O Benfica tinha alargado a vantagem com uma goleada e uma grande exibição, o FC Porto respondeu no melhor dos estilos. Em casa, os Dragões realizaram uma das melhores atuações da época e bateram o Tondela por claros 3x0.
O segundo classificado da Liga apareceu diferente (para melhor) e não teve problemas para fintar um adversário que nem parecia, à partida, um dos melhores visitantes do campeonato...
Esperavam-se alterações no meio campo, a própria continuidade de Corona na lateral direita era mais ou menos óbvia, mas a ficha de jogo que Conceição apresentou a Natxo trazia uma equipa com muitas unidades ofensivas, três extremos e, acima de tudo, um Nakajima livre para criar em terrenos centrais. Tudo isto bem oleado...
De facto, a presença do japonês em campo foi o principal motivo de interessante durante uns primeiros 45 minutos que não tiveram grande ritmo. Jogando ligeiramente mais atrás em relação a Soares, Shoya recuou, tabelou, desequilibrou e ainda teve tempo para falhar um par de passes mais arriscados, recebendo o perdão de um Dragão paciente, ainda que não muito efusivo, numa noite em que o frio invadiu a Invicta.
O primeiro golo, que foi também o primeiro momento de verdadeiro perigo e emoção, teve o condão do antigo jogador do Portimonense, mas também contou com um Díaz (irrequieto e perigoso) inteligente a explorar o terreno central e a abrir no lateral/extremo Corona, que ofereceu de bandeja o protagonismo a Tiquinho Soares. Um dos lances mais bem construídos dos primeiros 45 minutos, perante um Tondela atraído e apanhado na teia.
Numa primeira parte de algumas novas variantes que não deixaram de confundir o Tondela, criterioso na saída, mas pouco objetivo do meio campo para a frente, o marcador acabou aumentado através de um autêntico clássico na versão portista de Sérgio Conceição. Bola tensa de Telles, desvio de Marega, bis de Tiquinho. Tudo natural, tudo justo, quando a hora foi de regressar aos balneários.
Até pelo desgaste europeu, também pelo conforto do marcador, podia-se esperar um Dragão mais a controlar do que a acelerar. Totalmente o oposto. Pressionante, dinâmica, a equipa de Sérgio Conceição quis passar uma mensagem desde muito cedo para o outro lado que não estava para poupanças nos segundos 45 minutos. Uribe ainda ameaçou, Otávio colocou mesmo o carimbo, depois de uma belíssima jogada de combinação, poucas vezes vista nos últimos tempos de FC Porto.
A goleada não acalmou a equipa da casa. A pressão continuou a bom ritmo, desde a primeira fase de construção tondelense. Cláudio Ramos, Yohan e Ricardo Reis bem tentavam respeitar a identidade, mas era um Dragão por esta altura esfomeado, cheio de vontade e com artistas que também souberam correr atrás da bola. O quarto pairava e o estádio ganhava vida.
E bem que tentaram os azuis e brancos até ao apito final deixar o resultado com uma diferença bem maior. Conceição refrescou a equipa desde o banco, Fábio Silva e Sérgio Oliveira tiveram direito a mais minutos, a bola acabou por não entrar, mas o trabalho já tinha sido passado...com distinção.
Pedia-se um FC Porto de cara lavada em relação às últimas partidas, ele apareceu em força. Que bela exibição da equipa azul e branca. Boa dinâmica do meio campo para a frente, combinações imprevisíveis, organização ofensiva bem oleada. Um regalo para os 19000 que fintaram o frio.
O conjunto de Natxo até começou por sair bem, apoiado, de forma segura, mas os golos fizeram muito mal. A equipa caiu de rendimento, não conseguiu travar o poderio portista e deixou de acreditar verdadeiramente num resultado positivo.