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    Equipa precisa de 20 mil euros para o Europeu

    Saltaram do Universitário para o Distrital e querem ir ao Europeu: o projeto inovador da Nova SBE

    2022/06/16 18:00
    E6

    O futebol universitário em Portugal merece pouca ou praticamente nenhuma atenção. No entanto, há um projeto que tem como objetivo mudar o paradigma e que está a ser bem sucedido. Trata-se do Clube de Futebol da Nova SBE, que se apresenta como um «projeto único e inovador no desporto em Portugal que tem como principal foco aliar a prática competitiva do futebol e a formação dos melhores profissionais do futuro».

    A característica única da equipa de futebol da Universidade Nova School of Business & Economics prende-se com o facto de participar no campeonato distrital da AF Lisboa (já lá vamos), onde também tem sido bem sucedida. No entanto, foi no campeonato universitário que a equipa atingiu o seu ponto mais alto, recentemente, com a conquista inédita do campeonato nacional, já depois da conquista do campeonato de Lisboa.

    «Foi uma conquista inédita. Quando assumi o projeto, há dois anos, assumi que acreditava que em três anos íamos ser campeões nacionais. Apesar termos muitos miúdos novos e muitas lesões, o nosso mote sempre foi "ainda ninguém nos ganhou, porque não nós?".  Foi muito na base da superação. Acho que foi a chave para o nosso sucesso. A união do grupo, a superação e, sobretudo, o facto das pessoas na Nova SBE realmente sentiram o símbolo.», começou por contar Afonso Maya Seco em conversa com o zerozero.

    Para além da conquista, a equipa da Nova SBE garantiu também o direito a participar no Campeonato Europeu Universitário, que vai decorrer em Lodz, Polónia, em julho de 2022, mas a situação não é assim tão simples. Tal como em muitas outras situações, é uma questão de dinheiro. A equipa já conseguiu pagar cerca de 16 mil euros com o apoio da faculdade, mas faltam cerca de 10 mil para os voos. A solução encontrada foi um crowfundig de cerca de 20 mil euros no qual qualquer um pode contribuir, mas que ainda está bem longe do objetivo final.

    «Fomos campeões na sexta-feira, às 22h, e recebemos um e-mail no sábado, à 1h, a dizer que tínhamos até dia 25 de maio para fazer um depósito de 10 mil euros e até 1 de junho para pagar 660 euros por atleta/comitiva, cerca de 16 mil euros. Tivemos uma semana e meia para angariar 16 mil euros, sem qualquer tipo de ajuda da comissão organizadora. Esse valor já incluía tudo o que fazemos desde o momento em que aterramos na Polónia até ao momento em que voltamos a partir da Polónia para Portugal, com a exceção dos voos.», explicou.

    «A faculdade chegou-se à frente e pagou a inscrição. No entanto, ainda estamos a falar de um orçamento na ordem de 10 mil euros em voos. A campanha é de 20 mil euros e pode parecer mais do que precisamos, mas é porque a faculdade fez um esforço muito grande e nós ficámos com a responsabilidade moral de devolver tudo aquilo que conseguirmos. (…) Historicamente, a Câmara de Cascais costuma apoiar este tipo de iniciativas e já fizemos vários pedidos junto do gabinete do vereador do desporto, mas ainda aguardamos alguma resposta. Estamos também a tentar entidades privadas», continuou.

    Pode contribuir AQUI para ajudar a equipa da Nova SBE a disputar o Campeonato Europeu Universitário.

    Do Universitário para a Distrital da AF Lisboa

    ©Nova SBE

    Foi em 2020 que se deu a grande mudança na vida Clube de Futebol da Nova SBE, com a ambiciosa inscrição da equipa no campeonato distrital da Associação de Futebol de Lisboa, uma aposta que se revelaria certeira. A primeira época foi interrompida pela Covid-19, mas estava a correr bem, a segunda culminou na subida à 2.ª Distrital e a terceira e atual terminou com um quinto lugar. Mas afinal, o que é que levou uma equipa universitária a querer competir na distrital?

    «Nós sentimos que tínhamos mais para dar. Durante o ano dominávamos o campeonato universitário de Lisboa - ou éramos campeões, ou estávamos no top quatro e íamos aos nacionais -, mas sentíamos que não tínhamos entendimento nas finais. A Nova SBE é uma faculdade com alunos de topo e ambiciosos e essa ambição fez com que nós quiséssemos dar o passo. Tínhamos matéria-prima, não éramos inferiores a nível técnico da maior parte das equipas dos campeonatos federados, então decidimos tentar.», explicou Afonso.

    «Hoje em dia, a maioria dos jovens que praticam futebol, quando acabam o secundário, são quase sempre obrigados a escolher entre uma carreira académica e uma carreira futebolística. Como alunos de gestão conseguimos ver sempre uma boa oportunidade e achámos que existe aqui um espaço para um clube como o nosso, de natureza universitária. Apesar de tudo, nós achamos que ainda não temos o caráter competitivo e profissional para sermos a opção mais viável para quem quer mesmo fazer do futebol vida, mas estamos a trabalhar para isso. É um dos grandes défices da forma como as nossas competições de camadas jovens e amadoras estão organizadas em Portugal.», referiu ainda.

    Um clube especial… em tudo

    ©Nova SBE

    «O treinador leva as bolas, eu levo os equipamentos, os carros até cheiram mal. Temos uma parceria com uma lavandaria, enfim, temos as lutas normais de um clube distrital. Há quem ache que temos as coisas de mão beijada por sermos da Nova, mas é mentira.». Era assim que, em 2020, Bernardo Paixão da Costa, então Team Manager, descrevia o funcionamento da equipa, em entrevista ao maisfutebol.

