ricardocunha251 12-05-2024, 02:20
Instagram, Twitter, Facebook, LinkedIn, Snapchat. O que têm estas redes sociais a ver com futebol? Atualmente? Tudo! O mundo está cada vez mais ligado e as aparências muitas vezes contam mais do que aquilo que é real. Um currículo é importante, mas o número de seguidores já ultrapassa qualquer Liga dos Campeões conquistada há 10 anos atrás.
Um dos muitos desafios da sociedade atual e dos desportistas em concreto passa pela comunicação nestes meios. Casos mediáticos como o de Lovren (suspenso um jogo por criticar Sérgio Ramos no Instagram), o de Matheus Pereira, no Twitter, ou de Renato Sanches, também no Instagram, são apenas alguns exemplos de como uma má gestão da imagem e do poder comunicacional pode ter influência na carreira e na forma como o mundo nos olha.
Para responder a esses desafios, Pedro Pinto, ex-jornalista da RTP, SportTv e CNN, diretor de comunicação da UEFA e atual Diretor Não Executivo da Eleven Sports, decidiu criar a Empower Sports, uma agência de comunicação dedicada a todos os agentes desportivos, desde atletas, a treinadores ou dirigentes.
Em todo o Mundo, os desportistas têm uma larga influência nas pessoas, não apenas a nível pessoal como a nível de consumidores. Vistos como uma marca, os desportistas precisam mais do que promoção e foi isso que conduziu à criação de uma agência de comunicação que vai procurar, nas palavras de Pedro Pinto, «proteger e fortalecer os clientes». Paulo Fonseca, Nani e Luís Boa Morte são clientes de uma marca que vem apostar num mercado que, até ao momento, era ignorado.
Casos como o de Cristiano Ronaldo ou Neymar mostram-nos o que é o jogador como marca. Os dois trabalham com empresas que gerem as suas imagens e que aumentam a sua influência na sociedade. Hoje em dia, quem se auto exclui acaba sempre por ser o excluído. Numa mesa redonda promovida pela Empower Sports foi possível perceber isso pela experiência de ex-jogadores - Vítor Baia, Nuno Gomes e Jorge Andrade - e do ex-treinador, agora diretor, José Couceiro.
«O nosso foco era ser um exemplo para a sociedade, principalmente para os mais jovens», dizia Vítor Baía, que contou um caso concreto de falta de apoio a nível comunicacional, o seu.
«Cheguei a Barcelona e naquela altura os empresários, a forma como estavam organizados, era quase como se fossemos solitários. Faziam o negócio e o atleta ficava entregue ao destino. Agravando a esta questão , como o meu empresário vivia longe e não tinha equipa à sua disposição, entregou a transferência a um empresário espanhol. Ele teve acesso ao meu contrato e quando chegou à hora de discutir os contratos com o clube veio tudo para a praça pública. Aí vacilei um pouco, levei porrada por todo o lado. Se tenho uma equipa comigo, desde a área da comunicação e alguém presente, não tenho dúvida que teria passado por essa fase de forma natural, ou se calhar nem teria acontecido», contou.
O ex-guarda-redes reconhece que no princípio resistiu à ideia das redes sociais, mas com a experiência percebeu o quão importante era estar ativo na rede. O currículo? Esse já não valia tanto.
«Vi-me confrontado com questões pertinentes. Os títulos são importantes, mas os likes têm repercussão maior. Senti isso a nível internacional, tinha títulos mas não tinha seguidores e isso para os patrocinadores não dava. Tive que entrar nesta nova era», revelou.
Tal como Vítor Baía, também Nuno Gomes acabou por entrar na rede, ele que, a esse nível tem contado com ajuda familiar e que também receonhece: « perguntam sempre quantos seguidores temos, quantos viram a última publicação. As marcas dão muita importância a isso».
«Muito provavelmente, hoje, nenhum de nós abriu um jornal. Vemos notícias no telemóvel, recebemos logo as notificações todas», começou por alertar José Couceiro, no momento da sua intervenção. O ex-treinador trouxe uma outra visão para a mesa e destacou o impacto das mudanças comunicacionais na forma de gestão de um balneário.
«Um treinador acaba um jogo e basta ficar para fazer a flash que quando chega ao balneário os jogadores Têm mais informação do que nós. isto altera a forma de gerir. esta dimensão, que é global, tem um aspeto negativo», aponta o atual diretor técnico da FPF.
A evolução tecnológica trouxe oportunidades para os atletas ficarem mais próximos daqueles que os seguem, mas com essas oportunidades apareceram desafios inesperados. Desafios esses que podem, agora, ser ultrapassados.