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    Rui Miguel Tovar entrevista Raúl Águas

    «O Artur Jorge adorava o Paulo Futre, passava horas a contar histórias dele»

    E5

    «Barrilete Cósmico» é o espaço de entrevista mensal de Rui Miguel Tovar no zerozero. Epíteto de Diego Armando Maradona, o nome do espaço remete para mundos e artistas passados, gente que fez do futebol o mais maravilhoso dos jogos. «Barrilete Cósmico».

    Artur Jorge ainda está entre nós. Que o diga Raul Águas, seu companheiro de equipa no ataque do Benfica na década 70 e, depois, adjunto durante 12 anos. As aventuras sucedem-se umas atrás das outras. Há de tudo, até um atentado terrorista num compound em Riade, desde a selecção portuguesa até ao MC Alger – aliás, Raúl apresenta-se na estação ferroviária de Setúbal com um casaco do clube argelino.

    Passou-bem para aqui, abraço para ali, perguntas de circunstância para aqui, respostas curtas para ali e arrepiamos caminho a pé para um café mesmo em frente ao Estádio do Bonfim, onde Raul Águas passa uma época grandiosa culminada com a subida à 1.ª divisão em 1993.

    Quem era o craque?

    Yekini, porra [é o maior palavrão de Raul, estejam atentos]. Quando aqui cheguei, como sucessor do Neca, o gajo não jogava e estava assim [distancia as mãos direita e esquerda]. A alcunha dele era o armário. Sabia que estava ali um jogador em potência e falei com ele sobre treino específico.

    Como assim?

    Piques de 60 metros, 40, 20, devidamente acompanhado pelo preparador físico. Agora escapa-me o nome, porra [vêem? eu bem disse]. Era top, esse preparador físico.

    [Já se lembra do nome, vai ver.] *

    O Yekini começou a treinar e, depois, a jogar. Bem, nem lhe conto. Foi uma rabanada de vento que passou aqui em Setúbal, que furacão. Na época seguinte, ficámos em terceiro, a dois pontos do campeão Estrela do João Alves, e o Yekini foi o melhor marcador. Uns 35 golos ou o que foi [correcto e afirmativo, com base no zerozero à nossa frente].

    Estou a ver um desempate na Taça com a Naval, 0:0.

    A Naval queria jogar o desempate daí a umas semanas, o presidente do Vitória chegou a falar-me sobre essa hipótese e eu ‘nem pensar, marcamos já para quarta-feira’.

    E?

    Jogámos quarta-feira, 6:0 no Bonfim. E não levaram dez porque não calhou.

    Pois é, estou a ver aqui. Hat-trick do Yekini.

    Pois, era um armário dos bons.

    E que tal a época seguinte, já na 1.ª divisão?

    O arranque foi tramado, não ganhámos nenhum jogo nas primeiras seis/sete jornadas.

    Eischhhhhh, imagino a contestação dos adeptos.

    Nada disso, zero contestação, a gente jogava bem à bola. E, de repente, tau, 5:2 ao Benfica.

    Cinco?

    Cinco, só cinco.

    Só?

    Ó Rui, meti o Sessay e o gajo falhou dois golos na cara do Silvino, com o Yekini ao lado dele. No balneário, sentei o Sessay e tive de lhe dizer umas verdades. Foram cinco, podiam ter sido sete e aí sim faríamos história. O Benfica tinha todos os bons: João Pinto, Isaías.

    Já os conhecia bem do Boavista?

    Uiiiii, porra, tão bem. Apanhei o João Pinto ainda júnior e já conhecia o Isaías do Rio Ave. Quando cheguei ao Bessa, nem um nem outro jogavam. O João Pinto, normal, ainda era júnior. O Isaías não consigo explicar. Meti-o logo a jogar e era um trio dos diabos: Jorge Andrade, Isaías e Nelson Bertolazzi. Atrás deles, o Elói.

    Uiiiiii, porra [agora digo eu].

    Esse Boavista só perde um jogo na segunda volta, em casa, com o Belenenses. Golo do Chiquinho Conde e o o Jorge Andrade falha um penálti no último minuto.

    E os resultados com os grandes?

    Ó Rui, no final da primeira volta, 2:1 ao Benfica na Maia, na Maia [Raul Águas repete-se com entoação]. No início da segunda, 4:1 ao FC Porto.

    Ahhhhh, é o jogo do Bertolazzi.

    Entra na segunda parte e faz dois golos. E o Isaías falha um golo na cara do Zé Beto. Ganhámos 3:2 em Guimarães, 5:1 ao Marítimo, 4:0 ao Chaves.

    Estou a ver aqui, dois golos do Marcos António ao Marítimo.

    Esse era lateral-esquerdo, brasileiro. Que jogador, porra.

    E o resultado com o Sporting?

    2:0 no Bessa [Isaías e Jaime Alves].

    E o da segunda volta com o Benfica?

    2:2 na Luz, estávamos a ganhar 2:1 até ao fim. Meti o João Pinto aos 60 minutos e foi o cabo dos trabalhos para o Benfica. Demos a volta ao resultado, eles empataram pelo Vata mesmo a fechar.

