Poucas equipas marcaram a década de 90 do futebol italiano como o Parma. Com alguns milhões que já na altura faziam a diferença, porque permitiam a contratação de vários dos melhores craques que a Europa tinha para oferecer, o clube teve anos de brutal ascensão, num processo que teve como um dos pontos altos e mais brilhantes a conquista da Taça UEFA em 1999. Se nos anos anteriores, este coletivo tinha demonstrado qualidade e poder, a verdade é que a melhor versão apareceu na segunda conquista de uma prova europeia.
O percurso do clube na Taça UEFA de 1999 foi, mesmo, quase perfeito. Apenas duas derrotas, pela margem mínima, ambas na primeira-mão e que não tiveram implicações decisivas, 25 golos marcados e triunfos de goleada nos quartos e na final. O Marselha, uma equipa de referência nas competições europeias naqueles anos, não teve hipótese para controlar um conjunto recheado de talento, ambição, com um espírito conquistador incontrolável. O pequeno Parma foi enorme naquele ano.
Curiosamente, logo nessa primeira eliminatória, o futuro campeão Parma começou a sua participação da pior maneira, com uma derrota por 1x0 diante do Fenerbahçe. Os italianos até acabaram com duas expulsões, mas o adversário turco não conseguiu aproveitar a vantagem numérica. Mesmo sem Cannavaro e Dino Baggio, uma semana depois, a equipa de Malesani deu uma ótima resposta, com um 3x1 que garantiu a passagem à ronda seguinte. Chiesa não jogou, mas o outro avançado, Crespo, começava a dar que falar.
Num percurso tão positivo e consistente, onde, basicamente, brilharam quase sempre os mesmos protagonistas, é complicado destacar algum jogo, mas aquilo que aconteceu nos quartos de final, diante do Bordéus, ficará para sempre na história do Parma. A equipa perdeu o jogo em França, por 2x1, e, em casa, operou uma reviravolta que de repente se transformou em goleada. Nessa noite de 16 de março, a qualidade de jogo desta formação atingiu níveis altíssimos, com a dupla de ataque a dar a melhor sequência a um futebol combinativo, rápido, criativo. Crespo e Chiesa entenderam-se às mil maravilhas, a defesa, que contava também com Thuram, respondeu à altura e Verón e Baggio produziam muito na zona intermediária. Uma equipa em cheio, preparada para conquistar, outra vez, o Velho Continente.
3-0 | ||
Hernán Crespo 26' Paolo Vanoli 36' Enrico Chiesa 55' |