Esta não é uma crónica patrocinada, até porque os tempos da sangria Don Simon, à venda nos supermercados próximos das zonas noturnas, já lá vão, mas o herói espanhol é homónimo desta bebida. Unai Simón, guarda-redes do Athletic, foi o herói da final da Liga das Nações, conquistada pela primeira vez pela seleção espanhola, ao defender dois penáltis depois do 0-0 durante 120 minutos.
Uma vez mais, esta geração croata cai numa final e continua sem títulos a nível sénior. Já a equipa espanhola, depois de algumas desilusões, vai passar o que resta da noite a beber sangria, provavelmente mais requintada do que aquela garrafa vermelha de Don Simon.
Croácia e Espanha são, nesta fase, duas seleções em processo de renovação, mas com processos diferentes, no futebol e na forma como essa revolução está a ser feita.
Nesta final ainda vimos alguns trintões a grande nível - Jordi Alba e Perisic fizeram uma bela partida -, mas não se pode dizer que tenha sido uma final tão bem jogada quanto isso.
As duas equipas lutaram pela posse e foram alternando nos períodos de melhor domínio. A maior objetividade croata deu mais frutos junto à área de Unai Simón, até porque os laterais não conseguiam responder aos constantes cruzamentos ao segundo poste para os atacantes croatas.
Apesar do maior envolvimento croata em zonas de perigo, a seleção espanhola, que até ameaçou primeiro por Morata e Gavi, conseguiu impôr o seu jogo a partir dos 60 minutos e por pouco não conseguiu resolver a partida no tempo regulamentar.
Mikel Merino e Ansu Fati entraram bem na partida e os dois construíram a jogada de maior perigo do conjunto espanhol durante 90 minutos. Em cima da linha de golo, Perisic evitou o 1-0 e manteve a tradição: quando há jogo a eliminar, a Croácia leva-o a prolongamento.
Enquanto houve energia no trio do meio-campo, a equipa croata conseguiu causar alguns calafrios à formação espanhola, já remendada na defesa, primeiro por causa da lesão de Le Normand e depois pelas queixas de Jesús Navas. Nacho, acabado de entrar, também não ficou bem tratado, mas não pode ser o herói esquecido desta final.
Habituado a um papel secundário ao longo da carreira, o defesa do Real Madrid tem também intervenção decisiva nesta partida, ao tirar o golo a Lovro Majer, isolado de forma inteligente por Kovacic.
Esse foi, de resto, o último suspiro croata. A partir daí, a equipa de Dalic só voltou a aproximar-se da área espanhola para os descontos do prolongamento, com dois cantos inofensivos para o sempre seguro Unai Simón. Por outro lado, a Espanha ameaçou e Rodri arriscou mais uma vez o estatuto de herói, com um remate de fora da área que assustou Livakovic.
O guardião do Dinamo Zagreb destacou-se no Mundial ao ser o herói croata nas grandes penalidades, mas desta vez o herói tinha nome de sangria.
Unai defendeu os remates de Majer e Petkovic, Carvajal converteu o penálti decisivo e a equipa espanhola volta a conquistar um título, 11 anos após o Euro 2012. Abram lá essa garrafa de Don Simon (e que não seja o último jogo de Modric pela seleção croata)!
Não foi o melhor jogo de Luka Modric, mas as partidas de Jordi Alba e Perisic, pela idade, e de Brozovic, pela qualidade, merecem ser destacadas. Coletivamente não foi uma final brilhante, mas individualmente estiveram a grande nível.
O estilo é o habitual, mas o desgaste da equipa espanhola pedia um pouco mais de risco à formação croata. Dalic mexeu tarde, não esgotou as substituições e no prolongamento, exceção feita ao laance de Majer, a Croácia ficou a ver jogar.
Bela gestão da equipa de arbitragem comandada por Felix Zwayer, tanto na questão dos cartões, como nas faltas assinaladas. Manteve sempre o critério.