Isto de andar a perseguir não tem grande ciência

Foi um dos momentos mais curiosos da conferência de imprensa de Sérgio Conceição antes do regresso à Liga Portuguesa. Perguntaram ao técnico do FC Porto acerca das mudanças da dupla de ataque, ele respondeu que não era cientista, que as decisões não se baseavam em experiências, apenas em trabalho. 

Na receção a um dos melhores visitantes do campeonato, os Dragões só terão um resultado possível em mente: a vitória. O Benfica já ganhou, já alargou a vantagem e isto de ser perseguidor não é propriamente algo complexo, muito menos confortável, especialmente numa prova algo desequilibrada como a portuguesa. Uma escorregadela, ainda que algo madrugadora, pode mesmo ser fatal. 

Confirmar fortaleza 

Habituado a aproveitar como poucos a pressão e o poder do Dragão, o FC Porto está a transformar a sua própria casa numa autêntica fortaleza, pelo menos no que à Liga diz respeito. Seis jogos, seis vitórias e, mais do que isso, nenhum golo sofrido. Uma bela receção a Marchesín, que fez esquecer (se é que isso é possível) com grandes defesas uma lenda das balizas como Casillas. 

Mas para que o rendimento volte a ser positivo alguns erros do passado recente não deverão ser repetidos. Belenenses SAD e Young Boys mostraram que ainda não há um Dragão pujante, muito menos espetacular, regular ou consistente. A forma como a segurança do apuramento europeu foi um pouco colocada em causa, também, diante dos suíços não abona em benefício de uma formação que tem de passar mensagens de força no momento em que o grande rival embala para boas exibições. 

Dragão precisou de suar na última quinta ©Catarina Morais / Kapta +

Ainda por cima, o último jogo de 2019 na Liga é também o último jogo da Liga antes de um clássico, perante o Sporting, num terreno que costuma ser maldito, mas Conceição mostrou-se completamente contra qualquer tipo de poupança. Marcano e Corona devem ser titulares, Díaz, com a exibição europeia, deverá ter guardado passagem para o onze e o poder físico de Loum será, à partida, substituído por um elemento mais criativo, Sérgio Oliveira ou Uribe, até porque se espera um adversário competitivo, mas não propriamente aberto no Dragão. 

Mandar em terreno alheio

Quatro vitórias, dois empates e apenas um único desaire, em Paços de Ferreira. Este conjunto de Natxo tem provado ao longo da Liga NOS que o fator casa não é tudo, bem pelo contrário. O Famalicão foi o último a sentir a matreirice de uma formação que se tem mostrado organizada, ambiciosa, maleável, pela forma como muda o sistema, e atrevida. 

Murillo, o herói do último triunfo fora de portas, é uma das setas apontadas à baliza contrária, tal como Xavier, o outro ala. Os laterais portistas projetam-se e podem surgir daí espaços fulcriais, sendo certo que a qualidade na zona nevrálgica do terreno é que tem feito verdadeiramente a diferença. João Pedro e Pepelu, dois esteios. 

Perseguir, num contexto tão exigente, não tem muito que se lhe diga, nem muito espaço para qualquer experimentação. É ganhar ou ganhar para o candidato ao título FC Porto.