenas por «heróis da classe operária», sofreu um hiato nos Jogos de 1984 em Los Angeles. Não porque os ocidentais tivessem também passado a utilizar os seus melhores jogadores, mas porque a União Soviética, e com ela a esmagadora maioria de países das «democracias populares», responderam ao boicote norte-americano aos Jogos de Moscovo em 1980 na mesma moeda.
Quem aproveitou, e de que maneira, foi a seleção francesa, que juntou o ouro olímpico à conquista do Campeonato Europeu apenas uns meses antes, tornando 1984 no ano mais profícuo de sempre no futebol francês, apenas superado em importância pelo de 1998, ano da conquista do mundial.
Nos Jogos de Barcelona, a Espanha chamou a si o ouro, batendo a Polónia no jogo decisivo.
Seoul, e os Jogos de 1988, marcaram o fim dos boicotes e o regresso dos jogadores de leste à glória. As regras contudo já permitiam a inclusão de jogadores profissionais, até uma certa idade, tornando possível que futuras estrelas do futebol como Klinsmann e Romário tomassem parte na prova.
O Brasil, que já perdera a final de 1984 para a França, voltou a ceder no jogo decisivo, perdendo para os soviéticos pos 1x2 (após prolongamento), não obstante contar com jogadores como Romário, Ricardo Gomes, Aloísio, Bebeto, Careca, André Cruz, Jorginho, Taffarell e Valdo...
Espanha, África e Argentina
Barcelona recebeu a edição seguinte dos jogos, onde o torneio de futebol foi conquistado pela
Espanha, após bater a Polónia na final. Quatro anos mais tarde, em Atlanta nos E.U.A., o mundo assistiu a um dos torneios mais emocionantes, coroado com a vitória nigeriana na final sobre a Argentina, depois de nas meias-finais as «super águias» terem eliminado o Brasil de Ronaldo e companhia, por 4x3, depois de terem estado a perder por 1x3, tornando-se a primeira equipa africana a conquistar o ouro. Em Sidney, os Camarões igualaram o feito nigeriano, batendo a seleção espanhola no desempate por grandes penalidades.
Leonel Messi e Sérgio ´Kun´ Agüero celebram a conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008).
Atenas seria a paragem seguinte, que viu a Argentina conquistar o seu primeiro título olímpico, numa equipa que contava com Carlitos Tevez, Javier Saviola, Gabriel Heinze e Lucho González, e que no jogo decisivo bateu o Paraguai por uma bola a zero. Quatro anos depois, a Argentina repetiu o feito da Grã-Bretanha, do Uruguai e da Hungria, conquistando o bicampeonato, batendo a Nigéria por 1x0 na final, com uma equipa de sonho onde pontificava Leonel Messi.