É um diamante em processo de lapidação. No Benfica, ninguém duvida do potencial de Florentino Luís, um dos meninos lançados de Bruno Lage lançados às feras em 2018/19. O talento existe e há quem o defenda como sendo o futuro «seis» da equipa encarnada.
Com o passar do tempo, o espaço foi reduzindo para o menino Florentino. Cheio de sonhos, de vontade de jogar e de provar que pode ser uma figuraça vermelha e branca no futuro. Atualmente no Getafe, o centrocampista foi entrevistado pelo zerozero e falou sobre todos os momentos marcantes da sua ainda curta carreira de futebolista.As conquistas ao serviço das seleções jovens e a estreia na equipa principal do Benfica foram os temas abordados nesta parte III, além do futuro... que permanece no segredo dos Deuses.
zz – Na sua formação consegue ser campeão europeu sub-17 e sub-19. Chegou aos 20 anos com um palmarés que muita gente não tem.
F – Sou um privilegiado por ter alcançados esses feitos. Perdemos inclusive uma final com jogadores da geração de 1999, mesmo que o torneio fosse para os da minha idade, contra a Inglaterra. Seria o terceiro. Era e é uma geração que tem muito talento.
zz – E foi também finalista no Europeu sub-21 de 2021 que perdeu contra a Alemanha.
F – Isso mesmo.
zz – Essa equipa era muito forte, de luxo.
F – Se há algo que ninguém se pode queixar, é de talento.
zz – Dessa geração dava-se bem com alguém em especial? No meio-campo havia o Florentino, o Vitinha, o Fábio (Vieira) e o Daniel Bragança…
F – Jogar com eles é fácil (risos). Creio que se um jogador chega ao patamar da seleção é porque tem muita qualidade e isso nota-se com os feitos alcançados pelas nossas seleções com o decorrer dos anos. É sempre bom jogar na seleção.
zz – Vitinha e Fábio Vieira estão a ter uma época muito boa no FC Porto e o Bragança vai jogando aqui e ali no Sporting.
F – Verdade. Cada vez mais é bom ver que os clubes apostam na malta jovem, no que é da casa e na qualidade deles.
zz – Vamos saltar para aquele dia maravilhoso da sua estreia pela equipa A do Benfica. Parece impossível: estreia-se no dia 10 de fevereiro de 2019 numa noite que acaba com um resultado incrível.
F – É verdade. Foi na altura durante o comando do mister Bruno Lage que a equipa deu a volta e entrou numa espiral muito, muito boa. Ganhava quase todos os jogos. Por acaso estava à espera de me estrear num jogo desses. Depois de ser convocado e ir para a bancada durante alguns jogos e o primeiro em que vou para o banco é no que marca a minha estreia. Vi a ficar 1-0, 2-0, 3-0, 4-0… Acho que ao intervalo ficou 4-0. Pensei para mim: ‘O mister hoje tem de me pôr a jogar’. Psicologicamente estava a preparar-me para entrar porque sabia que podia ter essa oportunidade. Foi mesmo um sonho. Entro logo e a primeira ação foi um passe depois de um lançamento do André Almeida [risos]. O primeiro saiu bem e ganhei confiança. Quando o primeiro sai bem é meio caminho andado.
zz – Logo a seguir, passado quatro dias, é titular na Turquia contra o Galatasaray, num ambiente que toda a gente diz ser pesado.
F – Sim, é um ambiente muito pesado. Uma experiência que nunca tinha vivenciado e que foi muito, muito boa. Lembro-me que na altura estávamos a jogar com cinco ou seis jogadores da formação e conseguimos uma grande vitória nesse campo.
F – Interpretei como uma oportunidade para agarrar com as duas mãos. Oportunidades assim não aparecem todos os dias na nossa vida e quando aparecem temos de as agarrar.
zz – E essa época acaba com o título nacional.
F – Foi uma época de sonho. Estávamos a ter um início de sonho na equipa B antes do mister Bruno Lage subir à equipa A. Depois alguns jogadores subiram, como o João Félix, o Ferro, eu, o Jota…
zz – Na época seguinte começa muito bem como titular e após um jogo contra o Santa Clara acabou por perder espaço. O que se passou nessa fase?
F – Foi uma fase em que acabei por ficar algum tempo parado. Depois voltei a jogar um ou dois jogos na Champions e na Liga também. Uma certa altura perdi um bocado de espaço. Eu continuo a fazer o meu trabalho da mesma maneira, isso depois já são decisões do treinador. Os jogadores têm mais ou menos rendimento, mas o mais importante é que estou de consciência tranquila porque dei sempre o meu máximo.
zz – Gostou de trabalhar com o Bruno Lage?
F – Sim, um treinador muito bom com quem aprendi muitas coisas. Como disse antes foi um ano excecional na estreia e o ano a seguir também com ele foi de grande aprendizagem.
zz – Com o Jorge Jesus foi muito diferente?
F – Também é um treinador muito bom. Com ele não convivi assim muito tempo, apenas em duas pré-épocas, mas é um treinador que percebe muito de futebol e que tem muita experiência neste ramo.
zz – Ele queria ficar consigo ou foi o Florentino que decidiu sair?
F – Foi uma decisão tomada por ambas as partes. Decidimos que o melhor era sair para ter mais tempo de jogo e ganhar experiência.
zz – Na próxima temporada já tem alguma decisão tomada ou já foi informado pelo Benfica? Vai fazer a pré-época e ficar no plantel?
F – É um assunto que não posso revelar.