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    O zerozero conversou com o camisola 10 do Eléctrico

    Rodriguinho: «Estou aqui para ajudar e para somar com o Eléctrico»

    2020/11/29 09:52
    E0

    *com Paula Ferreira Lobo

    2020/2021 está a ser uma época atípica, pelos motivos que todos conhecemos. Apesar da pandemia, esta é, na opinião de praticamente todos os agentes da modalidade, a época mais competitiva de sempre. Temos assistido a jogos de bom futsal, partidas muito disputadas, resultados discutidos até ao último segundo, e várias goleadas inesperadas. À exceção de Sporting e Benfica, já não há equipas invictas, e apenas o Futsal Azeméis ainda não venceu – mas é a equipa com mais empates no campeonato (e tem dois jogos em atraso, à data de hoje).

    Uma das equipas que se tem destacado nesta Liga Placard é o Eléctrico. O único emblema da região do Alentejo a militar no principal escalão da modalidade chegou apenas há 3 anos, mas tem vindo a demonstrar que veio para ficar, tornando-se um habitué nas fases decisivas das competições internas, época após época.

    Neste momento, Ponte de Sor é a casa do 3º lugar do campeonato. O Eléctrico está a fazer uma primeira volta fantástica, e o zerozero foi conhecer a receita de sucesso dos alentejanos, pela voz de uma das suas mais influentes peças: Rodriguinho. O ala qatari-brasileiro deixou elogios ao clube, ao treinador, e à cidade, e vincou que nada disto é fruto do acaso. É só trabalho, mesmo.

    Esta entrevista foi realizada na quinta-feira, 26 de novembro de 2020.

    ZEROZERO: O Eléctrico está a fazer um grande arranque de campeonato, ocupando atualmente o terceiro lugar do campeonato. Isto foi planeado, ou as coisas estão a correr melhor do que o esperado?

    RODRIGUINHO: Desde que eu cheguei, o ano passado, o clube vem crescendo, procurando marcar o nome Eléctrico no mais alto escalão, e isso é fruto do trabalho. É lógico que queremos estar sempre entre os melhores, mas não dissemos internamente “temos que ser terceiros”. Nós trabalhamos muito, e estamos a colher os frutos. Trabalhamos todos os dias, de manhã e à tarde, e às vezes fazemos um treino de ginásio entre um treino e outro, acabando por treinar três vezes. Trabalhamos com dedicação e compromisso, porque se assim não fosse não teríamos alcançado o que já conseguimos até agora, não estaríamos no terceiro lugar. Acho que muitas pessoas não esperavam que estivéssemos neste lugar, mas é como disse, é fruto de muito trabalho e persistência. Fazemos aquilo que treinamos, como o mister Kitó pede, trabalhamos forte e duro para alcançar coisas grandes.

    ZZ: Falando no mister Kitó Ferreira: ele tem fama de ser um treinador que exige o máximo aos seus atletas em todos os momentos. Um jogo é sempre um jogo, mas o facto de estarem habituados a uma intensidade de treino tão alta ajuda a atenuar a diferença?

    R: Ele cobra-nos bastante. Ele pode, porque ele tenta aproveitar o máximo de cada um. Ele sabe como fazê-lo, consegue equilibrar o que ele pode tirar mais de nós, ou menos. Ele tenta implementar nos treinos o que vai acontecer no jogo, e é por isso que a nossa intensidade nos jogos vem em crescendo. As coisas estão a dar certo devido a esse método de trabalho que ele tem, de fazer o treino como se fosse um jogo.

    Ele é um treinador muito psicológico, que consegue trabalhar a mente dos jogadores para podermos estar focados e com a cabeça naquele propósito, que é vencer, estar bem, evoluir, crescer…

    «Não sou obcecado por fazer golos»

    ZZ: Tu tens estado em destaque no Eléctrico, particularmente nos últimos jogos, não só pela quantidade de golos que tens marcado, mas além disso – não sei se tinhas noção destes números – tens uma percentagem de influência nos golos da equipa de 42%. És o 6º jogador mais influente [no campeonato]*. Imagino que também seja para isso que trabalhas, mas, é uma motivação pessoal ver que estás a ajudar a equipa de forma muito concreta, com golos, ou é uma consequência do trabalho, mas não algo que procures obsessivamente?

    *depois do jogo de ontem, sábado, diante do Belenenses, Rodriguinho passou a ter uma influência de 45%, participando em 18 golos, tantos quantos Alex Merlim, no Sporting. Ambos lideram ex aequo essa tabela.

