Não convence totalmente, com uma exibição aquém das expectativas perante um inexperiente Canadá, mas a Bélgica somou três importantes pontos e isolou-se na liderança do grupo F ao fim desta primeira ronda, devido ao empate (0-0) entre Croácia e Marrocos.
Stephen Eustáquio (FC Porto) e Steven Vitória (GD Chaves) estrearam-se em Mundiais com exibições sólidas - o médio foi um dos mnelhores em campo -, mas um erro defensivo, aliado ao penálti desperdiçado, condenou esta seleção a um resultado extremamente desapontante.
Ainda assim, o que não ganharam em pontos, compensaram com o estatuto que ganharam neste jogo e certamente levam para a segunda jornada. Terão certamente conquistado muitos adeptos, também.
Na sua segunda participação, depois de uma presença infeliz no Mundial 86 - apenas derrotas e zero golos marcados no México -, o Canadá não precisou de muito tempo para provar ser uma equipa digna desta prova. Se isso não ficou evidente com a espetacular demonstração de qualidade na fase de qualificação, então bastaram os primeiros minutos de jogo nesta fase final.
Também é relevante o apontamento à má prestação defensiva da Bélgica, que foi quem cedeu muitos metros quadrados do Ahmed bin Ali Stadium, de mão beijada, mas a equipa de John Herdman estava confiante e chegou à área adversária múltiplas vezes, com aparente facilidade.
Mas Davies não foi o único a não marcar grandes penalidades, pois também Janny Sikazwe, árbitro zambiano mais conhecido por um jogo que encerrou prematuramente, tomou algumas decisões estranhas no que toca a potenciais penáltis. Ficou um por assinalar aos 14 minutos, dado como fora de jogo apesar do passe ter origem belga, e mais um par de lances que facilmente podiam ter dado ao Canadá nova oportunidade.
O máximo que a Bélgica conseguia, em certos momentos do jogo, era abrandar o jogo adversário. À exceção de um bom lance individual de Hazard, nada tinha criado, até que Alderweireld, ambicioso, tentou colocar a bola na área adversária com um livre do seu meio-campo defensivo e conseguiu encontrar Michy Batshuayi, avançado escolhido na ausência de Lukaku e que fez o 1-0 em cima do intervalo.
O jogo partiu um pouco no segundo tempo e a seleção do Canadá apoiou-se cada vez mais nas costas do dragão Stephen Eustáquio, que se fez um dos melhores em campo. Ainda assim, as oportunidades de golo tornaram-se cada vez mais escassas e as entradas cada vez mais agressivas.
Já na reta final do jogo, a equipa belga cresceu um pouco e criou as oportunidades que mal surgiram durante o resto da partida. Do outro lado do campo havia uma defesa bem mais testada, mas a vontade de levar a bola até à baliza significou que Courtois teve muito menos trabalho do que seria de esperar, num jogo em que, devido aos primeiros 45 minutos, será incontornável figura.
O apito final confirmou os três pontos para a Bélgica, experiente seleção - com média de 30,5, este foi o onze mais velho até agora no Mundial - que também beneficiou de alguma sorte.
Como dizemos no título desta crónica, foi o Canadá quem mais impressionou durante o jogo, mas também há mérito para a Bélgica na forma como conquistou os três pontos numa partida em que esteve muito longe do seu melhor nível. Num Mundial que é visto como o último para a geração dourada da Bélgica, esta lição, mesmo sem custar pontos, terá sido muito importante.
Não é descabido dizer que esta foi a pior exibição das equipas de arbitragem até agora, neste Campeonato do Mundo. O árbitro zambiano não só se rodeou de alguma polémica na primeira parte, ao não assinalar uma segunda grande penalidade a favor do Canadá aos 14 minutos, mas também mostrou um critério pouco consistente nos cartões amarelos.