    O Raul Águas conhecia bem a Luz, foi lá que tudo começou.

    Verdade.

    Foi júnior?

    Jogava no Lusitano Lobito, em Angola, viram-me a jogar e convidaram-me para ir à experiência.

    E?

    O meu pai assinou um papel a dar-me autorização para viajar, porque só tinha 15/16 anos.

    Veio de barco?

    [cara estranha] Avião. Barco? Essa é boa.

    Jajajajajaja.

    Cheguei cá, tinha à espera no aeroporto o meu tio [José Águas, capitão do Benfica bicampeão europeu em 1961 e 1962]. A viagem foi pelos três eles: Lobito, Luanda e Lisboa, este último voo nocturno. Estávamos em Dezembro, treinei-me umas três ou quatro vezes e o Fernando Cabrita deu o sim.

    Dezembro de que ano?

    1965. Lembro-me que acabei por ficar em Portugal e vi cá o Mundial-66. Só depois é que fui de férias para o Lobito e voltei em definitivo para Lisboa a tempo da pré-época.

    Já como sénior?

    Júnior, ainda júnior. Treinávamos ali no Campo Grande.

    Com quem treinava?

    O nosso treinador era o Ângelo, lateral campeão europeu. Tramado, o gajo. Metia a malta na ordem, porra. A equipa tinha Jorge Calado, Humberto Coelho, Nené.

    Uyyy, que categoria.

    Ainda me lembro como se fosse hoje do meu primeiro golo, ao Barreirense. O cruzamento foi do Simões.

    E depois?

    Era muito difícil jogar na equipa principal, só se o Torres se lesionasse. À falta de jogos, divertia-me nos treinos de conjunto à quinta-feira.

    Porquê?

    Era sempre titulares contra suplentes e a nossa equipa ganhava muitas vezes. Tínhamos Malta da Silva, Zeca, Jorge Calado, Matine, Nené, eu, Diamantino costa. Uma vez, o Jorge Calado envolveu-se à porrada com o Eusébio.

    Então?

    O Eusébio perder? Está bem está, ele não gostava nada de perder, porra. Que treinos, mais viciantes do que jogos.

    E sai do Benfica para a Académica?

    Fui para Coimbra ao abrigo da lei dos estudantes. Como jogava pouco no Benfica e toda a gente dizia que a Académica era bom para mim, lá fui.

    E estudou o quê?

    Futebol, porra. Como ainda tinha um ano de contrato com o Benfica, a minha ideia era jogar na Académica esse ano e ficar livre. Só que depois entrei no serviço militar em Tomar e assinei pelo União.

    Grande equipa, não era?

    Bolota, eu e Camolas.

    E o Manuel José?

    Jogava atrás de nós. Fui sempre o melhor marcador do União, grandes épocas.

    E, de repente, aparece na Bélgica. Como é que isso acontece nos anos 70?

    O Malines estava a precisar de um ponta-de-lança e ligou ao Milorad Pavic, treinador do Benfica que tinha passado pelo futebol belga. Ele indicou o meu nome.

    Espectáculo.

    Um empresário português chamado Fausto Pires foi ter comigo a Tomar, falou-me do Malines e eu aceitei. Recebi de luvas 400 mil francos belgas.

    Raúl Águas recebeu o zerozero às portas do Bonfim @Rui Miguel Tovar
    E que tal a Bélgica?

    Joguei lá dois anos, no Malines. Depois, mais dois no Lierse. De Malines a Lierse, 15 quilómetros de distância.

    Lindo, não sabia. E não houve problemas?

    Nada, o Malines recebeu bom dinheiro. Joguei no Lierse com Vandenbergh, tinha para uns 20 anos, e ainda Ceulemans.

    Uyyyy, aquele calmeirão?

    Esse mesmo. Começava a correr e ninguém o apanhava. Era um perigo à solta.

    Como jogavam?

    Ceulemans à direita, Vandenbergh no meio, um gajo muito bom à esquerda.

    E o Raul Águas?

    (…)

    Ou vai dizer-me que era o gajo muito bom à esquerda?

    Ahahahah, Jogava atrás deles e marcava muitos golos, sobretudo de cabeça. Chegaram a considerar-me o melhor cabeceador da Bélgica. A sério, ó Rui, cabeceava bem, muito bem.

    Como o tio [José Águas]. E o primo [Rui Águas].

    Pronto, aí está.

    Malines e Lierse, chega a jogar nas competições europeias?

    Pelo Lierse. É aí que o Artur Jorge me vê pela televisão.

    Como assim?

    O Artur está a tirar o tal curso de treinador na RDA, em Leipzig, e calhou estar à frente da televisão durante um Carl Zeiss Jena-Lierse. Estava lá eu.

    Que coincidência linda.

    Elas existem, as coincidências.

    «Só via o Figo à quinta-feira, porque ele passava a semana fora»

    O Raul já conhecia o Artur do Benfica, certo?