    R: Eu não sou obcecado por fazer golos, acaba por acontecer naturalmente. Muitas vezes eu tenho mais prazer em fazer uma assistência do que um golo. Acho que os golos que tenho marcado são uma consequência de que o trabalho está a ser bem feito, da condição física em que me encontro, e que estou a saber aproveitar as oportunidades da melhor maneira possível. É tudo fruto do trabalho. Eu tenho a gana de fazer golos, claro, mas às vezes entre fazer um golo ou dar um passe para um amigo meu, para um companheiro meu, eu prefiro dar um passe. Estou feliz pelos resultados que estão acontecendo, espero poder retribuir muito mais para o clube e para a cidade, e poder também levar o meu nome pelo país, porque eu cheguei o ano passado, e muitos não sabiam quem eu era. Espero manter essa boa forma até ao final da época.

    ©Zé Paulo Silva

    ZZ: Tu chegaste no início da época passada, que não chegou a terminar. Como é que foi gerir isto, este cancelamento do campeonato por causa da pandemia?

    R: Foi uma situação muito estranha, ainda mais para mim que tinha acabado de chegar, a concretizar o sonho que eu tinha de jogar na Europa depois de estar muito tempo no mundo árabe, na Ásia. As coisas estavam a correr muito bem, conseguimos chegar à Taça da Liga, à final 8 da Taça de Portugal, e, do nada, parou tudo. Foi um choque!

    Sem sabermos quando é que o campeonato voltaria, o que ia acontecer com o futsal, muita gente falava, havia muita especulação… foi um banho de água fria, e eu fiquei meio sem saber o que fazer. O clube também não tinha muitas informações para nos dar, e ficamos naquela, até que resolvemos ir embora para o Brasil. Graças a Deus conseguimos voltar para esta temporada, em agosto, e se Deus quiser esta pandemia vai acabar rápido para podermos jogar diante dos nossos adeptos que nos fazem muita falta.

    «Espero que os adeptos voltem em breve»

    ZZ: Jogar sem adeptos é estranho, não é? É estranho para nós, jornalistas, que vamos aos pavilhões ver os jogos, imagino que para quem está na quadra seja ainda mais estranho…

    R: Quando entramos nesses jogos que não têm adeptos, que não têm nada, temos que tentar tirar uma motivação maior. O Kitó tenta passar isso para nós, na última reunião no balneário, antes de entrar para o jogo. Porque é como se estivéssemos a entrar para um treino, então se não estivermos muito concentrados, não estivermos focados no que é o dia, o que é o jogo - que é o dia mais importante da semana, porque nós treinamos para jogar - então se não entrarmos focados e atentos a qualquer detalhe que seja, podemos perder o jogo por causa disso. Às vezes podemos estar mais desligados, como num treino, ou não estar 100% focados, e isso pode prejudicar. Mas a nossa equipa, da forma como está focada, não acho que isso esteja a atrapalhar-nos. Mas espero que os adeptos voltem em breve porque isto é muito ruim!

    ZZ: Estar 100% concentrado é ainda mais importante esta época, tendo em conta que praticamente toda a gente acha que o campeonato está mais competitivo? Também concordas que está mais competitivo, comparativamente à época passada?

    R: Concordo! Acho que houve um aumento do nível de qualidade das equipas, todas estão a querer evoluir. Se formos ver, tirando Benfica e Sporting, os resultados das equipas oscilam muito, o que demonstra a regularidade de todas as equipas. O sexto ganha ao quarto, o quarto ganha ao oitavo, o oitavo ganha ao quinto… vemos que está muito nivelado, e isso é bom para o campeonato. Fica uma disputa interessante e saudável, e isso é muito bom. Fico feliz por podermos jogar neste nível e podermos estar a destacar-nos. É muito importante, e é fruto de um trabalho que está a ser bem feito. Fico feliz por isso.

    ©Zé Paulo Silva

    ZZ: Há pouco disseste que tinhas o sonho de jogar na Europa. Como é que recebeste o convite do Eléctrico para vir jogar para Portugal?

    R: Eu tinha saído do Dubai, estava no Brasil, e o Nuno [Silva] - que é o nosso treinador de guarda-redes, e que tinha trabalhado comigo na Arábia - ligou-me a fazer o convite. E eu até lhe disse “eu até queria, mas não tenho mais cabeça para isso, vou ficar aqui quietinho no meu canto”, mas ele queria convencer-me. O Kitó ligou-me - o Nuno tinha-me falado super bem do Kitó – e o Kitó acabou por me convencer. Mostraram-me o projeto e eu achei interessante. Eu gosto de projetos interessantes e desafiadores, e acabei por vir.

