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O sítio dos Gverreiros
António Costa

Sentimentos estranhos

2021/06/13
E0
"O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

O artigo desta semana está repleto de sentimentos estranhos e contraditórios, alguns dos quais não queria de todo retratar nestas humildes linhas de escrita.

As primeiras palavras vão para o desaparecimento precoce de um ser humano fantástico, chamado Adelino Barros. Este nome pode não dizer nada ao mundo do desporto, mas de Neno toda a gente sabe de quem falo.

Dono de um sorriso permanente, de quem está no mundo com prazer, Neno habituou toda a gente que falava com ele a uma resposta sempre afável e de boa disposição, numa postura tão natural que, por vezes, escondia algumas agruras da vida. Neno esteve de bem com o futebol, com a música e com outras funções que desempenhou ao longo da vida, mostrando uma alegria contagiante de quem ajuda a formar jovens, com base em valores seguros, capazes de tornar a sociedade numa coisa melhor do que é efetivamente. Tive o prazer de ser professor da sua única filha, a Juliana, também ela uma pessoa simpática, afável e empática. Para ela aqui ficam os meus votos de muita coragem, neste momento tão difícil.

Contactei com Neno em diversas situações e em todas elas tive direito a uma resposta diferenciada de quem sabe estar. A última vez que me cruzei com ele foi no último SC Braga vs Vitória SC, na Pedreira, durante o intervalo do jogo, onde trocamos um abraço de quem se respeitava mutuamente. O destino levou Neno deste mundo de modo prematuro e deixou diversas reações de estupefação. Agora, é hora de homenagear este ser humano que partiu cedo de mais e que levará, certamente, o seu sorriso até às estrelas. Aqui deixo a minha singela homenagem, fazendo votos para que Neno descanse em paz, perdoando aqueles que, involuntariamente ou não, foram injustos com ele no mundo dos vivos. Até sempre, Neno.

O Euro 2020, disputado em vários países em 2021, assustou o mundo do futebol, ao terceiro jogo. Em pleno Dinamarca vs Finlândia o jogador dinamarquês Christian Eriksen caiu em pleno relvado, levando ao desespero os colegas e adversários, assim como o universo futebolístico em geral. Mas desta vez a Ciência venceu o infortúnio que as vicissitudes da vida preparavam ao atleta, para sorriso geral, uma vez que o guião do filme foi alterado e esta “história” terminou bem. O jogo foi interrompido e recomeçado algumas horas depois, terminando com uma vitória inesperada dos estreantes finlandeses, ainda que, na minha opinião, o resultado seja um mero pormenor, uma vez que a grande vitória dos “Vikings” tenha sido a aparente recuperação do jogador.

Uma palavra para o fisioterapeuta Nuno Xavier, que serve com dedicação e zelo enorme do futebol de praia do SC Braga, que salvou a vida do jogador Fabinho, que representa O Sótão no campeonato de Elite da presente temporada. As palavras são curtas para agradecer ao Nuno Xavier o que fez, dada a dimensão da sua ação, pelo que desde aqui deixo a sugestão para que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, faça uma homenagem pública de reconhecimento pelo ato nobre do jovem fisioterapeuta, atribuindo uma condecoração que se julgue a mais adequada.

Os dois casos de sucesso acima descritos, têm uma importância enorme, por se tratar de vidas humanas. É que, como diria Schindler”, “Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro” e a humanidade agradece que os casos de êxito de Eriksen e Fabinho se repitam, sempre que essas situações indesejadas de verifiquem.

A sensação de estranheza passa também pela situação pandémica que o país vive. Ver imagens da Hungria, de estádios repletos de adeptos, sem máscara ou distanciamento remete-me para tempos não muitos distantes, mas que parece muito longínquos nos hábitos mais recentes, forçados por uma pandemia que teima em persistir, contra a vontade das pessoas. Espero que o comportamento responsável das pessoas, a nível individual e coletivo, permita que a reabertura da próxima época em Portugal, com a disputa da Supertaça, possa ocorrer com muitos adeptos nas bancadas, afinal o seu lugar natural. A este tema voltarei em breve. Por hoje, apenas me apetece sublinhar os estranhos sentimentos que integram este artigo.
 



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