Como a música de Fafá de Belém, também o Qatar vai ser invadido pela cor da paixão, da conquista, da liderança. Flamengo e Liverpool, duas das equipas mais populares dos seus respetivos continentes, têm o Mundial de Clubes à distância de uma única vitória.
Para os adeptos do Mengão, especialmente os menos novos, é impossível não recordar a tarde de 13 de dezembro de 1981. Não só porque foi a única vez que puderam defrontar um dos maiores do velho continente, não só porque puderam assistir a mais uma demonstração de classe de uma das melhores formações da sua história, mas também, e sobretudo, porque o conjunto do Rio de Janeiro aplicou um autêntico corretivo a Dalglish e companhia. Um 3x0 marcante, mas que muito dificilmente se repetirá...
E as razões estão bem exemplificadas no onze que Jorge Jesus terá de travar para tornar 2019 ainda mais memorável. O Liverpool de Klopp é um dos campeões europeus mais temíveis dos últimos anos, líder incontestado da Premier League, casa de alguns dos melhores jogadores do planeta. Os céticos passaram mesmo a crentes na cidade dos Beatles!
E como fintar, desorganizar, enganar uma equipa que amealhou 76 dos últimos 78 pontos de uma das ligas de referência do futebol mundial? Os dados são impressionantes, mas há uma pequena nuvem negra a pairar por Anfield. Porque o Liverpool ganha quase sempre, é certo, estando mais confiante do que os adversários, que, ainda assim, em 2019/2020, são capazes de construir mais oportunidades claras, mais ataques e mais sustos para um Allison que ainda há alguns dias foi obrigado a trabalhos suplementares contra os mexicanos do Monterrey.
O Flamengo de Jorge Jesus, para lá de todo o valor do adversário, que é reconhecido, terá de saber lidar também com um pequeno fenómeno, não muito simpático e bem visível durante a final da Libertadores e da meia final contra o Al Hilal: a apatia inicial. Na primeira parte do último jogo, por exemplo, os brasileiros arriscaram um resultado bem mais pesado e uma diferença no marcador que não traduziria a qualidade de jogo das duas equipas. A rever, pois do outro lado não falta intensidade e qualidade para aproveitar uma entrada em falso.
Também há dados bem positivos e animadores. A presença de um elemento como Diego no banco dá esperança, tal a revolução que o criativo proporcionou nas últimas decisões, os alas têm qualidade para equilibrar e desequilibrar e, na frente, Bruno Henrique é o parceiro perfeito para dar ainda mais conforto a um Gabriel do gol.
Já não será nada como antigamente. O futebol, a competição e o próprio símbolo do Liverpool mudaram. Mas esperam-se imagens de festa em Doha. Afinal, falamos de dois gigantes em pleno processo de renascimento.
Salah, Mané e Firmino. Os três jogadores que ajudaram o Liverpool de Klopp a chegar ao topo do futebol mundial. Partirá muito deles e da dinâmica que conseguem imprimir a solução para travar este adversário traiçoeiro vindo do Brasil.
O Liverpool não tem tido a mesma capacidade para pressionar os seus adversários em 2019/2020. É, por isso, expectável que surjam alguns espaços para que o Flamengo saia em transição. Bruno Henrique pode fazer a diferença nesse momento, sempre com a preciosa ajuda de Gabigol.
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Liverpool | Flamengo | |||
8 | 2 | Golos marcados | 3 | 7 |
1 | Golos sofridos | 1 | ||
1 | Jogos | 1 | ||
1 | Golos Marcados | 1 |
TREINADORESJorge Jesus já defrontou o Liverpool. Em 2009/10, ao serviço do Benfica, o técnico português venceu em casa por 2x1 e perdeu em Anfield por 4x1 |
EQUIPASEm três jogos frente a equipas da CONMEBOL, o Liverpool perdeu sempre e nunca marcou |
EQUIPASJuntando a Taça Intercontinental ao Campeonato do Mundo de Clubes, as equipas brasileiras venceram quatro dos cinco jogos realizados. A única exceção foi o Palmeiras, derrotado pelo Manchester United, em 1999 |
EQUIPASNos três jogos disputados entre equipas inglesas e brasileiras em Campeonatos do Mundo, as brasileiras venceram sempre |
EQUIPASA única equipa inglesa que venceu o Campeonato do Mundo de Clubes foi o Manchester United, em 2008 |
EQUIPASA última vez que uma equipa europeia perdeu a final do Mundial de Clubes foi em 2012, quando o Corinthians bateu o Chelsea |
EQUIPASAs seis últimas edições do Campeonato do Mundo de Clubes foram conquistadas por clubes europeus |
EQUIPASO Flamengo só perdeu um dos 31 últimos jogos |
EQUIPASVencedor da Taça Intercontinental em 1981, o Flamengo procura o segundo título mundial, em duas finais |
EQUIPASEm 28 jogos disputados esta época, o Liverpool só perdeu dois: um frente ao Napoli, na Champions, e outro frente ao Aston Villa, num jogo em que os Reds jogaram com uma equipa alternativa |
EQUIPASO Liverpool perdeu e não marcou qualquer golo nos dois jogos disputados frente a equipas brasileiras |
EQUIPASSe juntarmos ao Campeonato do Mundo de Clubes as finais da Taça Intercontinental, o Liverpool perdeu o jogo decisivo das três vezes que o disputou (1981, 1984 e 2005) |
EQUIPASO Liverpool disputa a final do Campeonato do Mundo de Clubes pela segunda vez. Em 2005, perdeu por 1x0 frente ao São Paulo |
CONFRONTOSFoi a 13 de dezembro de 1981 que as duas equipas se defrontaram pela única. Em Tóquio, na Taça Intercontinental, o Flamengo venceu por 3x0, com um bis de Nunes e um golo de Adílio |
CONFRONTOSLiverpool e Flamengo defrontam-se pela segunda, depois da categórica vitória da equipa brasileira em 1981, por 3x0 |