    O projeto é agora liderado por Afonso Maya Seco, que, curiosamente, já fazia parte da equipa como jogador, mas passou a fazer parte da direção depois de uma lesão grave, acabando mesmo por suceder a Manuel Sousa como o administrador do clube, até porque «acreditava que tinha mais para acrescentar fora do campo do que dentro dele». As mudanças também aconteceram na estrutura do clube, que passou a ter uma carrinha própria, mas o espírito, esse, permanece o mesmo.

    «Felizmente, temos conseguido crescer. Por exemplo, já temos uma carrinha, os carros já não cheiram mal [risos]. Eu costumo dizer às pessoas que querem entrar neste projeto que o clube da Nova SBE é um sítio onde dá para crescer imenso a nível pessoal e profissional. Mas num dia podem ter de estar a apanhar coletes do chão depois de um treino porque alguém adoeceu ou porque não temos formação e estrutura, e no dia seguinte podem estar numa conferência a entrevistar o Domingos Soares de Oliveira ou a dar uma entrevista para o Canal 11, como já aconteceu.», aclarou Afonso.

    «Infelizmente, não temos instalações próprias e isso acaba por ser a maior dificuldade, temos de andar com a casa às costas. A carrinha é onde fica o material porque treinamos no Estádio Universitário, mas jogamos em Tires. Qualquer clube do distrital, por mais amador que possa parecer, tem instalações para deixar as coisas. Nós, logo aí, estamos em desvantagem. Este ano tivemos a vitória da carrinha, que, ainda que seja antiga, já serve para dar boleia aos jogadores. No fundo, é como disse o Bernardo, sem este espírito de união que nos caracteriza, isto nunca teria sido possível. E isso vê-se dentro e fora do campo.», acrescentou.

    Para além da falta de infraestruturas, as diferenças do clube da Nova SBE estendem-se também ao recrutamento – o plantel é composto apenas por alunos ou ex-alunos da Nova SBE - e à folha salarial. Ao contrário de muitos dos clubes da distrital lisboeta, os jogadores da equipa de Carcavelos não são remunerados nem recebem qualquer tipo de prémios de jogo ou bónus por vitória – recebem apenas o custo das deslocações. A única exceção é mesmo a equipa técnica.

    O futuro (ainda mais) ambicioso

    ©Nova SBE

    O presente do Clube de Futebol da Nova SBE é risonho, mas a ambição vai muito para além deste título nacional e da participação nos Europeus…

    «O principal objetivo deste projeto é tornarmo-nos um projeto académico desportivo de referência em Portugal. Dentro do campo, vamos estar sempre limitados pela natureza do nosso projeto, que é que o que nos diferencia: competir só com alunos e ex-alunos da Nova SBE. Queremos ser regularmente campeões universitários de Lisboa e marcar presença regular no top quatro do campeonato nacional universitário. Acredito que com o crescimento do projeto e constante profissionalização do mesmo, as condições que vamos oferecendo também se vão refletir no potencial dos atletas que acabamos por captar. Por isso acredito que no espaço de três anos conseguiremos mais uma subida de divisão nos campeonatos federados.», defendeu Afonso.

    «Fora do campo, queremos que o clube esteja associado a criação de conhecimento para a indústria do futebol. Nós temos as mentes mais brilhantes associadas a uma paixão pelo futebol. Acredito que a indústria do futebol em Portugal ainda está um bocadinho amadora. As estruturas dos clubes ainda têm muito a ganhar com profissionais e com os gestores como aqueles que estudaram numa universidade de topo como a Nova SBE. Para o projeto ser bem sucedido, temos de provar que conseguimos fazer com que pessoas que tenham jogado no clube da Nova SBE tenham uma carreira futebolística e carreiras profissionais de sucesso. Uma das minhas ideias é termos, para o ano, uma parceria privada para presentear um atleta com uma bolsa de estudo no valor de um ano de propinas de licenciatura.», concluiu.

    Portugal
    Afonso Maya Seco
    NomeAfonso Maya Seco
    Nascimento/Idade1998-02-03(26 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    FunçãoPresidente

    Comentários

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    motivo:
    competir na distrital
    2022-06-17 12h00m por AMartinsA
    Mas por que cargas de água, os campeonatos distritais são referidos no feminino?
    maxaqueen
    2022-06-17 10h50m por Epicteto
    Pacatez não é um interesse público enquanto que o desenvolvimento já é. Se uma universidade quer expandir é normal que se vá expandir para uma zona desocupação e sem construção. Não conheço o processo da instalação do campus SBE portanto não vou especificar esse caso mas pelo que que disse sobre pacatez, não é razão para se deixar de construir.
    ACADÉMICA
    2022-06-16 21h47m por 1rl
    único e inovador? a secção de futebol da associação académica de coimbra foi criada em 1977 e apenas porque a Académica se tornou uma equipa profissional, a génese da Briosa era só ter jogadores estudantes universitários e estamos só a falar do 8º clube mais antigo do mundo em atividade por isso atenção pf, não vale tudo. https://www. zerozero.pt/equipa. php?id=6499
    Nova SBE
    2022-06-16 21h22m por Maxaqueen
    Essa faculdade nem devia de existir nessa zona.
    Instalou-se em Carcavelos para estragar a pacatez que existia na zona só mesmo por interesses económicos.
    Isto a juntar ao escândalo que pretendem fazer na Quinta dos Ingleses, em que vão reduzir ainda mais os espaços verdes que existem naquela zona.

    Parece que não gostam de ver espaços desocupados sem pensar em edificar alguma coisa e ganhar mais dinheiro. . .
    Projeto Unico?
    2022-06-16 18h31m por vaskingas
    Se acham o projeto unico, aconselho-vos a estudar à equipa do Leça FC Futsal/AEFEP.
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