Enquanto templo do futebol mundial, Anfield viveu ao longo destas décadas algumas das noites mais emocionantes, espetaculares e bonitas do desporto-rei. Um estádio que viu nascer craques, referências, que foi símbolo daquilo que devia ser o comportamento ideal dos adeptos num recinto desportivo. Um campo absolutamente mágico, com um dos topos mais reconhecidos do planeta futebolístico (The Kop), que viveu várias reviravoltas, mas nenhuma tão especial como aquela de 7 de maio de 2019.
O Barcelona apareceu na cidade dos Beatles com uma grande vantagem, de três golos (3x0), construída em Camp Nou. A tarefa era praticamente impossível para Klopp e as ausências de Firmino e de Salah complicavam ainda mais a tarefa. O certo é que, com uma grande dose de inspiração, uma pontinha de sorte, um Alisson inspirado entre os postes e uma personalidade para dar e vender, os reds fizeram história, num 4x0 que chocou o futebol internacional e, pelo segundo ano consecutivo, Ernesto Valverde e a sua equipa.
Para piorar ainda o contexto, o Liverpool foi obrigado a receber o seu adversário e a tentar uma reviravolta praticamente impossível sem 2/3 do seu trio atacante. Roberto Firmino e Salah não contavam para a partida de Anfield e Klopp tinha um verdadeiro problema para resolver. Não que o plantel fosse fraco, mas a verdade é que Origi e Shaquiri apresentavam-se a uma larga distância daquilo que os titulares conseguiam produzir. O ponta de lança belga, curiosamente, poucos dias antes da segunda-mão, já tinha feito uma espécie de ensaio-geral, ao oferecer três pontos na visita ao terreno do Newcastle.
Foi preciso esperar apenas sete minutos para que a esperança se apoderasse das bancadas de Anfield. Henderson invadiu o último terço, rematou, Ter Stegen defendeu para onde não devia e, então, apareceu Origi para finalizar sem grandes dificuldades. Uma grande entrada que não teve grande consequência, pois o Barça foi capaz de criar duas/três grandes oportunidades logo nos minutos seguintes. Começava a aparecer Messi, na finalização e no passe, e Alisson, capaz de travar com todos os seus recursos as diferentes tentativas do adversário.
Quando todos esperavam o prolongamento, porque a partida baixava de intensidade, Arnold descobriu uma das formas mais criativas de bater um canto. A defesa do Barcelona ainda se preparava para estar posicionada da melhor forma quando o jovem internacional inglês, contra todas as expetativas, colocou a redondinha à frente de Origi. O belga foi um pouco mais rápido do que quem estava ao redor e atirou a contar para o quarto. E a euforia instalou-se, definitivamente, num palco onde parece que estas coisas estão destinadas a acontecer.
4-0 | ||
Divock Origi 7' 79' Gini Wijnaldum 54' 56' |