A alvorada da quinta jornada da Liga Bwin foi com um encarnado carregado no céu. O Vizela ameaçou repetir a façanha de março (1-1) e levar pontos da Luz, estando em vantagem durante largos minutos, mas o tempo de jogo foi até aos três dígitos e o Estádio da Luz, na voz dos seus adeptos, foi ao delírio!
Para chegar às cinco em cinco no campeonato, Roger Schmidt apostou num onze sem surpresas. Na ausência esperada de reforços mais recentes, Aursnes foi a jogo a partir do banco, e testemunhou de perto a reviravolta do Benfica, que tanto tempo esteve refém do plano de jogo de Álvaro Pacheco. Pelos moldes do jogo, e sabendo que os campeões são forjados em momentos difíceis, o título desta crónica faz-se uma pergunta válida...
Dono da casa, bola e inegável favoritismo, o Benfica podia esperar dar continuidade ao início imaculado da nova temporada, somando mais uma às oito vitórias consecutivas que levava, mas os primeiros minutos pintaram uma imagem diferente. Começaram por rondar a área adversária, sim, mas rapidamente ficou evidente o bom plano do Vizela, capaz de roubar os caminhos favoritos dos maiores criativos, bem como aproveitar o espaço no ataque.
Quem melhor aproveitou esse espaço foi Milutin Osmajic. Depois de brilhar em 45 minutos frente ao Gil Vicente, o avançado montenegrino conquistou um lugar no onze inicial e ao 20º minuto foi encontrado por Kiko Bondoso na profundidade e bateu Odysseas com um bom remate, estreando-se a marcar de forma quase onírica.
Álvaro Pacheco procurou reforçar a equipa defensivamente com a entrada de Claudemir, mas a saída de Bruno Wilson (lesionado) no primeiro tempo já tinha deixado a sua equipa mais frágil, de forma que o caudal ofensivo do Benfica cresceu. Nunca com oportunidades verdadeiramente flagrantes, mas, ainda assim, perigosas.
Os visitantes não perderam a capacidade de subir no terreno e criar algo, mesmo que com poucas unidades no meio-campo ofensivo, o que deu especial interesse ao jogo e uma frustração para os adeptos caseiros, agora desabituados a um marcador desfavorável. Para esses nervos e ansiedade, David Neres teve o melhor remédio: um pontapé forte, de pé esquerdo, para empatar a partida.
Mas um ponto nunca seria satisfatório para as ambições encarnadas, e como tal os comandados de Roger Schmidt, empurrados pelo terceiro anel, foram por mais. Nessa busca, tropeçaram, pelo pé de Gonçalo Ramos, num lance caricato: o avançado caiu e milhares de vozes gritaram por uma grande penalidade, mas o árbitro viu simulação e mostrou o segundo amarelo a Ramos. Decisão que gerou o pico de decibéis nesta noite lisboeta... qual Kalorama?
O tempo adicional foi de oito minutos, nos quais a frustração continuou a crescer. Um par de chegadas à área alimentaram a esperança, que atingiu o pico já depois do tempo dado pelo juiz: grande penalidade assinalada, por mão de Diego Rosa! Chamado a converter, João Mário vestiu a farda de herói e fez a Luz gritar, a plenos pulmões, o seu nome.
Nove consecutivas... Quem trava o Benfica agora?
Não foi o jogo mais convincente do Benfica, que mostrou algumas debilidades a nível ofensivo e ainda esbarrou com as suas próprias dificuldades quando os principais criativos não têm o espaço habitual. Ainda assim, é no contrariar de circunstâncias adversas que se forjam campeões, e a crença teve um final digno esta noite.
Se o sistema de pressão intensa de Roger Schmidt funciona, e é evidente que sim, então é porque a transição defensiva está muito bem trabalhada. O problema é que basta um erro, que o ataque ao portador adversário não seja tão imediato, para manchar jogos. Quando o adversário consegue explorar o espaço que definitivamente existe, o Benfica sofre...