    Sim, verdade. Grandes amigos desde aí.

    Porquê essa empatia?

    Ele engraçou comigo, eu engracei com ele. Muitas vezes, depois dos jogos em casa, na Luz, eu e o Toni íamos jantar a casa dele.

    Onde?

    Isso agora, já não me lembro. Sei que íamos. Éramos muito próximos. Ele, o Artur, costumava dizer-me que eu era mais jogador do que ele. ‘Ó Raul, tu podias ter sido um jogador do caraças.’

    E era verdade?

    Porra, então não era.

    Jajajajajajaja.

    Ó Rui, a sério, jogava bem de cabeça e tinha noção com a bola nos pés.

    Quem os treinava no Benfica?

    O meu primeiro treinador foi o Otto Glória.

    Como é que ele era?

    Só para rir. Futebol é que não. Palavra de honra, aquilo era só rir. Nos estágios, os jogadores sentavam-se à sua volta a ouvi-lo contar as histórias de outros tempos e acabávamos todos a rebolar no chão, de rir até não poder mais.

    Jajajajajajaja.

    Ó Rui, isto é a verdade.

    Acredito, e gosto francamente de ouvi-la. Portanto, cruza-se com o Artur Jorge no Benfica [1970-71], o Artur vê-o na RDA pela televisão [1978-79] e depois?

    O Artur vai buscar-me ao Oliveira do Bairro para jogar no Portimonense em 1982-83. Ganhava 10 contos no Oliveira do Bairro e passei a ganhar cento-e-tal contos.

    Quê, Oliveira do Bairro?

    É verídico, ó Rui.

    Acredito, mas porquê Oliveira do Bairro?

    Marquei uns 80/90 golos nas quatro épocas na Bélgica e o Benfica voltou a interessar-se por mim. O Rui Silva, conhece?

    Sim senhor, conheço.

    Foi ver-me a Lier e, nesse jogo, marquei um ou dois golos. Mas o Lierse pediu uma batelada de dinheiro, não sei quantos mil contos, e o Benfica recusou nas suas intenções. Disse então ao presidente do Lierse: ‘se não me deixa sair, vou-me embora.’ E fui. Falei com a minha mulher, que era professora e já estava farta da Bélgica. Cheguei a Portugal e ainda tinha um ano de contrato com o Lierse.

    E agora?

    Alguém do Oliveira do bairro entrou em contato com a federação portuguesa a perguntar sobre mim e a solução encontrada pela federação foi inscrever-me como amador. Assim foi, e o Oliveira do Bairro arranjou-me emprego numa fábrica de azulejos a ganhar 10 contos por mês.

    O que dava 10 contos naquele tempo?

    Quase para nada. Comer e está bom.

    Quanto tempo por lá?

    Três anos, e fui sempre o melhor marcador da 2.ª divisão.

    Fantástico.

    Numa eliminatória da Taça, com o Sporting, no José Alvalade, marquei dois golos. Um na própria baliza, de cabeça, na sequência de um canto, e outro na baliza certa.

    Jajajajaja. E no Portimonense?

    Também fui o melhor marcador da equipa, já tinha uns 34 anos.

    Só um ano em Portimão?

    O presidente do Portimonense era um senhor chamado José Águas, já viu a coincidência?

    Elas existem.

    O Artur Jorge tinha ido para o FC Porto e esse presidente demorou a renegociar o meu contrato. Chegou então o sucessor do Artur.

    Quem?

    Manuel José. E foram dizer ao Manuel José que eu não queria jogar com ele.

    Caraças.

    Acreditou mais nos dirigentes do que em mim. Arrepiei e fui para Chaves.

    Chaves, lindo.

    Não havia ainda auto-estrada para Chaves, demorava quatro horas de carro desde Oliveira do Bairro.

    O Chaves andava na 2.ª?

    Queriam subir à 1.ª há uns 40 anos, só que havia sempre impedimentos. Ser do interior era lixado, porra.

    E que tal?

    O início foi mau, porque perdemos todos os jogos da pré-época e isso deu azo a que o treinador se fosse embora.

    Quem era?

    Um treinador muito conhecido no Norte. Escapa-me o nome. Já sei, já sei. Mário Morais. Que figura, ahahahah. Aí o presidente falou comigo e pediu-me para ser jogador-treinador. Disse que não, que só fazia de treinador até se arranjar um substituto. Comecei então a treinar a equipa e lembro-me como se fosse hoje do primeiro dia.

    Do quê?

    Só bola. Os jogadores ficaram todos contentes. Nada de correr à volta do campo e essas coisas, Só bola, uma coisa que tinha aprendido na Bélgica. E fazia treinos de defesas contra avançados. Aquilo correu bem e ganhámos 1:0. Depois chegou o Álvaro Carolino e conseguimos o apuramento para a liguilha.

    Adoro essa palavra, liguilha.

