O 2.º mais rico de Inglaterra intrometeu-se no Man. United: quem é Jim Ratcliffe?

A véspera de natal trouxe uma vaga de esperança para os adeptos do Manchester United. 25 por cento do clube inglês foi vendido a um novo investidor e, ainda que a família Glazer, proprietária desde 2005 e alvo de inúmeras críticas, mantenha a maioria, aparenta haver motivos para acreditar em mudanças.

É que Jim Ratcliffe, o novo proprietário de parte do clube, é bilionário, conta com vários investimentos anteriores em clubes de futebol e, acima de tudo, é adepto do Manchester United. Vamos às apresentações...

O segundo homem mais rico do Reino Unido

Nascido nos arredores de Manchester, Jim Ratcliffe é o fundador e atual proprietário da INEOS, a quarta maior empresa química do mundo. Com uma fortuna avaliada em quase 30 mil milhões de libras, o empresário inglês é considerado o segundo homem mais rico do Reino Unido, atrás de Gopichand Hinduja, homem forte da cibersegurança. 

Fora da área química, a empresa deste bilionário inglês conta com outras áreas de investimento, entre as quais, desportivas. Além de investimento em atletismo, fórmula 1, vela e ciclismo, a INEOS é proprietária de dois outros clubes de futebol, além do caso mais recente do Manchester United: falamos do Lausanne, da Suíça, e dos franceses do Nice. 

• Lausanne-Sport, 2017

Em 2017, os suíços do Lausanne foram o primeiro teste. A equipa estava à beira do colapso financeiro e a entrada de Ratcliffe evitou esse desfecho. Porém, a nível desportivo muito ficou aquém do esperado. Decorridos seis anos, a missão inicial de colocar o Lausanne entre as melhores equipas da Suíça não se cumpriu... Atualmente, e depois de já ter descido à II Liga por duas vezes nos últimos anos, o Lausanne ocupa o 10º posto do principal campeonato suíço. 

Em termos desportivos, o sucesso esperado nunca foi alcançado, mas uma coisa é certa: registou-se investimento por parte de Ratcliffe. No que respeita a infraestruturas, o clube tem agora um novo estádio [Stade de la Tuilière] e, ainda que nunca tenha sido verdadeiramente transparecido nos resultados desportivos, a verdade é que existiu investimento financeiro no departamento das contratações. 

• Nice, 2019

Dois anos depois deste primeiro ensaio, Jim Ratcliffe e a INEOS avançaram para a compra do Nice, e aí o empresário inglês admitiu alguns erros no processo anterior: 

«Cometemos alguns erros em Lausanne, mas aprendemos rápido. Esses já foram corrigidos e já estamos a ver os benefícios. Os clubes precisam de ter sucesso fora e dentro de campo, e o OGC Nice não será diferente, pois procuramos tornar o clube cada vez mais forte em todos os aspetos nos próximos anos», afirmou no momento da oficialização do negócio. 

Atualmente, o Nice é o 2º classificado da Ligue 1. 

• Manchester United, um caso diferente

Agora, em Manchester, os termos do acordo e a pressão associada são diferentes dos dois casos anteriores. Desde logo, o empresário inglês só vai deter 25 por cento do clube, que continua sobre a maioria da família Glazer. 

Ainda assim, tudo o que tem sido noticiado dá esperança aos adeptos de Old Trafford. Desde logo, Jim Ratcliffe vai ser o responsável por toda a vertente desportiva do clube, o que implica a gestão direta da equipa principal, no que respeita a contratações. 

Além deste aspeto, que vai implicar um investimento direto de vários milhões, está também previsto um investimento de 300 milhões de libras em obras de melhoria em Old Trafford.

Recorde-se que, além do insucesso desportivo, também as condições das infraestruturas têm sido alvo de críticas por várias figuras ligadas ao clube. Cristiano Ronaldo, quando deixou o clube, foi uma vozes mais ativas nesse aspeto, referindo que várias áreas essenciais do estádio e do centro de treinos necessitavam de obras urgentes. 

@Getty /

Sombra dos Glazers preocupa 

Apesar do controlo e da gestão que possa vir a passar por Jim Ratcliffe, do lado dos adeptos do Manchester United há um aspeto particular que preocupa: a continuidade da maioria nas mãos de Joel Glazer, dono do clube desde o início dos anos 2000. 

@Getty /

Recorde-se que, desde que a família Glazer assumiu o controlo do clube, há vários capítulos atribulados a registar. A sua gestão tem estado debaixo de fogo das críticas dos adeptos há muito tempo e os últimos anos de insucesso desportivo não têm contribuído para a sua reputação. 

O que nasce torto...

Tudo começou com a aquisição de 2,9 por cento das ações do clube em 2003, e que, em pouco mais de dois anos, se tornou em 98 por cento, contra a vontade de grande maioria dos adeptos. 

Um dos outros capítulos ocorreu em 2009/10, quando o clube perdeu a Premier League para o Chelsea. Aí, voltaram as críticas e nasceu o movimento do verde e amarelo, onde os adeptos passaram a fazer dessas cores também as cores do clube, em referência ao Newton Heath, o clube fundado em 1878 que em 1902 deu lugar ao Manchester United. Uma vez que, na visão dos adeptos, os ideais originais do clube não coincidem com os da família Glazer. 

@Getty / Michael Regan

Posteriormente, a 22 de novembro de 2022, escreveu-se mais uma longa página na história do clube e da família Glazer. Além da rescisão de Cristiano Ronaldo, foi também neste dia que o clube foi oficialmente colocado à venda. 

Mais de um ano depois, Jim Ratcliffe concretizou a entrada no seu clube do coração e a grande questão que se coloca é: o que vai mudar? 

O desejo do empresário britânico é o mesmo da restante massa adepta: «Como adepto desde sempre do Manchester United, é um enorme orgulho concretizar este negócio. A nossa ambição é clara: todos queremos ver o Manchester United de volta ao seu lugar, no topo dos topos do futebol inglês e europeu».