Uma presença indispensável. A bandeira da Ucrânia, no setor dos adeptos do Moreirense. Foi a primeira imagem do jogo em Arouca, num sábado à noite como tantos outros em Portugal. No leste do nosso continente, a guerra monopoliza as notícias e as emoções. Yan Matheus, na hora do golo, correu para lembrar o antigo colega Felipe Pires, transferido há duas semanas para Dnipro, agora uma cidade sitiada.
Esta é a crónica de um jogo de futebol. Tem de o ser. Mas o contexto europeu e internacional é, por agora, o assunto mais relevante em todos os campos. Em Arouca, a luta pela sobrevivência é apenas uma metáfora. A verdadeira faz-se noutras batalhas, bem mais dolorosas. Posto isto, o jogo. Um empate (1x1) que, no caminho para a fuga, não serve propriamente a ninguém.
Os 21 por cento de posse de bola do Moreirense, ao intervalo, contam muito, mas não tudo. Se o jogo foi, em larga escala, pachorrento, a culpa recai, sobretudo, na estratégia cónega. Mas, na mesma bandeja onde se serve a verdade, estão os lances que marcaram os primeiros 45 minutos. Sempre contra aquilo que se via em campo, a equipa de Sá Pinto foi perigosa.
Pelo meio, o Arouca tentou sempre ser mais afoito, com Bukia a assumir essa missão. No entanto, na hora de assustar Pasinato, foi pouco. Houve um cabeceamento de André Silva (43') e, na melhor das chances, um remate de Kouassi Eboué na sequência de uma bola perdida; Pasinato defendeu com os pés, numa reação instintiva. Seria o empate, já dentro da compensação.
Ao intervalo, Sá Pinto quis mexer. Jefferson Jr. ficou no balneário (exibição pobre, de facto) e Fábio Pacheco retomou o lugar que já foi seu por direito. Mas a história saiu «furada», porque o experiente médio esteve em campo apenas 21 minutos. Isto porque entre os 56 e os 66 minutos viu dois cartões amarelos. Aquilo que tinha sido pensado para consolidar a equipa acabou por redundar em mais de 25 minutos com dez.
Seguiram-se minutos intensos, com o Moreirense a desperdiçar uma grande penalidade poucos minutos depois; fantástico Victor Braga a defender o remate de Ibrahima Camará. Teria sido o «canto do cisne» cónego, que depois teve de suportar a pressão arouquense nos minutos finais. Bruno Marques voltou a estar perto do golo (86'), mas o empate prevaleceu para lá do apito final.
Sem ser conhecido por arrastar multidões, o Moreirense contou em Arouca com um excelente grupo de apoio. Foram cerca de uma centena e fizeram-se ouvir do primeiro ao último minuto. Não será por eles que a equipa cairá de escalão.
O médio é um dos jogadores mais experientes do plantel e com uma vivência larga na 1ª Liga, pelo que se pedia mais prudência e maior controlo emocional. Entrou ao intervalo e foi expulso aos 66 minutos por acumulação de cartões amarelos.
Não foi fácil gerir o jogo. Os nervos estiveram muitas vezes à flor da pele e foi preciso manter a serenidade. Esteve bem nesse capítulo, como na expulsão de Fábio Pacheco. Não viu a grande penalidade a favor do Moreirense, mas foi corrigido pelo VAR.