    Eram Chaves e mais três equipas: Rio Ave, da 1.ª divisão, União Leiria, da zona centro, e União da Madeira, da zona sul. Ganhámos 3:2 ao Rio Ave em casa, perdemos 2:1 em Leiria e ganhámos 5:2 ao União Madeira.

    Estou a ver aqui, três golos do Raul ao União Madeira.

    É o último jogo do Álvaro Carolino. Ele quis sair e, a partir daí, sou eu à frente da equipa. Não queria muito, mas os jogadores fizeram força junto de mim e até do presidente. Lá aceitei, mas faltava toda a segunda volta da liguilha.

    Rio Ave, primeiro.

    1:1 em Vila do Conde. Há um penálti inexistente contra e digo ao nosso guarda-redes Álvaro Leite para não se mexer, porque o Carlos Brito fazia a paradinha. Assim, foi, o gajo não se mexeu e atirou-se para o lado da bola no momento do remate. O Álvaro defendeu e fomos bem recebidos em Chaves pelas suas gentes.

    Mas ainda faltavam dois jogos.

    Mas o Rio Ave era da 1.ª e o empate dava-nos a certeza de independência. Ou seja, só dependíamos de nós para subir.

    Segue-se União de Leiria.

    2:0 em Chaves, ao mesmo tempo de 5:0 do Rio Ave ao União da Madeira.

    Dois golos do Raul, estou a ver aqui. Um de penálti, outro de cabeça.

    Nem me diga, ó Rui.

    Do quê?

    Do penálti.

    Porquê?

    No jogo decisivo, na Madeira, comecei como suplente e entrei na segunda parte. No primeiro minuto, penálti para nós. Avanço e falho.

    Havia quantos?

    Sei lá eu, devíamos estar a perder.

    Estou a ver aqui, 1:0 para o União.

    Pois, tinha essa ideia. O Chaves dá a volta, 2:1. O União dá a volta, 3:2.

    Sim, sim, com um penálti inexistente.

    Porra, até insultei aquele árbitro. De Beja.

    Veiga Trigo?

    Não, outro.

    Rosa Santos?

    Esse. Insultei, chamei-o filho da p*** e tudo. O gajo só me dá amarelo.

    Jajajaja.

    Depois fazemos 3:3 e 4:3. O União estava carregado de dinheiro, o Rio Ave deu-lhes uma mala de 500 contos. Nós sabíamos disso tudo, até sabíamos quem tinha entregado a mala. Foi uma guerra imensa e a recompensa foi tão boa, subimos à 1.ª.

    E depois foi sempre a subir.

    Acabámos em sexto na época de estreia na 1.ª, depois acabámos em quinto e fomos à Taça UEFA.

    E jogaram com quem?

    Universidade Craiova, primeiro. Honved, depois. Fomos tão roubados na Hungria, tão roubados. E cá demos um massacre ao Honved, até falhámos um penálti, por Júlio Sérgio.

    Esse Chaves é uma relíquia. Radi era qualquer coisa.

    A primeira vez que vi jogar o Radi foi pela televisão, e a defesa-direito. O empresário Lucídio Ribeiro avisou-me do jogo e quis logo o Radi mal meti a vista em cima. O Radi jogava à bola, c’um c*****. Chegou a Chaves e meti-o a jogar à frente. Desatou a marcar golos como nunca e foi quase Bola de Prata num ano de Cascavel ou Gomes, sei lá.

    Quem era o 9 do Chaves?

    Jorge Silva, irmão do José Luís. Grande jogador, goleador puro. Ficava lixado quando o substituía para jogarmos sem 9 fixo, ahahahah.

    Repito-me, esse Chaves era uma relíquia e jogava à bola nas horas.

    Os nossos treinos eram inovadores. Ó Rui, digo-te com sinceridade: fazíamos treinos diferentes, com muitos meiinhos e muita posse de bola. Quando chegávamos ao campo, na hora do jogo, a gente fazia grandes exibições.

    Também é por isso que chega ao Sporting?

    Haverá esse mérito, por que não? Gostava de jogar para a frente, com qualidade. Só estive uns meses no Sporting, ainda deu para acabar em terceiro lugar. O Rui sabe há quanto tempo o Sporting não acabava em terceiro?

    [nem respondo, fito-o]

    Três anos seguidos, o Sporting foi quarto por três anos seguidos.

    [Porra, não pode ser]

    [vou mas é ao zerozero]

    [Porra, é mesmo verdade]

    Três anos, Rui, três. Ganhei o Torneio Internacional de Lisboa, uma Taça Phillips ou lá o que é, 2:0 ao Benfica na Luz e 2:0 Ajax no José Alvalade. O Paulinho Cascavel estava de saída, porque não lhe pagavam. Disse-me isso na cara.

    E o Raul?

    Tinha o Cadete no banco. Comecei metê-lo e ele a marcar. Depois havia o Gomes, o Fernando Gomes.

    Poizééééééé.

