Depois de Eintracht Frankfurt e Tottenham, eis que chegou a vez do Marseille surgir no caminho do Sporting na Liga dos Campeões. O único emblema gaulês com um título europeu no seu palmarés tem sido uma equipa de duas caras em 2022/23, pelo menos, no que diz respeito a resultados, não tanto ao nível exibicional, que tem sido bastante regular desde a entrada do croata Igor Tudor para o comando técnico.
A nível estrutural, o Marseille apresenta-se num 3x4x3 (ou 3x4x2x1), muito semelhante ao sistema predileto de Rúben Amorim, em que os laterais assumem papel de autênticos alas e têm liberdade (quase) total para pisarem zonas mais adiantadas do terreno, sendo que a principal diferença está na forma como os homens do meio campo se posicionam e constroem.
Além das múltiplas soluções para a linha defensiva, o treinador croata dispõe de múltiplas opções para o miolo, tendo elementos de maior contenção ou de maior agitação, consoante aquilo que o jogo e o adversário ditem nos diversos momentos. Rongier, Veretout e Guendouzi são apenas exemplos da qualidade da matéria prima a cargo de Tudor.
Com uma ideia de jogo predominantemente ofensiva, em que é exigida ainda uma forte pressão no momento da perda, é nas bolas paradas que encontramos uma das principais armas do Marseille. Payet é um dos especialistas na cobrança, mas há muitos nomes fortes no jogo aéreo.
Em sentido contrário, o momento de transição defensiva é o calcanhar de Aquiles do OM. Sendo uma equipa muito virada para o ataque, ao ponto de colocar facilmente quatro-cinco homens no reduto do adversário, há espaços que se abrem, nomeadamente nas costas dos alas, que podem ser explorados pelo Sporting.
O aproveitamento de bolas paradas é um dos pontos fortes da equipa liderada por Igor Tudor. Além de ter excelentes executantes, o conjunto gaulês tem vários jogadores muito fortes no jogo área, como são os casos de Mbemba, Balerdi e Guendouzi.
O problema de muitas equipas com forte propensão ofensiva, como é o caso do Marseille, que, em determinados momentos do jogo, aparece com quatro-cinco homens no último terço, é o espaço que deixam nas costas entre os laterais/alas e centrais, muitas vezes fatais na transição defensiva.
O internacional chileno mudou-se no verão para Marselha, inscrevendo assim mais um país e um campeonato no seu vasto currículo, e os números não enganam: quatro golos em oito jogos fazem de Alexis o melhor marcador do Marseille na presente temporada. Os anos passam, mas a qualidade continua lá.
Longe vão os anos em que Igor Tudor era presença regular no eixo defensivo da Juventus e da seleção croata. Deixou os relvados em 2007/08 e passou para a função de técnico em 2013/14, tendo passado pela Croácia, Grécia, Turquia e Itália antes de assumir o Marseille. E se as coisas não têm corrido bem na Europa, na Ligue 1 ainda não perdeu.