A nota artística fica para depois...Em Barcelos, o Benfica esteve longe de deslumbrar, ainda que o principal objetivo tenha sido conseguido, com um 0x1 marcado pelo sofrimento encarnado e pela grande réplica do Gil Vicente.
De regresso ao campeonato, Bruno Lage decidiu fintar os problemas defensivos do Benfica com uma nova dupla de meio campo. Se a titularidade de Weigl já era esperada, a de Samaris nem por isso. O grego permitiu uma construção mais segura e consistente aos encarnados, que se preocuparam, acima de tudo, em controlar o jogo de Barcelos com bola durante os primeiros minutos.
A organização de um adversário competitivo não abria, contudo, espaço a grandes oportunidades. Os encarnados circulavam, levavam para a esquerda e para a direita, mas nem a largura dada pelos laterais, nem os recuos da dupla Taarabt/Rafa, a jogar muito próxima durante os primeiros 45 minutos, eram capazes de furar a muralha. Foi preciso um momento de inspiração individual, com Adel a descobrir o matador Vinícius para a pose do costume.
A reação do Gil Vicente foi absolutamente gigante. Porque a equipa de Vítor Oliveira obrigou o Benfica a recuar, a cometer alguns erros (para além de um ou outro não forçado) e a tremer em três/quatro momentos. Só a desinspiração de Baraye e os reflexos de Vlachodimos impediram um empate que os galos justificaram em absoluto.
O Benfica teria de estancar a mesma hemorragia que já se tinha visto em Famalicão, no Dragão ou na Ucrânia. Às custas de um Gil que começou a ficar demasiado confiante, pela forma displicente como iniciava a sua construção, o campeão acabou melhor a primeira parte, com a tal segurança na posse e criatividade dos homens do último terço que tinha permitido um início feliz. Acabou como começou.
Para afastar os fantasmas deste fevereiro maldito, o Benfica não se poderia dar ao luxo de repetir no segundo tempo a fase negativa que permitiu ao Gil um sem número de remates na primeira parte. A entrada, ainda assim, não foi nada boa para o campeão, que voltou a ser aqui e ali hesitante e passivo, a permitir que o adversário valente fosse capaz de criar mais problemas a um Vlachodimos sempre presente.
Já com novos intérpretes em campo, as duas equipas deram tudo o que tinham. Muito coração, aqui e ali alguns erros, um Benfica a olhar muito para o relógio e poucas oportunidades. O Gil talvez merecesse mais, mas, para já, a crise do campeão nacional ficou na gaveta. Mas...fechada à chave?
Independentemente do resultado final, excelente abordagem do Gil Vicente à partida. A equipa foi organizada sem bola, solidária e coesa, disponível para lutar por pontos até ao apito final e, acima de tudo, muito capaz com o esférico nos pés. Vlachodimos voltou a ter muito trabalho.
Para um plantel obrigado a tantos jogos complicados nos últimos tempos, pedia-se uma ação mais efetiva e mais madrugadora de Bruno Lage desde o banco. Porque o desgaste de elementos como Pizzi, Rafa ou Taarabt começou a ser evidente a determinado momento do segundo tempo.