Há fenómenos estranhos no futebol. Na semana passada o Rio Ave criou muito e perdeu; nos Açores, não criou assim tanto e ganhou, com alguma felicidade pelo meio. Piazón foi o herói de serviço num jogo competitivo e claramente infeliz para João Henriques.
O jogo nos Açores até começou praticamente com uma defesa para a fotografia de Pawel Kieszek, depois de uma finalização acrobática de Carlos Jr, mas o Rio Ave de Carvalhal demorou pouco tempo para mostrar que a estratégia passava para dominar e por ditar a lei do jogo.
Taremi, num momento de inspiração individual, num chapéu que só surpreendeu quem não estava preparado para a qualidade do jogador iraniano, esteve a centímetros de inaugurar o marcador e o conjunto vilacondense aproveitou o momento para ir para cima do adversário. Boa circulação de bola, laterais projetados - Monte esteve mais ativo do que é habitual no ataque - e uma definição que nem sempre esteve no ponto.
Aos poucos, o Santa Clara começou a perceber a forma de atacar do Rio Ave. As transições rápidas foram o mote, mas quando o árbitro apitou para o intervalo já os açorianos conseguiam dividir no meio campo contrário. Thiago Santana ameaçou e Carvalhal já saiu mais desconfiado para o intervalo.
Terminado o descanso, os visitantes quiseram repetir a dose. O Santa Clara não arranjou antídoto e, desta vez, houve mesmo golo junto à baliza de Marco. Piazón, que já tinha estado bem durante os primeiros 45 minutos, mostrou dotes na finalização e a equipa mais criativa inaugurou com justiça o marcador.
Em desvantagem, os açorianos foram para cima...a sério. A entrada do estreante Costinha ajudou muito, pois o reforço de inverno veio dar muita criatividade e clarividência ao último terço, e a bola só não entrou por manifesta infelicidade e por um guardião vilacondense que valeu mesmo pontos na visita à ilha.
A luta açoriana durou mesmo até ao final e as dificuldades de gestão do Rio Ave foram muitas até ao apito final de João Pinheiro, mas o futebol tem destas coisas. Carvalhal teve de lidar com desfechos algo cruéis nas últimas semanas, antes da felicidade aparecer em São Miguel.
O jogo esteve aberto até ao final e ficou sempre a dúvida se o Rio Ave era capaz de segurar a vantagem. O Santa Clara pressionou e merecia mais sorte.
Já não é o primeiro jogo em que o Rio Ave recua demasiado no terreno e não consegue controlar o jogo com bola. Nos Açores, os comandados de Carvalhal criaram demasiado pouco após o golo de Piazón.
Arbitragem equilibrada de João Pinheiro. Não cometeu erros graves e esteve bem no capítulo disciplinar.