O B-SAD pontuou no Bessa, num jogo onde não foi inferior e no qual voltou a ficar visível uma versão preocupante do Boavista, que, é certo, tornou a não sofrer golos (contra o pior ataque do campeonato), mas que pouco produziu em termos ofensivos. Não se regista evolução em termos coletivos na criação axadrezada e esse é um problema crescente.
Não é novidade que este Boavista, que até começou o campeonato de forma aberta, disponível para o espetáculo e refém de muita falta de entrosamento, tem procurado, nos tempos mais recentes, alicerçar-se no cinismo para melhorar os resultados. O jogo com o Benfica foi um oásis, até porque aí a responsabilidade estava toda do lado encarnado, no meio do deserto exibicional que se tem visto na equipa de Vasco Seabra, desesperado por ter maior solidez defensiva e ansioso que as individualidades (e há tanta qualidade individual) consigam resolver. Pois bem, para este jogo a questão era se o nível subiria em relação ao fraco jogo em Vizela, ganho no prolongamento e com muitas dificuldades.
Havia duas exceções: Show e Angel Gomes. O primeiro foi incansável nas recuperações e um farol para ter a bola nos pés (e o angolano nem costuma ser referência nesse aspeto). O segundo, que é de outro campeonato, foi o criativo de serviço, ganhando metros e faltas (algumas com Tiago Martins a proteger o infrator) e criou a melhor oportunidade dos axadrezados, que Benguche não foi capaz de concretizar.
Nesse momento, já o B-SAD tinha tido o lance mais sonante da primeira parte, num disparo fortíssimo de Miguel Cardoso ao ferro. O melhor comportamento dos azuis, com a tal boa pressão e com boa ligação entre os setores, merecia mais oportunidades, mas a equipa foi curta para as criar e ainda teve alguns sustos no contra-ataque boavisteiro - a única forma de a equipa de Vasco Seabra aparecer com perigo no ataque.
Se a primeira parte tinha sido muito parca em criação ofensiva por parte do Boavista, a segunda ainda foi pior. Só Cannon teve uma oportunidade, numa rara desatenção do B-SAD, e nada mais. Vasco Seabra tentou encontrar no banco aquilo que não estava a ter em campo, mas praticamente nada daí extraiu.
E o jogo, que até teve um pico de emotividade no começo da segunda parte, praticamente mais nada trouxe, à exceção de meia distância da pantera na reta final, sem danos a registar. Um ponto que agudiza uma versão boavisteira aquém do esperado.
O Boavista pode dizer que, neste aspeto, tem melhorado. Nos últimos 4 jogos, em 3 não sofreu, mas nem por isso se pode dizer que a equipa de Vasco Seabra tenha mostrado grande segurança. Ainda assim, se é de trás que se começa a construir uma equipa, os axadrezados podem dizer que estão a tratar dos alicerces da casa.
Voltamos a falar do Boavista, pois é preocupante que, nesta altura, a equipa crie tão pouco. Tem menos oportunidades que no começo da época, onde o fator surpresa ainda trouxe algumas alegrias (em lances individuais ou bolas paradas), e não se vê evolução no futebol coletivo apresentado. Há muito a trabalhar.
Jogo sem problemas, mas no qual Tiago Martins por vezes complicou, com alguns lances mal ajuizados e um critério estranho para punir (ou não) as infrações. Não teve influência no resultado, mas sim no normal decorrer do desafio.