O futebol parou por tudo mundo devido ao surto de coronavírus e por todo o mundo há portugueses à espera de ultrapassar esta situação para voltarem a fazer o que mais gostam: jogar futebol.
Neste tempo em que o exigido é «ficar em casa», o zerozero foi conversar com vários portugueses espalhados pelos quatro cantos do Mundo para perceber como tem sido este período sem futebol e como têm acompanhado toda esta situação, lá fora e em Portugal. Sempre à distância, claro.
Da vizinha Espanha à longíqua Indonésia, o mote passa por ficar em casa e ler os relatos da rubrica: «O meu futebol em quarentena».
zerozero (ZZ): Como tens ocupado o teu dia durante a quarentena?
Telmo Castanheira (TC): Durante este período cumpro o trabalho físico que me foi dado pelo clube, seja correr pela ilha ou o trabalho de força com alguns materiais de ginásio que trouxe para casa. De resto leio, jogo Football Manager, é obrigatório [risos], vejo séries e, claro, falo todos os dias com a minha família e namorada por videochamada ou chamada normal.
ZZ: Que indicações te deu o clube?
TC: Como referi, o clube deu um plano de treino a cada um, os quilómetros que temos de fazer por dia a correr pela ilha juntamente com o trabalho de força em casa, de forma a tentar manter a nossa forma física o melhor possível dentro das condicionantes existentes.
ZZ: Como é ficar tanto tempo em casa?
TC: Aqui podemos sair de casa, temos de evitar contacto e todos os espaços públicos estão fechados ou limitados a um baixo número de pessoas. Saio apenas para correr, até porque aqui na Islândia o tempo não ajuda muitas vezes. Por vezes acaba por saturar, tento manter-me entretido de forma a não pensar muito nisso. O que me custa mais é a pausa competitiva, isso é o que tenho mais dificuldade em lidar.
ZZ: Que conselhos deixas (livros, filmes, séries...)?
TC: O conselho que deixo é que aproveitemos este tempo para refletir e construir uma melhor versão de nós, seja através de exercício físico, leitura ou outro meio disponível. A minha escolha recai sem dúvida na leitura. Recomendo dois dos últimos livros que li, «O Homem mais rico da Babilônia», de George S. Clason e «O monge que vendeu o seu Ferrari», de Robin Sharma .
ZZ: Tens mantido contacto com os teus colegas?
TC: Sim, falo com os meus colegas de equipa sobre a situação que estamos a viver e por vezes sobre o plano de treino, tem sido uma situação logicamente dura para todos.
ZZ: Como tens acompanhado a situação em Portugal?
TC: Acompanho com máxima atenção e muita esperança que tudo melhore rapidamente, tenho a minha família aí, a minha namorada é médica ainda por cima, estou a par de tudo e preocupado claro, mas acredito que os portugueses vão cumprir a quarentena rigorosamente e a situação irá dentro de semanas começar a melhorar, assim espero!
ZZ: Como está a situação na Islândia?
TC: Aqui na Islândia para o número da população há bastantes infectados, mas como é um país com pouca gente e muitos recursos acredito que conseguirão controlar com maior facilidade o contágio do vírus, mas também houve algum pânico com a facilidade da propagação do vírus, até que optaram por tomar as medidas de prevenção necessárias.
ZZ: Como contas regressar à competição? Tem sido fácil manter a forma?
TC: Irá custar no início certamente, por mais que trabalhemos sozinhos o físico, nunca é o mesmo. Irei sentir no início, mas com tempo e trabalho tudo voltará ao normal.Custa muito mais treinar sozinho, falta também o estímulo da bola, para mim é duro até porque eu adoro treinar e jogar, sinto muita falta disso.
ZZ: Quando isto acabar, qual é a primeira coisa que queres fazer?
TC: Sinceramente, o que quero logo é que voltem os treinos e os jogos, como disse sinto muito a falta da competição, não vejo a hora disto passar e poder desfrutar do futebol novamente.