Presidente do V. Setúbal: «Encontrei um Vitória completamente destruído, pior do que imaginávamos»

No dia em o Vitória Futebol Clube comemora 110 anos, o cenário não podia ser pior. O emblema de Setúbal, que foi recentemente despromovido da Liga NOS para o Campeonato de Portugal, atravessa por um dos períodos mais conturbados da sua longa história. 

O clube enfrenta graves dificuldades financeiras e, nas últimas semanas, conheceu um novo presidente: Paulo Rodrigues. O antigo empresário foi eleito a 18 de outubro, mas só a 5 de novembro foi reconhecido como presidente do clube. Desde aí, vários foram os casos: desde salários em atraso de jogadores e funcionários até a uma assembleia geral destitutiva, que está prevista para breve.

Nesse sentido, numa longa entrevista ao jornal A Bola, o atual presidente dos sadinos começou por dizer em que condições encontrou o clube.

«Encontrei um Vitória completamente destruído, pior do que imaginávamos, pior do que aquilo que os sócios podiam imaginar», explicando ainda que foi feito neste curto período do seu mandado e o que tem de ser feito para a SAD não acabe extinta. 

«Muita coisa. A queixa que o Vitória tinha na FIFA de 85 mil euros que não era resolvida há seis meses. Ficou resolvida numa semana. [A oposição] Dizem que viemos de mãos a abanar. Não é verdade. Já pagámos 50 por cento dos salários dos funcionários. Começámos a pagar aos jogadores, temos jogadores com o salário de outubro em dia. Temos trabalho positivo, mas chegam dividas todos os dias. O Vitória tem zero euros de receita. O seguro da equipa não foi pago. Tivemos de o pagar, caso contrário a equipa já não participava no próximo jogo. Fizemos uma limpeza total na academia da Várzea. Estava abandonada, mais parecia uma lixeira do que uma academia de futebol», começou por dizer Paulo Rodrigues. 

«Achamos que tem uma dívida de 25 a 30 milhões»

No que respeita à vida financeira do clube, o atual presidente revelou que a dívida do clube ronda os 30 milhões de euros e explicou que a venda da SAD é a única solução viável.

«Achamos que tem uma dívida de 25 a 30 milhões. O PER [Plano Especial de Revitalização] diz que são 20 milhões, mas ninguém sabe as contas de há dois anos. Não podemos dizer a um investidor que a dívida da SAD são 20 milhões quando uns dizem que é de 25, outros de 30. Não temos acesso à SAD. Estamos à procura de investidores, temos alguns interessados. A solução é um investidor adquirir a SAD. Mas quando aparece uma assembleia geral de destituição de 113 sócios que não nos querem cá, os investidores deixam de estar interessados. E é preciso perceber uma coisa: na Liga, o Vitória tinha um contrato de 35 milhões que suportava os investidores. Mas, mesmo assim, as antigas direções nunca cumpriam. Estão todos no PER, outros em tribunal. Agora o Vitória está na terceira divisão, sem um euro de receita», acrescentou o dirigente, referindo ainda o que seria preciso, no imediato, para salvar a SAD. 

«A nossa proposta são 600 mil euros por 70 por cento. Mais assumir as dívidas, renegociar os valores e pagar os salários aos jogadores... Esse é o acordo que temos com essa empresa  [Fundbox]. Mas depois de existir uma lista de 113 sócios a pedir a nossa demissão, óbvio que os investidores recuam», explicou Paulo Rodrigues.

«Temos 16 jogadores com o salário de outubro pago»

Por último, relativamente ao recente pré-aviso de greve apresentados pelos jogadores devido a salários em atraso, o dirigente sadino assegurou que já foram pagos os salários de outubro a 16 jogadores do plantel.

«Temos 16 jogadores com o salário de outubro pago. Sempre fomos claros. Não podemos pagar alguns valores que existem no plantel, altos para a realidade atual. Vamos fazer esse esforço. Fui sempre frontal com os jogadores, alguns ficaram chateados. Nunca falei em nomes de jogadores quando falo dos salários altos», concluiu.