Sem ideias, sem inspiração, sem equipa e sem treinador. Assim foi o dececionante jogo da Inglaterra no eterno dérbi britânico com a Escócia. Os escoceses corrigiram o que havia a corrigir e aproveitaram a seleção dos Três Leões desinspirada e uma série de más decisões do próprio Gareth Southgate para sair de Wembley com um empate a zeros.
Depois de terem tido destinos distintos na jornada inaugural deste grupo D do Euro 2020 (Inglaterra venceu a Croácia por 1x0 e a Escócia perdeu por 0x2 com a República Checa), ingleses e escoceses encontraram-se nesta 2ª jornada num duelo inteiramente britânico, importante para as contas finais do grupo. Do lado dos Três Leões, uma vitória garantia, desde já, a qualificação para os oitavos de final, enquanto a Escócia precisava urgentemente de pontuar para poder sonhar.
Os dois selecionadores procuraram corrigir o que correu de menos bem no primeiro jogo e fizeram as devidas alterações aos onzes iniciais. Do lado inglês, Gareth Southgate promoveu as entradas de Reece James e Luke Shaw para os lugares de Kyle Walker e Kieran Trippier. Do outro lado, Steve Clarke mexeu um pouco mais depois da exibição paupérrima frente aos checos e fez entrar Tierney, Billy Gilmour, Callum McGregor e Che Adams para os lugares de Liam Cooper, Jack Hendry, Stuart Armstrong e Ryan Christie.
À entrada para este jogo, a Inglaterra era apontada como favorita à vitória e essa fama foi justificada com a seleção dos Três Leões a assumir o controlo da posse de bola praticamente desde o primeiro minuto, beneficiando também, em grande parte, do facto dos escoceses defenderem com todos os jogadores atrás da linha da bola. No entanto, aquando da chegada do esférico à zona do meio campo, a Escócia intensificava sempre a sua pressão por forma a não dar espaço aos criativos ingleses.
⌚️Intervalo: ENG🏴 0-0 🏴SCO
🏴Che Adams foi o jogador que mais vezes rematou na 1.ª parte.
A 🏴Escócia até fez mais remates do que a 🏴Inglaterra (5-4) e a única equipa a acertar entre os postes, contudo 🏴John Stones já acertou no ferro pic.twitter.com/Pzq9NCzxMT
— playmakerstats (@playmaker_PT) June 18, 2021
Isso obrigou a Inglaterra a ser bastante paciente na troca da bola e os comandados de Southgate não tiveram problemas em passar uma boa parte do seu tempo a deambular entre setores e corredores, esperando e forçando movimentos de rotura por parte dos seus médios ou dos seus alas nas costas da defensiva escocesa para criar perigo. Apesar de ter a larga maioria da posse de bola, o primeiro sinal de real perigo da parte da Inglaterra até chegou da cabeça do central John Stones, na sequência de um canto, mas o poste impediu a festa dos adeptos em Wembley.
E se defensivamente a Escócia estava a impor algumas dificuldades à Inglaterra devido à sua boa organização defensiva - a opção de McTominay e Tierney a centrais trouxe maior mobilidade e velocidade - e intensidade na hora da disputa da bola, o mesmo foi raro no ataque. Na larga maioria das vezes, a Escócia voltou a demonstrar dificuldades em construir e apostava muitas vezes no jogo direto para a velocidade dos seus extremos ou para a cabeça de Dykes, o seu ponta de lança. Contudo, nas duas únicas vezes que apostou num estilo de jogo mais apoiado e na incursão dos seus dois alas - Robertson e O'Donnell - no último terço criou perigo. Numa delas, O'Donnell obrigou Pickford à melhor defesa da 1º parte.
A ida aos balneários fez claramente melhor à Inglaterra, que entrou bastante mais agressiva, intensa e a pressionar mais alto, especialmente em relação à ponta final da 1ª parte, e até esteve perto do golo logo nos primeiros minutos, através de remate de meia distância de Mount, mas David Marshall esteve bem. No entanto, a entrada intensa inglesa - na tentativa de surpreender e marcar cedo - foi curta e a Escócia conseguiu reentrar na partida e controlar melhor o ritmo do jogo.
Do lado inglês, a procura pelo golo era incessante, mas apenas as lateralizações de Harry Kane, e as incursões de jogadores como Reece James ou Mason Mount, eram capazes de criar espaço na defesa cerrada escocesa e, consequentemente, perigo. Do outro lado do campo, até foi a Escócia quem esteve mais perto do golo, mas Reece James tirou o remate de Dykes, na sequência de um canto, praticamente em cima da linha.
⌚️Apito final: ENG🏴 0-0 🏴SCO
⚠️Oito jogos depois a 🏴Inglaterra fica um jogo em branco (Bélgica > Escócia).
A 🏴Escócia, com 1 ponto, ainda não marcou neste 🏆Europeu e discute a qualificação em casa frente à 🇭🇷Croácia (1 pt). pic.twitter.com/1AohTP5kAo
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Com dificuldades em construir entre linhas no último terço, Gareth Southgate promoveu, já para lá da hora de jogo, as entradas de Rashford e Grealish, mas acabou por surpreender ao tirar Foden e Kane, dois dos jogadores que melhor estavam em jogo. O crescente balanceamento da Inglaterra para o ataque beneficiou a Escócia, que teve mais espaço para correr e a formação comandada por Steve Clarke chegou com bastante mais frequência à baliza adversária, mas a ineficácia imperou.
Com este resultado, a Inglaterra está agora em 2º lugar do grupo D, com os mesmos quatro pontos que a República Checa, sendo que as duas seleções se defrontam na 3ª e última jornada. Por sua vez, Croácia e Escócia somam um ponto cada e também se defrontam no próximo jogo. Está tudo em aberto neste grupo.
Depois de um primeiro jogo frente à República Checa que deixou bastante a desejar, Steve Clarke não teve medo de mexer bastante na equipa e tirou frutos dessas mudanças. A Escócia esteve melhor defensivamente, mais agressiva e mais perigosa. O teor deste dérbi também ajudou, mas o selecionador escocês tem o seu mérito.
Se frente à Croácia a Inglaterra tinha já demonstrado algumas fragilidades, o mesmo voltou a acontecer neste jogo. Southgate não mexeu onde devia, a equipa sentiu dificuldades e o selecionador inglês tentou sempre corrigir as lacunas ora tarde, ora tirando as peças erradas. Os jogadores estiveram mal, mas não foram os únicos.