Foi preciso sofrer, até por ter demonstrado, mais uma vez, dificuldades no ataque organizado, mas o Benfica ultrapassou o difícil teste Rio Maior com sucesso e venceu o Casa Pia por 0-1. Contudo, os avisos foram dados e caso os Gansos tivessem sido mais eficazes na 1ª parte, a história podia ser outra...
Depois da qualificação para os quartos de final da Liga Europa, o Benfica virava atenções para o campeonato e Roger Schmidt nem no banco de suplentes deixava Kokçu, depois da sua polémica entrevista, mas a única mexida no onze titular era a presença de João Mário, no lugar que pertencia a David Neres. Já do lado do Casa Pia, o treinador Gonçalo Santos promovia três alterações em relação à derrota na Amadora, com as saídas de Beni, Rúben Lameiras e Fernando Andrade, para as entradas de neto, Telasco e Felippe Cardoso.
Na ressaca de um resultado importante, esperava-se uma boa reação no campeonato do Benfica e os adeptos viajaram em massa até Rio Maior, enchendo um estádio pouco habituado a estas molduras. Do outro lado, no entanto, estava um Casa Pia, normalmente, bem organizado e difícil de bater defensivamente, como se veria. Os Gansos entraram com a sua habitual linha de cinco defesas, sobrepovoando o corredor central com os seus médios e deixando Felippe Cardoso praticamente sozinho na frente, a servir de pivot ofensivo e lutador.
Do outro lado, o Casa Pia, como esperado, era mais incisivo e direto com bola. Os Gansos, bem organizados, aproveitavam a grande quantidade de jogadores do Benfica no seu meio campo, para apostar na transição rápida e conseguiram, por várias ocasiões, deixar as águias em sentido. De resto, a turma comandada por Gonçalo Santos foi, claramente, quem teve as melhores oportunidades e podia perfeitamente ter chegado ao intervalo na frente do marcador, tivesse outro tipo de eficácia e inteligência na decisão no último terço, até porque o Benfica estava algo maleável nas alas.
Era preciso mais e melhor do Benfica (e um Casa Pia mais eficaz) para se retirar algo do jogo. As águias entraram claramente com mais vontade de ser dinâmicas ofensivamente e foram conseguidas inserir mais, e melhor, os seus laterais no último terço, o que fez notar logo a diferença nos seus processos com bola. Contudo, o primeiro sinal de perigo, do jogo até, surgiu na transição, aos 53', com Rafa a atirar ao lado, após ser desmarcado na esquerda por Di María.
O público sentia o crescimento da equipa, os jogadores eram galvanizados e Roger Schmidt tentava aproveitar o ímpeto, colocando David Neres e Arthur Cabral, aos 58', para dar outra dinâmica e presença na área (Marcos Leonardo tinha deixado a desejar). Bem mais disponível para a equipa do que o seu compatriota, Arthur Cabral entrou bem e foi dinamizando a equipa nos apoios e a deambular, especialmente na direita
O jogo tinha mudado. O Casa Pia, no entanto, não baixava os braços e Gonçalo Santos dava sinal de vida no banco, com as entradas de Justo e Lameiras. Os Gansos ainda tentaram mexer com a partida a partir das alas, mas, desta vez, o Benfica demonstrou maturidade defensiva, tal como na Escócia, e soube gerir bem o jogo, acabando por vencer, sem charme, em Rio Maior, por 0-1. O campeão ainda Pia, mas não muito alto...
O Casa Pia de Gonçalo Santos continua a mostrar que é osso duro de roer e podia ter saído deste jogo mais feliz, fosse mais eficaz na finalização. Estão bem coesos defensivamente, mas sabem ter bola no ataque.
Tem sido apanágio dos últimos tempos. No geral, este Benfica continua muito inoperante em ataque organizado e dependente de génios individuais. Na transição, continua uma equipa perigosa, mas com elementos destes devia ser capaz de mais com bola.