    Fiz treino específico com ele, tal como Yekini uns anos depois. No Sporting, o preparador físico era o Terziiski. G’anda gajo, só te digo. Muito profissional. E muito à frente. Fizemos um trabalho sério e o Gomes, um gajo do caraças, trabalhou imenso. Esteve mês e meio sem jogar, depois entrou na equipa e virou o melhor da equipa. Na época seguinte, já com o Marinho Peres, era titular de caras. Nunca mais me esqueço da última jornada dessa época.

    O que se passou?

    No túnel de acesso ao balneário, o Gomes chamou-me à parte e ‘deixa-me dar-te um abraço’. Ficou um amigo para a vida.

    E nessa época o Raul estreia o Figo.

    Só via o Figo à quinta-feira, porque ele passava a semana fora, envolvido nos treinos da selecção com Queiroz e Vingada, por causa do Mundial sub20 daí a um ano. Subi Figo, também subi João Oliveira Pinto e Paulo Torres. De todos, o único que se fixou a titular ainda nessa época foi o Paulo.

    Ó Raul, e o Artur Jorge?

    Vivíamos na mesma rua, na Boavista. Ele num quinto andar. Ia a pé ter com ele.

    O Raul era treinador do Boavista e o Artur Jorge do FC Porto?

    Exacto.

    Coisa linda.

    Um dia, ele liga-me a convidar para a selecção. Estávamos em 1990.

    Ai foi?

    Mas recusei, não quis. Nem eu nem o major [Valentim Loureiro, presidente do Boavista]. Só vou para a selecção, também a convite do Artur Jorge, em 1996.

    «O Sá Pinto batia à porta e o Artur Jorge estranhava»

    Qualificação para o Mundial-98?

    Equipa fantástica, com Baía, João Pinto, Fernando Couto, Figo, Rui Costa. O Rui Costa foi expulso em Berlim, na Alemanha. Estávamos a ganhar 1:0, golão do Barbosa, porra. Se ficasse assim, quem se arriscava a falhar o Mundial era a Alemanha. O Mundial era em França, o árbitro desse jogo era francês, o Marc Batta. Aproximou-se do Rui Costa e toma lá um amarelo, depois o vermelho. O Sérgio Conceição ficou na linha lateral, à espera da substituição, sem se mexer.

    Essa qualificação.

    Ó Rui, tínhamos equipa para ir e ficámos de fora por uma série de azares. Perdemos o único jogo da qualificação na Ucrânia, num dia em que Baía fez uma exibição do caraças e depois dá uma casa na sequência de um canto: quis segurar uma bola, largou-a e golo deles. Antes, na Arménia, empatámos 0:0 numa noite em que o árbitro expulsa o Rui Barros, o Rui Barros [Raul Águas arregala os olhos como quem diz ‘o Rui Barros é inofensivo’], e falhámos um penálti aos 90 minutos, por Oceano. Ó Rui, se tudo corresse normalmente, tínhamos ido na boa.

    Pois.

    Na Irlanda, falhámos golos na cara do guarda-redes e acabou 0:0.

    É também a campanha da agressão do Sá Pinto ao Artur Jorge. Estava lá, o Raul?

    Estava a treinar o Paulo Sousa, começámos o treino às 9, uma hora mais cedo do que o resto do grupo. Sou amigo do Sá Pinto, grande amigo. Tornei-me amigo dele nessa altura, aliás. Brincávamos bastante, metíamo-nos um com o outro e, às vezes, dizia-lhe para ir falar com o Artur Jorge.

    E?

    Não era nada, estava só a meter-me com ele. Só que o Sá Pinto lá ia, batia à porta e o Artur estranhava: ‘não, não quero falar contigo’. O Sá Pinto saía e eu ria-me.

    Lembro-me bem do Raul é na Académica, como adjunto do Artur Jorge.

    Salvámo-nos, nem sei bem como. A equipa era boa, com Carlos Martins, Tonel, Paulo Adriano, as condições eram assim-assim. Jogámos sempre em Taveiro [Estádio Sérgio Conceição], porque o estádio em Coimbra estava em obras para o Euro-2004.

    Depois foi Tenerife.

    O Baía ia lá muito.

    Então?

    Ia ter com o Domingos, que amizade, porra. Como o Baía não estava a jogar no Barcelona [titular Hesp, suplente Busquets], lá o víamos de vez em quando. Tínhamos grandes avançados no Tenerife, além do Domingos. Era o Kodro mais o Makaay.

    O Domingos foi treinado por Artur Jorge no FC Porto e depois nesse Tenerife, quase dez anos depois. Já disse mais de uma vez que já era um Artur Jorge diferente, menos distante dos jogadores, mais macio, vá.

    É verdade, sim. O Artur Jorge era um gajo do c******. Fomos embora depois de empatar 1:1 com o Barcelona do Van Gaal [golos de Rivaldo e Jokanovic].

    E vejo aqui que foram para a Arábia Saudita.

    Primeiro Al Nasr, depois Al Hilal, na época seguinte. Uns anos depois, voltámos para o Al Nasr.

    Beeeem, grande movida.

    Ó Rui, tivemos um azar daqueles. Na primeira aventura do Al Nasr, fomos a quatro finais e perdemos todas, duas nos penáltis, uma no prolongamento e outra no tempo regulamentar, depois de falhar um penálti no último minuto.

