Tudo indicava que seria uma repetição de alguns dos desfechos recentos do Vitória, mas uma segunda parte de um nível superior e, sobretudo, de inspiração de Rochinha fez inverter um resultado negativo frente ao Estoril.
André Franco inaugurou o marcador na primeira parte, mas o camisola 16 dos minhotos sacou um coelho da cartola para empatar o jogo e ajudou a equipa a chegar à reviravolta e à tranquilidade com dois golos de Estupiñán para voltar às vitórias na Liga depois de quatro jornadas sem o conseguir.
«Que mais pode correr mal?» é, muito provavelmente, um dos pensamentos que pairava sobre a cabeça de Pepa enquanto olhava de forma desanimada para os seus jogadores durante os festejos do golo estorilista, que inaugurou o marcador no D. Afonso Henriques. O momento do Vitória está longe de ser positivo, é certo, mas quando a equipa parecia motivada para reverter os acontecimentos recentes, voltou a sofrer um murro no estômago.
Só que este Estoril não é uma equipa qualquer. E, com a qualidade do costume, foi ganhando metros muito graças às ações de Romário Baró e André Franco, que empurravam a equipa para a frente quando tinham espaço para jogar. Foi, precisamente, dos pés dos dois que surgiu o tal golo, na segunda vez que o Estoril chegou com critério à área de Trmal. O médio emprestado pelo FC Porto serviu o colega, que chegou ao oitavo golo da temporada, mantendo a excelente forma.
Os minhotos ressentiram o golo sofrido e não conseguiram voltar a dominar da mesma forma que tinham feito antes disso. Os adeptos começaram a mostrar alguma insatisfação, refletida no momento complicado, e o intervalo chegou com a sensação de que havia mais para dar.
Mas como não há mal que dure sempre, o Vitória começou a escrever o seu destino logo à partida para a segunda parte com a entrada de Rochinha, que viria a mudar por completo o filme do jogo. O baixinho criativo entrou para o lugar de André André e ocupou a posição mais adiantada do meio campo, atrás de Estupiñán, mas foi depois das novas mudanças, em que Pepa alterou o sistema tático que os conquistadores deram início à reviravolta.
A reviravolta foi um presente armadilhado porque, inconscientemente, fez recuar as linhas minhotas e o Estoril aproveitou para crescer... muito. As oportunidades começaram a surgir junto à baliza de Trmal e por pouco Ferraresi não fez empate, com um cabeceamento ao poste.
Já com pouca pressa para jogar, o Vitória entrou para a compensação com o resultado incerto, porém Estupiñán fez questão de colocar um ponto final na discussão com um golo ao seu feitio, a aparecer no sítio certo à hora certa.
Foi depois da entrada de Rochinha que os minhotos ganharam outro nível ofensivo, com mais criatividade e critério no último terço. O primeiro golo é uma obra de arte da sua autoria, mas não ficou por aí e ainda deu muito a jogar à equipa.
O Vitória SC trabalhou bem para virar o resultado e chegar à vantagem, mas o que aconteceu depois do segundo golo poderia ter sido fatal, caso a sorte assim o quisesse. A equipa voltou a permitir que o Estoril entrasse no jogo e por pouco não consentiu o empate.
Artur Soares Dias teve uma exibição ao seu nível, como decisões sensatas e tomadas sem precipitações. Sem casos.