Com o nome de Purczeld Ferenc, nasceu em Budapeste o ainda hoje considerado melhor futebolista húngaro de todos os tempos. Com apenas 16 anos, um jovem baixo e gordo com a elegância no trajar de um qualquer taberneiro, tornava-se jogador profissional.
O Major Galopante
Sob orientação do seu pai, era presença regular no onze inicial do clube da sua terra: O Kispet (atual Honvéd). 2 anos depois, aos 18, estreava-se na Selecção húngara e com 21 era já o melhor marcador do campeonato magiar com 50 golos numa só época. O seu poderoso remate de pé esquerdo, que aliava potência e precisão, fez história na Europa do futebol. Em 1949 a Hungria é ocupada pelas forças soviéticas.
O Kispet dá então lugar a uma poderosa instituição que viria a ser o clube das forças armadas: O Honved. Para continuar a jogar futebol, Puskas teve de se alistar no exército, onde recebeu a patente de major. Os companheiros passaram a chamá-lo “major galopante”.
O Honved, transformou-se numa máquina demolidora, então na Hungria era uma limpeza: vence os títulos nacionais de 1950, 52, 54 e 55. Em 1956, dá-se a revolução húngara contra a ocupação soviética. Puskas encontrava-se no estrangeiro e não mais quis regressar ao seu país. Cai o regime e com ele o Honved e a Seleção.
Com 29 anos foi considerado velho por vários clubes italianos. Aproveitou o Real Madrid que já contava com Gento, Kopa e… Di Stéfano. E a história deu-lhes razão. Puskas equipou de blanco durante 10 anos e sempre ao mais alto nível. Em Madrid conquistou 3 Taças dos Campeões Europeus em 59, 60 e 66. 1 Taça Intercontinental em 1960. Por quatro vezes foi o artilheiro do Campeonato espanhol (60, 61, 63 e 64) e por duas vezes o da Taça dos Campeões (60 e 64). Contava 40 anos quando pendurou as chuteiras. Saldo: 1300 Partidas; 776 Golos!
Os mágicos magiares
1945 foi o seu ano de estreia na fabulosa seleção magiar sem comparação no seu tempo. Tinha então 18 anos. Em 1952 os húngaros brilhavam nos Jogos Olímpicos, saindo de lá com o Ouro. A rápida circulação de bola, classe e determinação dos seus jogadores, eram a base do sucesso do seu coletivo.
Cinco jogos, cinco vitórias e um saldo de 20-1 entre golos marcados e sofridos. Em 1953 a Hungria tornava-se na primeira Selecção a vencer em Inglaterra. 3-6 foi o resultado com que brindou o público britânico, e o Mundial de 54 aí à porta…
Por esta altura, Kocsis e Csibor eram as mais-valias numa equipa que tinha em Puskas a sua estrela mais cintilante.
À Suiça chegava o Mundial de Futebol e os húngaros, apontados como os únicos favoritos. 9-0 à Coreia e 8-3 à República Federal da Alemanha num jogo onde Werner Liebrich, um defesa alemão, entrou para a história ao lesionar selvaticamente e com intenção Puskas. Dois jogos de fora para o major.
Frente ao Brasil, naquela partida que viria a ser conhecida como a “Batalha de Berna”, onde mesmo sem jogar, Puskas ainda partiu uma garrafa na cabeça de um adversário, e ainda na vitória por 4-2 frente ao Uruguai. Na final, de novo a R.F.A. como adversário. Puskas, mesmo condicionado, alinhou de início e aos 6 minutos já marcava e aos 8 já ganhava a Hungria por 2-0. Mas a sua lesão veio ao de cima e com o bis de Helmut Rahn, a R.F.A venceram por 3-2 numa das maiores surpresas da competição.
Dois anos depois, e com 85 golos em 84 jogos, terminaria a ligação de Puskas com a Seleção magiar. Jogaria ainda mais quatro partidas pela Seleção espanhola, três delas no Mundial do Chile em 1962, mas sem ter apontado qualquer golo.
Nova etapa
Finda a carreira de futebolista, logo se tornou treinador. Embora sem nunca se ter aproximado do nível que evidenciou como jogador, Puskas teve o seu canto do cisne ao levar os gregos do Panathinaikos a uma final da Taça dos Campeões Europeus. Treinou clubes de toda a parte do mundo: Colo-Colo do Chile; AEK Atenas da Grécia; Cerro Porteño do Paraguai, Al-Masri do Egipto, entre outros, e terminou a carreira em Melbourne, na longínqua Austrália.