Pressão lançada para Moreira de Cónegos. Num jogo em que o Marítimo ficou em desvantagem numérica aos oito minutos e assim assumiu uma estratégia ainda mais defensiva do que o previsto, o FC Porto demorou um pouco mais do que o esperado a desbloquear a questão, viu dois golos de Danilo serem anulados ao longo do jogo, mas resolveu com golos de Telles, Militão e Brahimi e só parou no primeiro lugar (à condição). A vida do FC Porto, nesta altura, é isto: ganhar e esperar que venham notícias favoráveis de outros campos. Mais uma vez, os dragões cumpriram a sua parte.
Ainda mal o árbitro tinha apitado para o arranque e já apontava para a marca de grande penalidade, por alegado toque com o braço de Nanú. Recorreu depois às imagens, como parecia obrigatório, voltou atrás na decisão, sendo que as tais imagens dão razão à decisão final. E o que se passou logo depois só exponenciou o que já se previa no que toca às dinâmicas deste jogo. Numa arrancada de Marega, Lucas Áfrico travou o maliano e teve ordem de expulsão, depois de nova consulta às imagens. Ainda íamos no minuto 8 e já eram onze contra dez. E o Marítimo, que já contara com mudanças de Petit no onze a pensar em conter os dragões (além das mudanças por problemas físicos), recuou ainda mais.
Os índices de posse de bola dos portistas não enganavam: só a equipa de Conceição pegava no jogo, só o FC Porto circulava a bola e subia no terreno, com o Marítimo a fazer pouco mais do que estar atento às falhas nos passes adversários. Muitos homens lá atrás, conscientes de que o tempo de jogo anda e não volta para trás. Lá foram adiando o que parecia inevitável. Só dava FC Porto na iniciativa, mas isso não significava golo, ainda que os portistas se tenham aproximado disso em ocasiões de Marega e quando viram Capela anular uma finalização de Danilo por fora-de-jogo do médio defensivo, já em cima do intervalo. Já lá vamos.
Com o mesmo onze dos dois jogos anteriores - ou seja, sem Brahimi, sem Óliver - Corona assumia, desta vez, o flanco direito. Perdiam-se as diagonais do mexicano a partir da faixa esquerda, que não tinha a criatividade habitual, via-se uma ala direita em que o 17 avançava para cruzar, não tanto para entrar na grande área. Com Militão a lateral-direito, Corona também não tinha tanta oportunidade de combinar e irromper pelo centro como com Telles. Conceição acabaria por retocar a equipa ao intervalo.
Marega esforçava-se como sempre em busca do golo, procurou oferecê-lo a Soares à passagem do quarto de hora, acertou na malha lateral aos 24' (ainda se gritou golo no Dragão) e obrigou Charles a mostrar-se aos 29' e já nos descontos da primeira parte, em dois de vários bons momentos do guardião brasileiro, sólido como tem sido hábito.
A fechar um primeiro tempo de muitas paragens por recurso ao vídeo-árbitro e por quedas frequentes de jogadores do Marítimo - que iam sendo alvo da ira dos adeptos portistas - houve Herrera a acertar no ferro e Danilo a encostar de cabeça em posição irregular, vendo o árbitro anular o lance. O golo portista esteve durante todo o primeiro tempo a pairar sobre o Dragão mas ia fugindo de uma ou outra forma.
Numa luta contra a frustração que a primeira parte causara, Conceição mexeu logo na equipa ao intervalo: tirou Pepe, lançou Manafá para a lateral-direita, fazendo Militão regressar à posição em que mais rende, no centro da defesa. Ganhava-se profundidade, e num contexto de jogo tão favorável ao FC Porto toda a profundidade, toda a capacidade ofensiva, era bem-vinda. Brahimi entraria também, mas só depois de inaugurado o marcador.
Ora com tanto vídeo ao longo do jogo foi também assim que surgiu o tal golo fugidio. Soares rematou, Gamboa desviou com a mão, a equipa de arbitragem concedeu o penálti e Alex Telles, que ainda há tão pouco tempo tinha feito o estádio explodir com o penálti contra a Roma, voltou a dar chama ao Dragão. Bola para um lado, Charles para o outro, marcador aberto, nervosismo portista serenado.
Conceição queria ainda mais, queria mais imprevisibilidade e virtuosismo, como os adeptos queriam, e por isso entrariam Brahimi e Óliver no segundo tempo. Pelo meio, um curioso golo aos 72' que deixou o jogo resolvido, face à incapacidade do Marítimo para reagir fosse como fosse. Num canto de Corona, apareceu Militão a cabecear, Marega pareceu fazer-se à bola e falhar por completo... acabando por ajudar, já que a bola ia na direção da baliza de Charles, que teve de a ir buscar ao fundo das redes mais uma vez.
Como no primeiro tempo, veríamos outro golo de Danilo ser anulado por fora-de-jogo, veríamos também Soares acertar no ferro, mas o triunfo do FC Porto já não estava de todo em causa e ainda houve tempo para Brahimi fechar o resultado nuns muito convincentes 3x0. Com maior ou menor dificuldade, com alguns momentos de apreensão pelo meio, o campeão nacional agarrou-se com toda a força ao topo enquanto espera pelo desfecho de domingo.