Taremi e Paulinho mereciam o trono, mas Nuno Santos...

Se puder, caro leitor, veja o golo deste rapaz. Se puder, veja todo este jogo. E, ao ver um dos jogos mais emocionantes da época, aprecie toda a qualidade demonstrada pelo camisola 11 do Rio Ave, que encheu o campo e que foi o grande impulsionador da reviravolta na primeira parte, com um golaço e duas assistências plenas de convicção e qualidade. É por jogos destes que não se perspetiva que fique muito tempo em Vila do Conde.

Taremi é das melhores coisas que este campeonato teve e este jogo foi mais uma demonstração disso. A forma como batalhou entre os dois defesas do SC Braga, de quem fugiu vezes sem conta da marcação, e a capacidade inata que tem na finalização fazem dele um dos destaques deste jogo. Carmo tirou-lhe o golo inaugural em cima da linha, mas o iraniano foi até ao fim e saiu com dois golos e mais valorização.

Este SC Braga não pode ser só Paulinho e não o é, mas quase. O avançado jogou no seu estilo, combativo e irrequieto, sempre à procura de uma brecha para poder fazer a diferença. Numa equipa que criou muito poucas oportunidades, Paulinho demonstrou que com pouco se faz muito. Dois golos nos dois momentos de finalização que teve, mas que não foram acompanhados pela mesma eficácia no setor defensivo dos minhotos.

Tinha sido decisivo em Setúbal e Carlos Carvalhal deu-lhe a justa titularidade. O angolano respondeu com qualidade e completou um trio mortífero na frente de ataque, tendo estado no cruzamento para o golo de Nuno Santos e finalizado, logo depois, a reviravolta para 3x2. Vagabundo pelo ataque, percebe-se que não é um jogador de flanco e que procura posições interiores. E como pode isso ser mau quando há Nuno Santos do outro lado?

Que o central estava cada vez mais habituado à vida de lateral, já poucas dúvidas existiam, mas dele costuma-se esperar maior coesão defensiva e, por vezes, uma linha de três com os centrais. Porém, neste jogo, e tendo em conta a ausência de Sequeira que obrigava a mudanças no lado esquerdo da defesa bracarense, foi mais ofensivo do que o habitual e esteve muito bem, a tabelar e a explorar a profundidade, num lado em que Dala procurava o meio. Ofensivamente, mostrou uma face muito interessante, defensivamente não comprometeu.

Depois de jogar ao lado de Paulinho no dérbi, voltou ao lado esquerdo do ataque nesta partida e é aí que mais rende. Ganhou bem a falta para o golo que concretizou de livre direto, de forma espetacular, já depois de ter participado ativamente no primeiro golo, isto numa primeira parte em que a sua equipa procurou os contra-ataques, a sua especialidade. Apagou-se um pouco na segunda parte, já sem tanto espaço (nem fulgor) para as suas arrancadas.

Entrou nos últimos minutos para ajudar uma defesa que já tinha metido água e continuava a ameaçar repeti-lo e eis que, num desses lances, o central ficou com a face mais visível do erro, num lance em que, não sendo 100% certa a infração, Rolando arriscou em demasia, sendo expulso em apenas quatro minutos. Representa um desnorte global e coletivo.

Trocadilho fácil, bem sabemos, mas que ajuda a exemplificar o que foi a exibição de Pedro Amador, o jovem que previsivelmente Custódio lançou na vaga deixada em aberto pelo lesionado Sequeira. Sem o fulgor do habitual titular, o jovem tem ainda muito que crescer, e Carlos Carvalhal percebeu que podia ser por ali a criação de desequilíbrio. Amador tem uma notória tendência ofensiva, só que as debilidades nas costas são muitas e rapidamente levou com «dois-um» dos adversários. Palhinha foi tentando fazer as compensações, mas acabou por, assim, descompensar o meio. E tudo ruiu...

A primeira parte do médio do Rio Ave foi um desastre e, mesmo tendo melhorado na segunda, não deixa de se justificar a sua presença aqui. Falamos de uma forma geral, mas com especial incidência nos dois primeiros golos do SC Braga: primeiro, perdeu a bola e permitiu o contra-ataque; depois, fez uma falta desnecessária, quando o adversário estava a ir no sentido contrário à sua baliza.