Duas jornadas depois, o Sporting está de volta aos golos e às vitórias. Sem avançado de referência, a equipa de Rúben Amorim foi até ao Estádio António Coimbra da Mota vencer o Estoril por 0-2. St.Juste e Marcus Edwards fizeram os golos na primeira parte e Amorim mostrou que por muitos avançados que possa ou não ter rejeitado, ainda continua a rejeitar desistir deste Sporting.
Ao longo das últimas semanas, o assunto tem sido o mesmo. Matheus Nunes saiu e o Sporting foi ao mercado. Com o dinheiro que sobrou, pedia-se que parte fosse investido num avançado para fazer concorrência a Paulinho, mas o último dia de transferência trouxe um extremo, curiosamente contratado ao Estoril Praia. Nos programas televisivos e nas redes sociais, dizia-se: «Amorim rejeitou [jogador x].» Na visita à Amoreira, o único avançado da equipa leonina esteve no banco e tem 17 anos.
Com um ataque móvel, o mesmo que jogou frente a FC Porto e Chaves, o Sporting dominou por completo o Estoril na primeira parte e mostrou que nem sempre é preciso ter uma referência na frente para marcar golos. Em 45 minutos, os leões marcaram dois. A ineficácia que faltou em Alvalade, frente ao Chaves, mas um domínio idêntico.
Depois de jogos bem conseguidos, a equipa de Nélson Veríssimo enfrentou um teste difícil e o objetivo passaria por causar alguma intranquilidade na equipa de Rúben Amorim, que queria marcar cedo para afastar o fantasma dos golos. Só que a equipa canarinha não teve argumentos para causar esse desconforto na primeira parte.
Com St.Juste a titular pela primeira vez, os leões ganharam maior tranquilidade e capacidade na saída de bola e na frente a mobilidade do trio foi determinante para encontrar soluções para continuar a pisar o meio-campo adversário. Neste aspeto, houve sempre mais Pedro Gonçalves do que Edwards e Trincão. O golo inaugural até surgiu num lance de bola parada, isto depois de já ter existido um aviso que esbarrou na barra de Dani Figueira. St.Juste também veio acrescentar agressividade no jogo aéreo ofensivo, dando aos leões uma solução além de Coates.
O peso das duas derrotas e da posição na tabela, que, apesar de ainda estarmos numa fase precoce da temporada, incomoda sempre, não se sentiu na formação verde e branca, que, exceção a um erro de comunicação entre Juste e Adán que quase deu o golo a Rodrigo Martins, mostrou sempre tranquilidade e capacidade para jogar em terrenos ofensivos. A tal mobilidade, com Pedro Gonçalves sempre a destacar-se, foi evidente no lance do golo de Marcus Edwards, que, à imagem do que a equipa leonina foi mostrando em campo, teve tranquilidade para ultrapassar Dani Figueira e alargar a vantagem verde e branca.
Pode até ter sido apenas uma sensação, pelo facto de a bancada de imprensa ficar do lado do meio-campo para o qual o Estoril atacou para a segunda parte, mas, tal como havia acontecido nos primeiros 45 minutos, também no segundo tempo a bola rolou com mais frequência nessa metade.
A equipa de Nélson Veríssimo entrou mais agressiva, procurou pressionar mais alto e condicionou a saída de bola dos leões pela direita, com St. Juste a passar por maiores apertos no segundo tempo, mas as melhorias estorilistas não foram suficientes para causar alguns calafrios a Adán.
Com Benchimol (entrou ainda na primeira parte para o lugar do lesionado João Carlos), o Estoril ganhou um jogo mais associativo e isso ajudou a que a equipa ganhasse alguns metros na segunda parte, em jogo controlado. Com Geraldes a ter também mais bola, os canarinhos passaram a uma posição de domínio, mas também nessa fase houve tranquilidade verde e branca.
Desde o banco, Amorim pediu maior capacidade de pressão e colocou Pedro Gonçalves no meio, com Rochinha a entrar para a esquerda, e essa alteração acabou por ajudar a estagnar o jogo estorilista pelo corredor central. Se Benchimol tem conseguido desviar um bom passe de Geraldes, talvez a história tivesse sido diferente, com o Estoril a juntar o crescimento às oportunidades de golo e o Sporting a sentir essa intranquilidade, mas tal não aconteceu.
O tempo foi passando e nunca se viu um leão inquieto, mesmo que, dentro das quatro linhas, não houvesse uma referência ofensiva. A mensagem foi clara e a ideia que fica é que os jogadores acreditam nas ideias do treinador. Oficial: Amorim recusou a perder.