Não foi a equipa do Benfica nem os seus jogadores, mas havia uma ideia generalizada de que este era um FC Porto muito mais débil do que este Benfica. Subestimados, no fundo. Pois bem, com a bola a rolar, a equipa de Sérgio Conceição mostrou que tem muito mais do que aquilo que lhe era atribuído, ganhou com mestria na Luz e mostrou que não há invencíveis nem vencedores precoces. O campeonato é uma maratona e ainda mal começou.
Os dois treinadores optaram por não surpreender, embora os portistas se tenham desdobrado mais em 4x3x3, com Baró como interior. E o Benfica, amarrado a uma ideia de bola comprida e de Pizzi junto da linha defensiva contrária, deu uma parte de avançado. Ao intervalo, ainda não tinha acertado na direção da baliza contrária. Até ao fim, pouco o fez.
Tire-se da ideia toda e qualquer crença de um FC Porto fragilizado. Só foi preciso a bola rolar para que isso saltasse à vista. Foi muito rápido: no espaço de 10 minutos, a Luz, onde previamente se via o jogo como uma oportunidade ideal para ganhar uma vantagem (pontual e emocional) vertiginosa, passou da euforia à apreensão.
A vantagem era justa e os incómodos na bancada encarnada eram grandes, quer pelas constantes demoras portistas que irritavam o Benfica e que Jorge Sousa não estancou, quer porque os erros próprios se sucediam, tal como a apatia. Nesse aspeto, foi evidente a inconsequência das arrancadas de Rafa, sempre parado pelos adversários, e o apagamento de Pizzi, que surgiu quase sempre junto da linha defensiva contrária, divorciando-se de pegar no jogo mais atrás - algo que Florentino e Samaris não fizeram bem.
E, sobre a dupla de ataque do Benfica, tão falada ultimamente pelas dores de crescimento, só perto do descanso conseguiu incomodar o coração dos portistas, mas sem sucesso.
E o Benfica até viveu uma boa fase, com um pouco mais de dinâmica pelos corredores e alguns sobressaltos, por entre várias tentativas portistas de abrandar o jogo e enervar o adversário. Objetivo cumprido. Com o bónus de a defesa portista tudo resolver - Pepe, que monstro!
Não se poderia, até, dizer que o Benfica esteve mais próximo do empate do que o FC Porto do 0x2. Em suma, e apesar de momentos mais recuados e a ter de lidar com a pressão adversária, a equipa de Sérgio Conceição até pode chegar ao resumo televisivo e lamentar não ter conseguido mais cedo o golo da sentença. Marega que o diga. Falhou à primeira, isolado, e só à segunda conseguiu.
Para quem duvidava, ei-lo. O dragão está aí, saudável e cheio de força!