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    2019/08/04
    E0
    O "19:45" é um espaço de opinião do jornalista do zerozero Duarte Monteiro. À flor da relva e do coração, com os filtros puros do futebol.

    Ao discurso seguiu-se a ação, para que não sobrassem laivos de dúvidas. O Borussia Dortmund é candidato; ao título, à Taça, à caça. Os últimos dois meses foram de declaração de intenções para a nova época. As palavras da hierarquia nunca foram tão claras, tão claras como o investimento feito no plantel. Nico Schulz, Thorgan Hazard, Julian Brandt e... Mats Hummels. Mais de 100 milhões para declarar "guerra" ao Bayern de Munique. 

    As palavras leva-as o vento não raras vezes, mas não neste caso. O primeiro dia chegou para provar a validade da mudança estratégica, para passar da teoria à prática. E nada melhor do que poder fazê-lo frente ao principal causador dessa mudança. A Supertaça da Alemanha foi o primeiro sinal claro daquilo que a Bundesliga pode vir a ser. O Dortmund já não está para brincadeiras e o Bayern tem o trono ameaçado, mais do que nunca.

    A ironia da vitória da equipa de Lucien Favre sobre a de Niko Kovac está, porém, no facto de ter sido conseguida com base nos recursos que já existiam. Dos reforços, só Nico Schulz esteve em campo; todos os outros transitam da(s) época(s) anterior(es). Ou seja, a centena de milhões vem ajudar, mas é na reformatação da consciência competitiva que está a grande diferença deste Borussia Dortmund. 

    E dos transitários no plantel do vice-campeão há um que me encheu as medidas em particular: Raphael Guerreiro. Que o campeão da Europa por Portugal tem futebol da cabeça aos pés não é nenhum segredo de estado, mas a fragilidade do corpo tem-lhe roubado a grandeza à medida do seu talento. Este sábado, Guerreiro voltou em forma, robusto e confiante; e foi o melhor em campo, na minha opinião.

    É certo que Jadon Sancho marcou e assistiu, mas passou os primeiros 45 minutos eclipsado. Sobretudo nessa primeira parte, o futebol do Dortmund esteve sempre na posse de Guerreiro. Da esquerda para o meio, o português foi um peão omnipresente no jogo da equipa, sempre a oferecer-se como linha de passe e a saber o que fazer quando a bola lhe chegava aos pés. 

    O corolário dessa exibição foi o passe magistral, aos 69 minutos. Uma bola de trivela que lançou Sancho para o título formal de "Homem do Jogo" e que sublinhou uma noite em que a grandeza do talento teve correspondência na reação do corpo. Se se mantiver saudável, este Guerreiro é um dos homens da frente na declaração de "guerra" ao Bayern de Munique. 



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