Como no D. Afonso Henriques, a equipa de Rúben Amorim voltou a empatar, na nova visita ao concelho de Guimarães. Também aqui se viram várias oportunidades, também aqui o adversário ficou reduzido a 10, também aqui o Sporting revelou deficiências durante parte do jogo e assim ficou com o tempo reduzido para fazer a diferença. Só as idas a Guimarães impedem um Sporting 100 por cento vitórioso com o novo treinador, relançando a luta pelo pódio do campeonato.
Começamos por uma estatística: 45 minutos e zero remates à baliza. Não foi o caso só do Moreirense, não foi o caso só do Sporting. Foi o acumulado das duas equipas, numa soma de intenções vazias, pobres e que aborreceram. Não podemos negar: vínhamos com muita vontade de avaliar o que o Moreirense, que tem estado a fazer um campeonato tranquilo e que tem subido de produção com Ricardo Soares, era capaz de fazer, no seu 4x3x3 que vive cada vez mais do génio de Filipe Soares; também vínhamos cheios de curiosidade para perceber o que tinha este Sporting de Rúben Amorim a mostrar no regresso a Guimarães - único sítio onde o técnico não venceu - e numa versão com menos juventude, fruto da rotação e dos regressados.
Importante dizê-lo: defensivamente, esta equipa do Sporting promete não se assemelhar a qualquer outra dos tempos mais recentes, sobretudo o pós-JJ. Houve uma exceção, quando Fábio Abreu saiu de posição e foi assistir de cabeça para a bicicleta de Filipe Soares por cima, na melhor jogada dos cónegos. Só que, ofensivamente, os leões foram muito curtos. Com Jovane e Plata com notórias ações interiores, a equipa teve pouca fluidez pelos flancos, apesar de duas aparições de Ristovski com espaço - a definição no cruzamento não foi a melhor. Pouco mais.
Sem Wendell, a dinâmica a meio foi bem menor e, se com Battaglia se podia contar uma maior agressividade na conquista da segunda bola, o que se viu foi, muitas vezes, um considerável espaço na zona intermédia do Sporting, que o Moreirense não aproveitou da melhor forma para acelerar o jogo.
Poderia o jogo ter interesse do ponto de vista do xadrez e da tática, mas, para bem da emoção, que é o que mais mexe com quem vê, a primeira parte teve muito pouco para contar.
No Sporting, também nem todos durariam muito tempo. Battaglia teve uma saída previsível e Borja seguiu-lhe o caminho (passou Acuña para central...). Ristovski pouco mais tempo ficaria em campo. Ao refrescar os flancos e ao dar Wendell ao jogo, Rúben Amorim tornou a equipa mais dinâmica e capaz de triangular nessas zonas para a aparecerem momentos de finalização.
Enfim, as oportunidades apareceram. Também para o Moreirense, duas vezes em bolas paradas (Mane e Vitória) e uma num mau atraso de Plata, mas sobretudo para os leões. Sporar foi quem teve as melhores, numa equipa capaz de jogar curto num flanco e longa entre flancos. Só que incapaz de marcar.
Houve mérito do Moreirense, de uma forte coesão defensiva (os números recentes de golos sofridos não são por acaso) e de um voluntarismo que secou o último impulso dos leões, outra vez empatados no concelho de Guimarães.
A capacidade de o Moreirense conseguir responder, na área, aos cruzamentos do Sporting, pela direita e sobretudo pela esquerda, foi determinante para anular os momentos em que a equipa leonina criava desequilíbrios. Sobretudo quando ficou com menos um, a equipa da casa conseguiu ser muito eficaz perante essa tendência, que se acentuou.
Quando o apito final soou, notou-se desalento dos dois lados. Mais do Sporting, obviamente, mas também de um Moreirense que soube, mesmo com 10, criar os seus momentos para tentar ser feliz. A última meia hora de jogo valeu por tudo o resto e foi de grande intensidade. É o que fica.
Quanto o apito parcial soou, poucos não terão aliviado. Estava ainda calor, depois de uma tarde tórrida, mas havia sobretudo a sensação que as duas forças se tinham anulado e que havia necessidade de redefinir estratégias. Zero remates na direção das duas balizas é um dado que espelha muito bem o que aconteceu.