Francisco Neto: «Não nos esquecemos que neste momento somos a equipa de Pote 4»

O selecionador nacional feminino Francisco Neto revelou, esta quinta-feira ao início da tarde, a lista de convocadas para a dupla jornada da Liga das Nações, agendada para o fim do mês, frente à Áustria. O técnico luso abordou diversos temas, como a estreia de Maria Miller, a ausência de Carole Costa e olhou ainda a fundo para as austríacas, que Portugal vai defrontar duas vezes.

Estreia de Maria Miller: «Temos vindo a acompanhar a Maria Miller há muito tempo. É uma jogadora que faz parte da nossa estrutura desta as seleções de base. Tem feito o percurso Sub-23, algo muito importante. Está a ter os seus minutos no clube e tem muita versatibilidade, podendo jogar a defesa central ou médio. Iremos olhar para ela para essas posições. Faz todo o sentido trazê-la para a ver, por tudo o que tem nos clubes e seleções jovens

Ausência de Carole Costa: «Sabemos que o departamento médico disse que a Carole Costa não estava apta para os nossos timing. Mais do que isso não sei e o clube saberá melhor»

Antevisão à Áustria: «A Áustria é uma seleção muito competitiva, que tem no seu conjunto poucas a disputar o campeonato interno e muitas a disputar os melhores campeonatos da Europa, na Alemanha, Inglaterra, Itália, algumas nos EUA. Uma equipa que tem no seu núcleo muita estabilidade, tem estado nas fases finais ou lutado para lá estar. Uma equipa com um processo próximo do que nós temos feito e que mostraram muita competitividade no jogo contra a Noruega e contra a França. São muitos competitivos e vai ser até ao último minuto. Temos que estar ao nosso melhor nível para conquistar o que nós queremos, os nossos pontos»

Como colmatar ausência de Carole: «É inegável que falamos das jogadoras que mais minutos tem na seleção nacional [Carole Costa] e no seu clube, mesmo como jogadora na Europa. Facilmente percebemos a sua importância no espaço de seleção e clube. Para nós é sempre uma perda grande. No entanto, temos vindo a preparar jogadoras ao longo dos últimos anos, porque sabemos que todas hão de ter algum momento. Há outras jogadoras que temos vindo a preparar, tanto nas sub-23, como seleção A. Acreditamos que estarão prontas a substituí-la. O trabalho de seleção é muito isto»

Regressos: «A Mariana Azevedo está a jogar no clube, a ter o seu rendimento. Gostamos pelas suas características. Tem o seu espaço. Com a ausência da Carole Costa vimos a necessidade de observar outras jogadoras para esta posição. Sentimos que neste momento a Mariana está a ter um bom rendimento para esta convocatória. Está aqui pelo mérito dela no momento do clube. Quanto aos outros dois regressos [Jéssica Silva e Carolina Mendes], sempre dissemos que a seleção não é um espaço fechado. Muita gente falou do processo de renovação, mas não é isso. É o caminho orgânico do espaço de seleção, em função de vários fatores. São dois regressos importantes, de duas jogadoras que conhecem as nossas dinâmicas de jogo e internas»

Elogios da selecionadora austríaca: «Para nós, independentemente de onde os selecionadores adversários nos colocam, o que interessa é o que achamos de nós. Sentimos que pudemos competir nesta prova com todas as equipas e foi isso que fizemos, contra a França e Noruega, com resultados diferentes. A motivação de representar a seleção está sempre ao máximo, vamos sempre competir, seja qual for o adversário e é isso que temos que fazer nesta dupla jornada. Sendo contra o mesmo adversário, serão muito complicados.»

Pressão do crescimento: «Sentem o carinho e o que me parece é que dão uma resposta cada vez maior consoante o apoio do público. Sentiu-se isso nitidamente em Barcelos, com a Noruega, e o público puxou por elas, quando começámos a perder. Foi maravilhoso. Sentimos que é muito importante para darem resposta. Elas sentem que o reconhecimento é cada vez maior, sentem que criaram referências e que as são. Aproveito para dar o apuramento do Benfica para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Ontem estive no estádio e é maravilhoso ver tantas crianças a chamar o nome das nossas jogadoras, a pedirem camisolas. Este é muito do nosso trabalho enquanto Federação, criar referências. Só têm que se sentir confortáveis e confiantes.»

Áustria desvalorizada: «Internamente não. As jogadoras portuguesas têm noção do que é a Áustria. Não nos esquecemos que neste momento somos a equipa de Pote 4 e a Áustria equipa de pote 3. Não nos podemos esquecer, e é algo que se fala muito nosso crescimento no ranking, mas a Áustria já é equipa de 1ª divisão há mais tempo que nós. Temos que ter o máximo de respeito. Obviamente temos vontade de ganhar e o máximo de compromisso. O respeito não pode tornar-se medo. Ao nível internacional não há jogos fáceis. Tende-se a desvalorizar alguns resultados, em função do ranking ou a teoria dos jogos, mas não é fácil ganhar jogos internacionais, seja em que género for.»