Nem sempre os jogos podem ser vistosos e este é um desses casos. O FC Porto bateu o Vizela por 2-0, num encontro globalmente aborrecido, com pouca qualidade e sem grande emoção. O Vizela apresentou-se organizado e a travar o jogo interior dos portistas, mas pouco conseguiu em termos ofensivos. A viver uma excelente fase no capítulo defensivo, os dragões voltaram a ser sólidos nesse capítulo, embor bem menos exuberantes à frente. Otávio faz muita falta. Salvou-se a vitória, os três pontos, o regresso aos golos de Taremi e o ressurgimento de Pepê.
Um golo a fechar a primeira parte, outro a acabar a segunda e uma boa dose de eficácia. Não foi, de todo, o melhor dos jogos, se bem que esta é uma fase em que, para os dragões, pela cadência de jogos e pelas ausências por lesão, imperial mesmo era ganhar. Tarefa concluída com êxito, num triunfo, ainda assim, que não merece qualquer contestação.
Só com o golo, perto do intervalo, e já depois de sinais evidentes de insatisfação da bancada, se pôde sentir algum calor no fresco fim de tarde na Invicta. O estádio esteve muito bem composto, a uma hora convidativa, mas, se no início começou por se esforçar para apoiar a equipa - perante o silêncio das claques, em protesto de 12 minutos contra as medidas governamentais a propósito da pirotecnia - aos poucos se foi esmorecendo. Influenciado pela equipa portista, também ela muito amorfa.
A ausência de Eustaquio explica um pouco, a utilização de Grujic, vindo de lesão, explica mais um pouco, mas, acima de tudo, essa inoperância para a diferença que a equipa costuma conseguir entre-linhas é explicada por dois pontos: Otávio é o estratega que mais falta faz aos portistas e Taremi é um elemento em claro sub-rendimento na construção. Algumas precipitações, muitos passes falhados e a sensação de que a tarefa azul e branca não ia ser fácil.
Mesmo assim, convém dizer que o Vizela conseguiu muito pouco no último terço. A equipa desenrolou-se bem na zona intermédia, com um meio-campo móvel e bom de bola, só que furar a organização defensiva portista é tarefa muito complexa. Com exceção para um ou outro sobressalto em ações pelas faixas, os vizelenses pouco conseguiram.
Quando uma equipa não permite espaço ao adversário no seu meio-campo defensivo e muito menos oportunidades, garantidamente tem o jogo controlado. Quando um resultado não desata do 1-0, garantidamente o jogo não está ganho. A segunda parte não foi melhor do que a primeira. E era complicado que isso acontecesse...
Seria perto do fim que finalmente o golo apareceria, num lance simples e que demonstrou que, com menos complexidade, a tranquilidade podia ter chegado mais cedo: João Mário a construir na direita, Taremi a finalizar com frieza. Sacudidos os fantasmas do iraniano, deu depois para lançar jovens (Vasco Sousa estreou-se) e para rever Pepê... a defesa direito.
O lado direito portista voltou a ser bem melhor do que o esquerdo (e que o corredor central, diga-se). João Mário continua num bom momento e a ele se começa a juntar Pepê, apostado em se cimentar outra vez no onze portista.
Tantas vezes se pedem jogos a horas mais convidativas e este foi excelente para que mais famílias fossem à bola. Mas fica difícil cativar. Claro que os portistas estão com uma pesada sequência de jogos, claro que as ausências deixam mossa, mas esperava-se mais qualidade de jogo. Valeu, do ponto de vista portista, pela vitória.