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Basaksehir

Texto por Mário Rui Mateus
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Turquia. Um país de grandes paixões, sendo que a futebolística é um exemplo disso. No meio deste seio e forma intensa de viver o desporto rei, nasceu um clube que desperta sentimentos singulares. Com uma história fortemente associada e apoiada pela política, o Basaksehir foi construído para se tornar numa das principais equipas turcas e, para já, tem o 'título' de... clube mais odiado.   

Os (poucos) adeptos do Basaksehir consideram a sua equipa uma verdadeira lufada de ar fresco no futebol turco, promovendo valores de paz e que repudiando o ódio, mas os restantes adeptos têm uma visão diferente e consideram o 'novo' conjunto de Istambul como «um brinquedo do Presidente Recep Erdogan», que não olha a meios para atingir os seus fins.

Em ascensão até à estabilidade

A sua fundação data de 1990, sob o nome de ISKI SK e a chancela da empresa municipal de Istambul responsável pela rede de distribuição de águas. A equipa recém-fundada começou a competir nas divisões regionais e em junho de 1991 carimbou a subida à III Divisão.

Esta promoção do ISKI SK trouxe um novo nome: Istanbul Buyuksehir Belediyespor Spor Kulubu Dernegi (Istambul BB), o clube da câmara municipal de Istambul. Em 1992/93 o conjunto da capital turca subiu à TFF 2. Lig (II Divisão) e, em 2006/07, graças a um segundo lugar conquistado, chegou a tão ansiada promoção Turkiye 1. Süper Lig (I Divisão).

Carlos Carvalhal, o primeiro treinador estrangeiro da história do Basaksehir @Rogério Ferreira / Kapta+
A estreia no principal escalão do futebol turco correu bem e a manutenção foi garantida com um 12º lugar. Em 2009/10, o Istambul BB arrecadou a sua melhor classificação de sempre na I Liga, através de um sexto lugar. Contudo, em 2012/13 foi despromovido, numa temporada em que contou com os portugueses Eduardo, André Geraldes e o técnico Carlos Carvalhal, o primeiro treinador estrangeiro da história do clube. A passagem pela II Divisão foi curta e em 2013/14 o emblema da capital voltou à Super Lig com o título de campeão da 1. Ligi A no bolso.

Pelo meio desta estadia na Super Lig surgiram os primeiros protestos contra o Istambul BB. A população local revoltou-se, uma vez que o clube usufruía dos Estádio Olímpico Ataturk sem prestar qualquer tipo de pagamento à autarquia.

Dedo governamental e do Presidente Erdogan

Recep Erdogan, então primeiro-ministro turco, esteve na inauguração do Estádio Basaksehir Fatih Terim @Getty /

A 5 de junho de 2014, numa fase em que atravessava graves problemas financeiros, o Istambul BB foi adquirido por uma empresa fortemente ligada a Recep Erdogan, antigo primeiro-ministro e atual Presidente da Turquia. Esta compra levou à mudança de morada, para o moderno bairro Basaksehir, situado a 30 quilómetros de Istambul, assim como a uma renomeação: İstanbul Basaksehir Futbol Kulubu.

A 26 de julho do mesmo ano foi inaugurada a nova casa do Basaksehir, que é propriedade do Ministério da Juventude e Desporto. A abertura do Estádio Basaksehir Fatih Tehrim, uma obra que custou cerca de 27 milhões de euros e com capacidade para 17 156 espectadores (raramente fica lotado), contou com a presença de Recep Erdogan. O Presidente da Turquia vestiu mesmo a camisola laranja e subiu ao relvado, jogando 15 minutos e assinando um hat-trick.

Toda esta loucura fez o clube crescer a olhos vistos. A 25 de maio de 2015, o Basaksehir assinou um protocolo com a Medipol Basaksehir, uma organização com fortes ligações ao Ministério da Educação e Saúde da Turquia. Ao estilo inglês, o clube começou a ser gerido por um Conselho de Administração, liderado por Goksel Gumusdag, empresário casado com uma sobrinha de... Erdogan. 

No mesmo ano ano, o Basaksehir assinou uma parceria com o Atlético de Madrid, tendo em vista a partilha de conhecimento para potenciar o scouting e as infraestruturas dos turcos.

Primeiros laivos de potencial sucesso

Apresentação de Robinho, com Goksel Gumusdag, Presidente do Conselho de Administração @Getty /
Com as bases bem lançadas e financiadas, o Basaksehir passou para o investimento no reforço da equipa. A formação de Istambul viu chegar internacionais turcos de alto gabarito (como Emre BelezogluArda Turan), jogadores estrangeiros de qualidade (Gael Clichy, Gokhan Inler, Emmanuel Adebayor, Robinho..) e alguns conhecidos do futebol português, como Miguel Vieira (ex-CD Aves e Paços de Ferreira) e Júnior Caiçara (ex-Gil Vicente), que se juntaram a Márcio Mossoró (ex-Marítimo e SC Braga).

Em sentido contrário, o Basaksehir conseguiu a maior venda da sua história: a transferência de Cengiz Under para a AS Roma, a troco de 14,5 milhões de euros, em 2017.

Apesar deste aumento de qualidade não se ter materializado em títulos, o emblema da capital da Turquia conseguiu alguns feitos interessantes: três vezes vice-campeão turco, uma final da Taça da Turquia (outra em 2010/11), presenças nos playoffs de Liga dos Campeões e 16 avos de final da Liga Europa.

Quanto ao futuro... promete. O acordo com a Medipol Basaksehir termina em 2021 e Goksel Gumusdag já revelou que está aberto ao investimento vindo da Ásia ou do Médio Oriente. Caso este cenário se concretize, o Basaksehir vai estar praticamente em pé de igualdade com Besiktas, Galatasaray e Fenerbahçe.

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