«O futebol não se faz só com bola no pé»: como se comportou Nakajima a jogar como vagabundo

O início de aventura de Shoya Nakajima no Estádio do Dragão não está a ser propriamente um mar de rosas. O extremo não é titular indiscutível, poucas vezes figura no onze, mesmo, e não parece ainda ter entrado na engrenagem do FC Porto de Sérgio Conceição. Um processo que já dura há uns meses e que promete continuar por mais algum tempo, pelo menos. 

Foi, por isso, surpreedente a titularidade do japonês no regresso azul e branco ao campeonato, fechado que ficou o apuramento europeu. Ainda por cima para jogar numa posição que poucas vezes tem experimentado e que muda o coração da organização ofensiva do FC Porto. 

Liberdade foi palavra de ordem

Habituado a ter dois avançados praticamente em cunha, que saibam jogar em profundidade e em apoio, Sérgio Conceição acabou por dar a Shoya Nakajima um papel distinto, mais livre, mais aberto à criaitvidade, menos rígido para um jogador que pôde percorrer várias zonas do campo entre o duplo pivot e Tiquinho Soares. 

Os recuos para tabelar com os colegas acabaram por ser importantes na forma como o FC Porto fintou a organização tondelense durante os primeiros 45 minutos. Tabelas simples e eficazes, como a do lance do primeiro golo, feitas, em muitas ocasiões, numa zona recuada, de construção. Também por isso o japonês acabou sem qualquer oportunidade verdadeiramente criada. Mas que ajudou à festa...

Tendo ainda mais espaço no segundo tempo, na sequência da subida no terreno por parte do adversário, Nakajima foi ainda capaz de brilhar no regresso à função de ala esquerdo. Já com Fábio Silva a fazer companhia a Tiquinho na frente, e com um Dragão claramente a assaltar a baliza de Cláudio Ramos em busca do quarto, o japonês assistiu de forma brilhante Alex Telles para mais uma oportunidade do brasileiro. Um passe que ficou na retina que fechou com chave de ouro uma exibição que teve lampejos de craque. 

Já na pré época, na apreciação individual à estreia do jogador com a camisola portista, o zerozero destacou a tendência para Nakajima pisar terrenos muito mais incertos do que um extremo tradicional. Na teoria (e na prática) funciona melhor num papel livre, sem grandes constrangimentos de movimentação. 

Sérgio Conceição, que chegou a repreender o atleta em público, num final de jogo muito quentinho em Portimão, deixou elogios ao seu pupilo no final, lembrando, ainda assim, que o futebol não é só bola no pé. O processo de adaptação de Nakajima segue dentro de momentos...