    Quem?

    Um brasileiro, já não me lembro quem.

    E que tal, Riade?

    A minha mulher esteve lá mês e meio, voltou logo para Portugal. Tinha de andar toda coberta, não dava para continuar a viver assim.

    Viviam onde?

    Nós, numa espécie de complexo militar. Tínhamos de apresentar o passaporte à entrada e à saída, era tramado.

    E o Artur Jorge também vivia aí?

    Nããããão, o Artur Jorge vivia num compound. A sua mulher acompanhou-o no primeiro ano, depois houve um ataque terrorista e ela foi-se embora.

    Ataque terrorista?

    É verdade, ó Rui. Ainda morreu muita gente, inclusive amigos da mulher do Artur Jorge.

    Porra.

    Foi violento, sim.

    E a seguir?

    Al Hilal. Fomos campeões.

    Campeões? Não vejo isso em lado nenhum.

    Ah mas fomos, fomos.

    Então e pode explicar?

    Claro. Fomos campeões a duas jornadas do fim e, depois, o dono do clube pediu ao Artur Jorge para meter um jogador suplente nos jogos em falta. O Artur Jorge negou-se, foi despedido, fomos despedidos, e o treinador até final do campeonato foi obviamente outro.

    Nããããããão.

    Não, sim. Nisso, o Artur era tramado. Inflexível. Não deixava ninguém interferir no seu trabalho. Se interferisse, adeus. Isso também aconteceu no CSKA Moscovo.

    Em 2003.

    Isso. A nossa vida lá era uma maravilha. Carro novo em folha, apartamento a sete estações de metro da Praça Vermelha, clube com umas condições espantosas, majestosas.

    Lembro-me bem da estreia, telefonei ao Artur Jorge do jornal Record.

    Ganhámos a Supertaça russa [3:1 ao Spartak, após prolongamento].

    Vou ver aqui a equipa. Eischhhhhh. Akinfeev.

    Fomos nós quem o lançámos, só tinha 18 anos.

    Irmãos Berezutski.

    Fantásticos, os dois.

    Zhirkov.

    Que ponta esquerda excelente.

    Semak.

    Outro grande da bola, é hoje treinador do Zenit, não é?

    Boa pergunta, não sei.

    É, é. E ainda tínhamos os brasileiros Daniel Carvalho e Vágner Love. Ó Rui, essa equipa ganha a Taça UEFA aqui ao Sporting daí a dois anos, em 2005.

    Só que.

    Só que era como na Arábia e metiam-se muito no trabalho do treinador. O presidente do CSKA dava-se muito bem com um empresário chamado Roman Abramovich.

    O Roman Abramovich?

    Esse mesmo, o gajo estava sempre ao lado do presidente do CSKA e o Artur Jorge detestava-o simplesmente. Há um dia em que o CSKA ganha e o Abramovich aparece no balneário da equipa depois do jogo, juntamente com o presidente do CSKA. O Artur Jorge deixa o Roman de mão estendida. Aquilo foi um mal-estar. Nessa noite, telefonema para casa do Artur e adeus. O Rui há-de ver, fomos embora na sequência de uma vitória [bate certo, sim senhor, 3:0 vs Amkar Perm].

    Porra.

    O Artur era tramado, tramado. Mas foi uma pena isso do CSKA. Eles pagavam à hora certa, parecia um relógio.

    E na Arábia, não?

    Na Arábia? Às vezes, ficávamos dois meses sem receber. E, depois, toma lá tudo de uma vez.

    Camarões?

    [Raul Águas ri-se] Mais uma.

    Então?

    Chegámos lá à falta de cinco jogos para o fim da qualificação do Mundial-2006. Ganhámos quatro e empatámos o último, em casa, com o Egipto.

    E?

    Não fomos.

    Quem foi, então?

    Costa do Marfim.

    Como?

    [Raul Águas volta a rir-se em tom fatal] Rui, ganhámos 3:2 na Costa do Marfim, hat-trick do Webó. No último dia, só era preciso imitar o resultado da Costa do Marfim. Marcámos primeiro, pelo Douala do Sporting. Bom jogador, muito bom. O Egipto, que tinha uma equipa do caraças, empata já na segunda parte. A cinco minutos do fim, já a Costa do Marfim tinha a vitória certa, um adjunto do Egipto veio ao nosso banco e disse que ia entregar o jogo.

    Porquê?

    O Egipto também sonhava com o Mundial, mas só se a Costa do Marfim perdesse nesse dia. Como já estava 3:1, acho, o Egipto baixou os braços e preferia que fossemos nós a eles, da Costa do Marfim.

    Nãããão.

    Não, sim. Isso aconteceu mesmo, o adjunto foi lá ao banco e entregou-nos o jogo. Aos 90 e tal, penálti. Ó Rui, veja lá as imagens e fale-me daquele penálti.

