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    Euro 1980

    Euro 1980: Fiabilidade germânica

    Texto por João Pedro Silveira
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    Assassinatos, boicotes, guerras, inovações tecnológicas: bem-vindos aos anos oitenta!

    Com os anos oitenta ao virar da esquina, 1980 ficou marcado pela eleição de Reagan e pelo assassinato de John Lennon, baleado pelas costas à entrada do seu apartamento no Dakota Building em Nova Iorque.
     
    Mais a sul, em Atlanta, nascia a CNN, o primeiro canal de notícias 24 horas por dia e foi também o ano em que Darth Vadder ensombrou os ecrãs no «Império Contra Ataca», enquanto o Iraque de Saddam Hussein invadia o Irão, iniciando o longo conflito que deixaria marcar na geopolítica do Médio Oriente.
     
    No palco desportivo, a «Guerra Fria» atingia um novo patamar com os E.U.A. a liderarem o maior boicote de sempre aos Jogos Olímpicos, que esse ano se realizavam em Moscovo, protestando assim contra a invasão soviética do Afeganistão.
     
    Ainda a leste, na Polónia, o sindicalista Lech Wałęsa e o «solidariedade» paravam os estaleiros de Gdansk com protestos, fazendo tremer os alicerces do regime comunista de Varsóvia.
     
    Do Japão chegavam o primeiro fax, as primeiras câmeras de vídeos pessoais e um bonequinho amarelo com uma boca enorme que comia todas as pastilhas do ecrã: Pakkuman, mais conhecido no ocidente por Pac-Man.
     
    Todos a caminho de Itália
     
    A capital italiana foi o palco principal da competição e, o seu Estádio Olímpico recebeu o jogo de abertura, além da grande final.
    Pela primeira vez a fase final passou a ser disputada por oito equipas, com a UEFA a atribuir a organização à Itália, que assim ficou isenta de participar na qualificação e, pode assistir confortavelmente à caminhada das outras sete seleções.
     
    Entre as presenças confirmadas na solarenga Itália, contavam-se a RFA e a Inglaterra, vencedoras dos seus grupos sem dificuldade alguma, ao ponto de não conhecerem o sabor da derrota.
     
    Quem também terminou a qualificação invicta foi a pequena Bélgica, mas os «diabos vermelhos» tiveram que suar para superar a forte oposição austríaca, num grupo onde Portugal voltou a desiludir.
     
    Os checoslovacos, campeões em título, os Espanhóis e os holandeses, levaram de vencida respectivamente: franceses, jugoslavos e polacos, sendo a última vaga ocupada pela surpreendente Grécia, estreante em fases finais e vencedora de um grupo onde todo o favoritismo pendia para soviéticos e húngaros.
     
    Grupo A: uma final revisitada
     
    Roma, Nápoles, Milão e Turim foram os palcos do segundo Campeonato da Europa a ter lugar em Itália. Oito equipas divididas por dois grupos, com apenas o vencedor de cada um a qualificar-se diretamente para a final.
     
    Por obra do sorteio, os dois finalistas do Euro 76 calharam no mesmo grupo, juntamente com a vice-campeã do mundo Holanda e a clara outsider Grécia.
    A 11 de Junho, as duas equipas que tinham fechado o anterior campeonato davam o pontapé de saída do Euro 1980 e desta vez a Alemanha Federal levou a melhor, vingando-se da derrota de Belgrado.
     
    R.F.A. 3x2 Holanda: uma final antecipada que os alemães ocidentais venceram e ficaram a um ponto da final.
    No segundo jogo do grupo, numa verdadeira final antecipada, os alemães ocidentais bateram os holandeses por 3x2 dando um passo de gigante para a final.
     
    Na última jornada o empate entre checoslovacos e holandeses e abriu o caminho para um jogo descansado por parte da já apurada R.F.A. contra os gregos, que contavam por derrotas todos os jogos até aí disputados.
    Sem nada a perder, os helénicos levaram a cargo uma completa revolução, forçando os alemães ocidentais ao empate e, estando muito perto inclusive da vitória quando a vinte minutos do fim o poste devolveu o tiro de Ardizoglu.
     
    Grupo B de Bélgica
     
    No grupo B a Itália, apesar do apoio dos seus adeptos, entrou na prova desiludind, com um pobre empate a zero com a Espanha, enquanto por sua vez no outro jogo da jornada, belgas e ingleses empatavam a 1x1, baralhando por completo as contas do agrupamento. Três dias depois os belgas venceram a Espanha enquanto a Itália bateu os britânicos com um golo solitário de Tardelli.
     
    Schuster em acção na final contra a Bélgica.
    À entrada para a última jornada as contas eram fáceis de fazer: ou a Itália vencia, ou a Bélgica seguia em frente. O Estádio Olímpico de Roma encheu-se para um jogo em que o tacticismo belga se superiorizou ao ataque italiano. Quando o português Garrido apitou para o final, a Bélgica festejava o feito de jogar pela primeira vez a final de uma grande competição.
     
    A final de Roma
     
    Depois dos checoslovacos terem ganho a medalha de bronze à Itália na lotaria dos penáltis, chegou-se à grande final na «Cidade Eterna». 
    Apesar de  um golo madrugador de Hrubesch, os belgas nunca baixaram os braços e acabariam por chegar ao empate a quinze minutos do fim, após uma grande penalidade apontada por Vandereycken. 
     
    Pela segunda vez a R.F.A. erguia a Taça Henri Delaunay.
    Tudo apontava para um prolongamento quando a dois minutos do fim, Hrubesch voltou a marcar um golo e a deitar o sonho dos belgas por terra.
    Apenas oito anos depois da final de Bruxelas e, quatro anos depois da derrota em Belgrado, a R.F.A. voltava a coroar-se "Rainha" da Europa.

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