    No meu primeiro ano, acho que mesmo com a pandemia e a paragem do campeonato, foi um ano muito importante para mim, para o meu começo, para a mudança para outro campeonato, de uma outra intensidade, de uma outra competitividade. Para mim foi importante eu ter essa experiência do ano passado, que graças a Deus correu muito bem nos jogos que fiz antes da paragem, e para mim é só alegria.

    ZZ: Portanto, foi uma decisão acertada. Ainda bem que vieste.

    R: Foi sim. Fui super bem recebido aqui por eles, vim praticamente sem os conhecer [à exceção de Nuno Silva], fui conhecendo pouco a pouco, mas é uma cidade com pessoas que são muito acolhedoras, que estão sempre dispostas a ajudar em tudo o que é preciso. Eu ligo e atendem sempre - pode demorar um minutinho ou outro, mas atendem sempre - e estão sempre dispostas a ajudar. Trabalhar com o Kitó, que é uma pessoa extraordinária, que eu não conhecia e passei a conhecer… tudo isto foi aumentando os laços que fui criando, e acabo por me sentir em casa, em família, e isso é muito bom. Eu estou longe da minha família, que está no Brasil, e ser acolhido assim foi muito positivo, para eu poder sentir-me bem, e fazer o que eu sei fazer melhor, que é jogar futsal, estar bem, com a cabeça boa, tranquila, para exercer as minhas funções da melhor maneira possível.

    «O Kitó é louco por trabalho»

    ZZ: Tu já jogaste em equipas de países de três continentes, apesar de no Brasil só teres jogado nos escalões de formação. Quais são as principais diferenças entre estes campeonatos todos?

    R: Eu acho que é mais intensidade. Na Arábia é um jogo mais lento, não tinha tantas equipas que se defrontavam da forma que é aqui, com o nível que ainda há pouco falamos. O nível de competição aqui é muito elevado, e os clubes lutam sempre uns com os outros. Lá só tínhamos quatro ou cinco equipas que lutavam, os outros jogos tu já sabias que ias ganhar mesmo.

    É essa competitividade, esse jogo mais rápido, essa intensidade forte que aqui temos, que para mim é a maior diferença. No geral, jogar à bola muita gente sabe, mas as coisas são decididas nos detalhes, e aí reside a grande diferença.

    ©FPF

    ZZ: O que podemos esperar do Eléctrico e do Rodriguinho até ao final da época?

    R: O nosso foco é manter o que temos vindo a fazer, vamos continuar a trabalhar forte porque o Kitó é louco por trabalho! Vamos continuar a trabalhar, a pensar jogo a jogo como temos feito. Em todos os jogos, trabalhamos durante a semana para o próximo jogo, e esse próximo jogo temos que ganhar. E eu acho que a nossa cabeça está voltada para isso, para mantermos o foco e essa regularidade no campeonato, para estarmos ali nas posições de cima. Hoje estamos em 3º. O clube quer, nós queremos, toda a gente quer permanecer aí. Daí, é para cima. Sabemos que é difícil, mas com trabalho nada é impossível. Esperamos chegar ao final da época com resultados bastante positivos e, de repente, até a causar uma surpresa para muitos.

    De mim podem esperar sempre empenho 100%. Vou dedicar-me ao máximo para poder ajudar, seja com golos, assistências, ou a fazer um carrinho para tirar uma bola de cima da linha. Estou aqui para ajudar e para somar com o Eléctrico, para fazermos história e podermos escrever o nome do Eléctrico na Liga Placard, no maior nível que pudermos.

    ZZ: Resumindo: um Eléctrico trabalhador e combativo.

    R: Sim, muito! [risos] Vamos lutar com todos, até ao fim, podes ter a certeza. Da nossa parte não vai faltar nada dentro do campo, que trabalhamos muito para isso.



    Catar
    Rodriguinho
    NomeRodrigo Xavier da Rocha
    Nascimento/Idade1987-02-01(37 anos)
    Nacionalidade
    Catar
    Catar
    Dupla Nacionalidade
    Brasil
    Brasil
    PosiçãoAla

    Fotografias(91)

    Liga Placard| Quinta dos Lombos x FC Azeméis (J19)

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