    Ó meu amigo [imagens da Eurosport, comentários em alemão, siiiiga]

    [no lance do penálti] já viu isto, ó Rui? Brincadeira.

    E agora?

    Falhámos o penálti.

    Nããããããão.

    Não, sim.

    Se fosse golo, Camarões ia ao Mundial. Vocês iam ao Mundial.

    Pois íamos. Ficámos em casa.

    Quem falhou, Eto’o?

    Não quis marcar.

    Está a brincar?

    Não estou, não. Ele estava em campo e recusou-se a bater o penálti. Foi o Womé, lateral-esquerdo do Inter, Grande jogador, hã? Grande. E batia bem os penáltis. E aquele penálti, era só meter a bola na baliza. Sem força nem colocação, bastava para o meio. No banco do Egipto, os gajos a dizer ao guarda-redes para deixar entrar.

    E?

    Foi ao poste e a bola saiu. Logo aí, o árbitro acabou o jogo.

    Caramba.

    Caramba é isto, ó Rui. Na véspera, durante o treino, sou eu quem apito um concurso de penáltis entre Eto’o e Womé. Mas apostas altas e pagas no momento: mil euros para o vencedor.

    E o Raul estava lá?

    Fui quem apitei os penáltis todos, foram mais de 20.

    Como?

    O concurso só acabava quando o primeiro falhasse.

    E durou esse tempo todo?

    Todo. Eto’o, golo. Womé, golo. Eto’o, golo. Womé, golo. Às tantas, já nem sei quando, Eto’o falha e Womé golo. E, atenção, todos os penáltis do Womé para o lado esquerdo dele. Tau tau tau tau, mais de 10 seguidos. Você sabe o lado da bola do Womé no penálti com o Egipto? Para o lado direito. Agora explique-me.

    Euuuuuu? Está bem está.

    Sabe o que fizeram à casa do Womé? Pegaram fogo. Coitado do rapaz.

    E depois, a vossa vida nos Camarões?

    Ainda fomos à CAN.

    A sério? Espectáculo.

    CAN no Egipto. Três vitórias na fase de grupos, sete golos marcados. O Eto’o marcou três à Angola. Nos ¼, vamos a penáltis com a Costa do Marfim. Maratona de penáltis, uns 20 e tal [24]. Marcam todos, até os guarda-redes. Na segunda série de jogadores, adivinhe lá quem falha?

    Womé?

    Porra, coitado do rapaz. Não.

    Eto’o?

    Acredite, é verdade. É do caraças.

    Mas o Eto’o costumava ser tão bom nos momentos decisivos por Maiorca, Barcelona e Inter.

    Mas a camisola da selecção pesa. E aquela selecção em particular era espantosa. Havia jogadores fantásticos, umas jóias de pessoa. O Douala, por exemplo. O Meyong, outro exemplo. O Geremi, que era primo do Womé.

    Só nomes bons, sim.

    As equipas do Artur Jorge sempre tiveram grandes nomes. Até na Arábia Saudita, tanto Al Nassr como Al Hilal. Aliás, tive o prazer de treinar o guarda-redes da selecção saudita, o Al-Deayea. A mão dele dá duas da minha.

    [Raul Águas ri-se com vontade]

    Estou a lembrar-me de um jogo que fizemos com o Peseiro.

    O Peseiro?

    O Peseiro era o seleccionador da Arábia Saudita [falhou apuramento para Mundial-2010 no último minuto] e, um dia, marcámos um jogo entre nós, da equipa técnica.

    Ah, adjuntos, preparadores físicos e tal?

    Exacto, nem mais. Fui lá e saí num instante.

    Então?

    Porra, o Peseiro? O gajo não gostava nada de perder e naquela idade já não tenho paciência para isso. Na verdade, nunca tive. Aliás, nem gostava de jogar futebol por aí além.

    Quando era jogador?

    Sim, sim.

    Não gostava de jogar?

    Nunca gostei, não era um gajo que gostasse daquilo. Tinha jeito, sim. Preferia ver jogar a jogar. Tanto agora como quando tinha 15/16 anos.

    E o que via?

    Fui ao Jamor para ver a final da Taça dos Campeões 1967, entre Celtic e Inter.

    Nããããão.

    Não, sim. Fui e adorei o ambiente criado pelos adeptos escoceses.

    E mais?

    Vi o 5:1 do Manchester United ao Benfica na Luz. Que noite do George Best, o Best era demais, demais, demais. E também vi o 5:2 do Santos ao Benfica na Luz. O Santos, porra: Mengálvio, Durval, Pelé, Coutinho e Pepe. Lembro-me sempre, nunca me esquecerei. Era benfiquista, mas, porra, os outros jogavam um outro futebol.

    [já estamos a caminho da estação ferroviária de Setúbal]

    O Artur Jorge foi o melhor gajo que apanhei.

    [passamos pela estátua do Jacinto João e Raul lembra-se d’O Maior]

    O Vítor Baptista dizia-me ‘ó Raul, o teu patrão tem mais de mil livros na cabeça’.

    Eischhhh, o Vítor.

