Que jogo! Muitos golos, reviravolta para um lado, reviravolta para o outro, muita emoção, muitos erros, de parte a parte, e derrota do Benfica em casa, frente a um Santa Clara (3x4) que nunca se amedrontou frente a uma águia claramente fragilizada. Neste momento, pouco pode explicar esta quebra abrupta de rendimento das águias na segunda metade da temporada.
Em jeito de síntese, os açorianos radicados em Lisboa ainda estiveram duas vezes na frente do marcador, com muito mérito, depois passaram para trás e acabaram na frente. Só visto!
A vitória do Benfica em Vila do Conde (1x2) afastou a saga dos empates e a expectativa era grande para perceber se a turma de Bruno Lage tinha capacidade para dar seguimento a um bom resultado, visto que o regresso à competição deu-se com dois empates. Pura ilusão. Mérito do Santa Clara, mas muito demérito do Benfica.
O Benfica não sofria 3 derrotas em casa na Liga na mesma época desde 1996/1997 ❌😮
▶ Benfica 0x2 FC Porto
▶ Benfica 0x1 Braga
▶ BENFICA 3X4 SANTA CLARA pic.twitter.com/hJDJzftwRg
— playmakerstats (@playmaker_PT) June 23, 2020
Os açorianos tiveram uma atitude muito proativa no jogo. Sólidos na defesa, consistentes no miolo e pacientes no ataque. Nota-se que o bom momento que vivem no Campeonato transmite-lhes enorme confiança e permite-lhes entrar em qualquer campo sem qualquer tipo de pressão. Já outras equipas...
E se houve momentos em que o equilíbrio foi evidente, também não é menos verdade que o Benfica teve as suas oportunidades para chegar à vantagem. Mal seria. Não aconteceu, muito por culpa do guarda-redes Marco Pereira, que foi negando algumas investidas contrárias como podia, com especial destaque para remates de Adel Taarabt, Weigl e Nuno Tavares. E é precisamente sobre este último que incidem as próximas linhas.
O jovem lateral, mais uma vez titular em virtude da lesão de Grimaldo, até estava a fazer um bom jogo, em comparação com muitos colegas (Pizzi, que se passa?), só que a nódoa acabou por cair precisamente num dos melhores panos. Um lance de contra-ataque potencialmente perigoso transformou-se no golo do Santa Clara. Como? Um erro imperdoável do camisola 71 no momento da saída em transição.
Em desvantagem era preciso mudar ao intervalo, e foi isso mesmo que Lage fez. Gabriel e Seferovic não regressaram para a segunda metade, entrando Carlos Vinicíus e... Andrija Zivkovic. Esse mesmo. O extremo sérvio que não jogava para a Liga desde março do ano passado.
Bem, por onde começar? É uma pergunta legítima para aquilo que se passou nesta segunda parte. Seis golos, três deles para o Santa Clara, e emoção até à última gota de suor.
É a 1ª vitória do Santa Clara na casa do Benfica!
▶ 1x0 - 1999/2000
▶ 2x1 - 2001/2002
▶ 1x0 - 2002/2003
▶ 4x1 - 2018/2019
▶ 3x4 - 2019/2020 pic.twitter.com/2RMkkDVpqB
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Começou melhor o Benfica, com Zivkovic, Taarabt, André Almeida e Rafa Silva a desenharem o golo do empate. Uma resposta quase imediata das águias que viria a merecer resposta em igual medida por parte dos açorianos. De bola parada, imagine-se...
Os encarnados já tinham consentido quatro golos na sequência de lances de bola parada neste regresso, e voltaram a falhar nesse capítulo, neste caso com Osama Rashid a bater o canto para a finalização de Zaidu entre os centrais.
Sem tempo a perder, o Benfica reagiu e reagiu muito bem, é importante que se diga, porque também houve mérito em determinados momentos do jogo para a equipa da casa. Carlos Vinícius teve cabeça para consumar a reviravolta, ao apontar dois golos em apenas dois minutos, isolando-se dessa forma no topo da lista dos melhores marcadores da Liga. Só que o pior ainda estava para chegar. Um balde de água gelada.
O 3x2 estava feito, mas o Santa Clara não atirou a toalha ao chão. De espírito corajoso, novo brasão desta equipa, os comandados de João Henriques reentraram na partida, aos 81 minutos, na conversão de uma grande penalidade que motivou muita polémica e mudou a enredo do jogo, com a reviravolta a ser consumada em cima do apito final. Está escrita a história deste filme - primeira vitória do Santa Clara na Luz - e com... final (in)esperado.
Em suma, Santa Clara mais perto de bater o recorde de pontos na Liga e o Benfica a estender a passadeira para a liderança isolada do Campeonato ao rival FC Porto.
Numa noite com muitas incidências, houve um lance que merece particular destaque na análise ao desempenho de João Pinheiro: a grande penalidade assinalada a favor do Santa Clara. Há mão de Rúben Dias, isso parece claro, mas fica a ideia de que o central é carregado em falta. Não foi esse o entender do árbitro da AF Braga.
O simples facto de esta ser a primeira vitória do Santa Clara na Luz já merece honras de destaque. Ainda para mais pela forma como foi conquistada. Uma equipa que nunca se baixou a guarda, mesmo quando o Benfica deu a volta ao marcador num tão curto espaço de tempo, e que acaba por vencer o jogo com muito mérito e muita alma.
Se sofrer quatro golos em casa já é um sinal bastante negativo, a forma como esses golos foram consentidos ainda agrava mais o cenário. Erro infantil de Nuno Tavares no primeiro, (mais um) golo sofrido na sequência de um lance de bola parada, uma grande penalidade cometida e uma defesa aos papéis no quarto... Inexplicável