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      Deco: O Mágico

      Texto por Vasco Sousa
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      Anderson Luiz de Souza, conhecido no mundo do futebol por Deco, foi um dos melhores jogadores que passou pelo futebol português, com uma carreira marcante na primeira década do Séc. XXI.

      Nascido em São Bernardo do Campo, pertencente ao estado de São Paulo, o futebol entrou bem cedo na sua vida. Depois de passar por vários clubes paulistas, chegou ao gigante Corinthians, clube pelo qual se estreou no futebol profissional, com 18 anos. Rumou depois para Alagoas, onde representou o CSA, assinando depois pelo Corinthians Alagoano, clube conhecido na altura por contratar jovens talentos e vendê-los para o futebol europeu.

      A chegada a Portugal

      Foi assim que Deco chegou a Portugal. Recebeu uma proposta do Benfica, mas uma vez chegado ao país, a realidade foi bem diferente. Não teve oportunidade de alinhar na equipa principal, foi dispensado e rumou ao Alverca, na altura um clube satélite dos encarnados e que alinhava na segunda divisão.

      Deco sentiu-se injustiçado, por considerar que merecia uma oportunidade na equipa principal do Benfica, passando esse sentimento de injustiça para o campo. Fez, em 1997/98, uma excelente temporada ao serviço do Alverca, ajudando o clube ribatejano a chegar ao primeiro escalão pela primeira vez na história. Numa equipa bastante jovem, Deco sobressaiu e marcou 12 golos.

      Do Vidal Pinheiro para as Antas

      O seu talento já chamava à atenção e acabou por rumar ao Salgueiros. Foi no clube portuense que se estreou na Primeira Liga e facilmente se impôs. Atento, o FC Porto acabou por o contratar a meio da época 1998/99. Deco fez, desde logo, parte da história dos portistas, ao ajudar na conquista do inédito pentacampeonato.

      No final da temporada, Zahovic abandonou o FC Porto e Deco passou a ter um papel ainda mais importante na equipa, assumindo o papel de médio ofensivo e criativo. Cumpriu esse papel na perfeição, com um enorme protagonismo, principalmente na Champions, onde marcou três golos. Nessa temporada começou a ter problemas físicos, que marcaram algumas fases da sua carreira. Deco foi gerido de forma especial pelo técnico portista Fernando Santos (um treinador que Deco já por mais do que uma vez afirmou ser decisivo na carreira) e acabou a época da melhor forma, ao apontar um golo ao Sporting na final da Taça de Portugal, que os portistas venceriam.

      Em 2000/01 viveu bons momentos individuais, terminando a temporada novamente com a conquista da Taça de Portugal. Em 2001/02, apontou 19 golos, o seu melhor registo da carreira, mas não conquistou nenhum título. Foi, ainda assim, nesta temporada, que encontrou José Mourinho, um dos treinadores mais marcantes para o criativo jogador.

      A afirmação internacional

      Com José Mourinho como treinador e com grandes jogadores como Vítor Baía, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Maniche, Alenitchev ou Derlei (e posteriormente McCarthy), o FC Porto viveu duas temporadas de sonho. Em 2002/03, os portistas conquistaram todos os títulos possíveis, com Deco a ser a principal figura da equipa, com exibições de grande nível, como por exemplo na final da Taça UEFA, em que os azuis e brancos bateram o Celtic por 3x2 no prolongamento, com duas assistências do camisola 10.

      No final dessa época, especulou-se que Deco abandonaria o FC Porto mas o presidente Pinto da Costa convenceu-o a ficar mais uma época e assinar pelo clube que quisesse (Barcelona, o seu desejo), com um sonho: a conquista da Champions. Objetivo sonhado, objetivo cumprido: o FC Porto conquistou o título de campeão europeu pela segunda vez na história, com Deco a ser considerado o melhor jogador da competição e a marcar um golo na final frente ao Mónaco.

      Estava claro que o talento de Deco era grande de mais para o futebol português, e no final da temporada assinou pelo Barcelona

      A polémica naturalização

      Antes da chegada ao Barcelona, já Deco era internacional por Portugal, depois de obter a cidadania portuguesa em 2002. Quando se falou da sua possível convocatória para a Seleção, gerou-se polémica, com muito público e até jogadores a manifestarem-se contra esta decisão. Imune a todas as críticas e polémicas, Scolari, o treinador brasileiro que orientava a seleção portuguesa, convocou-o pela primeira vez em março de 2003.

      O destino tem destas coisas e quis que a estreia de Deco pela seleção fosse no Estádio das Antas (na altura o recinto do FC Porto) e frente ao Brasil, país de nascimento do jogador. Na noite chuvosa de 29 de março de 2003, Deco entrou na segunda parte para o lugar de Sérgio Conceição e, já perto do final, marcou o golo da vitória de Portugal por 2x1, de livre direto.

      As críticas que se ouviam antes da sua estreia acabaram aí e a carreira de Deco pela Seleção foi marcante: 75 internacionalizações, mais de sete anos com a camisola das quinas e com a participação em dois Mundiais e em dois Europeus.

      Barcelona, um sonho de criança

      Quando chegou à Catalunha, Deco era já um nome grande do futebol europeu, pelos títulos conquistados e pelos prémios que ia recebendo. Em 2004, foi segundo classificado na Bola de Ouro, atrás de Shevchenko.

      No Barcelona, Deco passou quatro temporadas, tornando-se um elemento fundamental para a equipa espanhola. Junto com grandes nomes como Puyol, Xavi, Iniesta, Larsson, Etoo, o jovem Messi ou o genial Ronaldinho, venceu a Champions em 2006, conquistando ainda dois títulos de campeão espanhol.

      Campeão, para não variar

      Em 2007/08, as suas exibições não foram tão positivas e a sua influência na manobra da equipa foi decrescendo e acabou por, no final da época, assinar pelo Chelsea, orientado por Scolari. Passou duas épocas em Londres, sagrando-se campeão em 2009/10.

      Voltou depois para o Brasil, conseguindo ser campeão nacional no quarto país diferente, ao serviço do Fluminense, clube onde terminou a carreira, numa passagem marcada por várias lesões e até um caso de doping.

      Em 2014, um ano depois de ter terminado a carreira, Deco foi homenageado no Estádio do Dragão, num duelo entre o “seu” FC Porto e o “seu” Barcelona. O estádio encheu-se e voltou a vibrar com a magia do seu futebol. E, ouviu-se mais uma vez o cântico criado pelos adeptos do FC Porto: “Ele é o número 10, finta com os dois pés. É melhor que o Pelé, é o Deco Allez Allez”.

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      Deco (POR)
      Deco (POR)

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