    Jogámos juntos na selecção portuguesa sub18, com a Espanha, perdemos 3:1 em Málaga, ganhámos 1:0 no Restelo.

    [Raul ri-se]

    Uma vez, o Vítor pediu-me dinheiro e dei-lhe cinco contos. O Tomé [companheiro de Vítor no Vitória FC] viu a cena e avisou-me ‘estás tramado, o gajo agora não te larga’ e é verdade, nunca mais me largou. Mal o via, fugia dele. Um belo dia, descobriu onde eu morava e foi bater-me à porta do apartamento. Fingi que não estava. Para quê? Uns dias depois, topou-me numa bomba de gasolina e ele ‘então o nosso mestre?’ Contava essas histórias ao Artur Jorge e o que ele se ria com isso. O Vítor não tinha cabeça, entregou-se muito cedo à droga.

    [Raul continua a rir-se]

    Vivi 12 anos com o Artur Jorge e acredita que nunca paguei nada? Nem eu nem os adjuntos. Sempre que jantávamos juntos, nunca paguei nada. Era sempre ele. E ai de quem se quisesse antecipar. Uma coisa engraçada.

    Qual?

    Quando estávamos em Portugal, sem clube ou selecção, o Artur vinha cá almoçar comigo de 15 em 15 dias. Nunca me esquecerei de um almoço em que ele me disse ‘ó Raul, vou dizer-te uma coisa muito pessoal: a minha filha tem um tumor cerebral, não há hipótese de salvação, não digas a ninguém.’ Contou-me então que tinha levado a filha a um especialista em Paris e, depois, a um outro nos EUA. Nada feito, a filha estava mesmo perto do fim [Francisca morre no dia de Natal em 2014, aos 22 anos de idade]. São coisas que mexem connosco. O que ele sofreu, caramba.

    [Raul olha em frente, dá-me um toque nas costas e arrebita]

    Nunca ouvi o Artur Jorge dizer mal de alguém, nunca. Nem uma asneira. Nunca o ouvi dizer ‘aquele filho da put*’ ou ‘aquele cabrão’.

    E nos jogos?

    Era descontraído e calmo. Com excepções, sim. Aquele 2:0 do Benfica nas Antas, por exemplo [bis de César Brito]. Sabe de quem é que ele gostava mais? Do Futre. Adorava-o. Mas, ó Rui, adorava-o mesmo. Passava almoços e jantares a falar de histórias dele.

    Quais histórias?

    De atrasos aos treinos, de adormecer dentro dos autocarros. Um dia, o Artur Jorge ficou à espera dele para começar o treino do FC Porto e o Futre só apareceu às onze-e-tal da manhã. Toda a gente à espera dele, no relvado. O Artur recebeu-o e disse-lhe ‘agora sim, vamos começar, vai lá ter com a tua malta’. Bem, o Artur diz que o Futre apanhou tanto quando lá chegou, ahahahah. Também há a história de adormecer no autocarro entre o hotel e o treino em torneios internacionais, como o Mundialito, em Milão. De repente, o treino começa e onde está o Futre? Fechado no autocarro, a dormir. Que figura.

    A vossa última aventura é na Argélia.

    Isso, MC Alger.

    E que tal?

    Comecei aí a notar os primeiros indícios do Artur Jorge. Esquecia-se de coisas de um momento para o outro. Foi o Valdo quem começou a dar os treinos e a orientar a equipa nos jogos. Ao fim de um tempo, ele e eu viemos da Argélia para Portugal. O Valdo ficou lá, juntamente com o Matos [treinador de guarda-redes].

    E depois?

    Tentei falar com ele, mas já não consegui. A mulher dele resguardou-o. E bem, claro, o seu estado não aconselhava a visitas nem a telefonemas.

    *passa-se um dia, e mais um; ao terceiro, Raul liga-me só para dizer o nome do tal preparador físico do Vitória FC no tempo de Yekini: “é o Fidalgo Antunes”

    Portugal
    Artur Jorge
    NomeArtur Jorge Braga de Melo Teixeira
    Nascimento1946-02-13
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    FunçãoTreinador

    Fotografias(5)

    Comentários

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    motivo:
    Raul Àguas
    2024-03-06 18h55m por moumu
    Relembro os bons serviços que prestou no BFC, pro vezes num ambiente de hostilidade que se vivia no futebol português.
    Parabéns ao Rui Tovar
    2024-03-06 17h11m por Manita
    por podermos conhecer estes personagens importantes da história do nosso futebol.
    PE
    Grandes
    2024-03-05 21h08m por Perolasatrotes
    O Rui Miguel Tovar é a melhor contratação que o ZZ poderia ter tido. O homem que mais me dá gosto ver ou ouvir a falar sobre futebol.

    Parabéns ao entrevistador e ao entrevistado.

    Saudações avenses
    Parabéns!
    2024-03-05 17h55m por jms
    Belíssima entrevista!
    Também é possível escrever em bom português aqui.
    RMT
    2024-03-05 15h49m por Goncalo_92
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