Quantos são os capítulos da história do futebol em que não existe justiça... hoje, em Paços, houve justiça. Porque este Paços continua num crescimento que já não justifica o último lugar e porque só uma equipa quis vencer este jogo.
Era último contra penúltimo, com vantagem de três pontos para o Santa Clara. Um empate deixava tudo na mesma, uma vitória do Santa Clara praticamente sentenciava o Paços. Mas a equipa de César Peixoto tinha outros planos e mandou a lanterna vermelha para as ilhas de bruma.
Claro que o jogo teria de ser de nervos. Muitos. Em causa estava uma autêntica final pela manutenção na Liga bwin, onde os erros podiam custar muito caro e serem decisivos no resultado final. E os do Santa Clara foram: 1-0 para o Paços, que acredita mais que nunca naquilo que foi, em termos recentes, apelidado de milagre.
A pensar neste importante jogo, César Peixoto e Accioly agiram de formas distintas: o técnico do Paços apostou nos mesmos 11 que começaram no Jamor, o do Santa Clara mudou um total de sete (!) jogadores na equipa titular, apostando inclusive numa forma diferente de defender.
Com o trio de meio-campo mais Gaitán a movimentarem a bola como tanto gostam, a bola foi quase sempre dos castores. Jogo construído de forma apoiado, a espaços bastante bem jogado se olharmos para a estética e para o espetáculo... mas com muito pouco sentido de baliza.
O último passe e o rasgo criativo dos amarelos nunca apareceram no meio do verdadeiro muro branco que os encarnados açorianos montaram. E dali pouco saíram, aproveitando apenas um par de contra-ataques para dar de si na primeira parte.
A justiça não chegou na primeira parte, mas demorou pouco a chegar na segunda. Com a ajuda do VAR, António Nobre marcou bem uma grande penalidade convertida pelo eterno capitão Antunes, invertendo assim todo o contexto do jogo. É que, agora, era o Santa Clara o lanterna vermelha...
Muito coeso, o Paços aguentava. Tinha mesmo de aguentar porque estes eram os três pontos mais importantes dos últimos tempos na Capital do Móvel. Quando o Santa Clara ia à frente, praticamente sempre criava perigo.
Foram, ainda assim, vezes insuficientes com qualidade insuficiente (excetuando o mini ataque cardíaco provocado por Walter González mesmo no fim): o Paços ganhou, ganhou bem, sai de último e acredita. Acredita mais que nunca.
Não podemos esquecer que o Paços começou o jogo em último e a saber que algo que não fosse a vitória pode ser um ponto final no sonho. E quem diria que assim era, caro leitor. Sempre fiel aos seus princípios, a equipa dos castores deu banho de bola apoiada ao Santa Clara. Assim sim!
A primeira parte do Santa Clara é absolutamente inexplicável, sendo praticamente inexistente em termos ofensivos. Com uma linha de cinco atrás, os açorianos limitaram-se a tentar anular o ataque do Paços. Na segunda parte, a perder, notou-se que esta equipa não é talhada para atacar....
Num jogo de muitos nervos, António Nobre manteve sempre a sua postura serena e autoritária. Não parou o jogo em exagero e decidiu bem, com a ajuda do VAR, no lance do penálti. Uma exibição à altura da importância da partida, excetuando o exagero de amarelos a partir da hora de jogo.