Num jogo com vários contornos antes do apito inicial, os 90 minutos tiveram superioridade do FC Porto, mas não tanta como a teoria poderia supor. Por muito mérito de um desfalcadíssimo Vizela e também por algum demérito dos dragões, que tiveram de dar o litro na segunda parte para evitarem trabalhos forçados. Segue-se o Sporting, a duas mãos, no trajeto que acaba no Jamor, mas só para um.
O contexto em que o jogo surgiu é, inevitavelmente, assunto. Sabia-se que havia um surto na equipa do Vizela, sabia-se que houve pedido de adiamento, mas que o número de jogadores disponíveis não o obrigavam, mas não se sabia muito mais. Soube-se, quando os onzes foram conhecidos, que ia ser um desafio duplo para Álvaro Pacheco: mais do que o adversário, fortíssimo e em excelente forma, era para dentro que o treinador tinha de olhar. Foi com dois defesas esquerdos que compôs o centro da defesa, foi com um estreante que se apresentou na lateral esquerda e teve de ser com dois avançados que se mostrou na frente - curiosamente, trabalhariam muito bem para o golo do empate.
Ora, se tantas condicionantes na equipa vizelense sugeriam um jogo acessível para um FC Porto, já por si só, favorito, nada melhor do que começar a ganhar, num aproveitamento de Uribe numa bola parada. Era o minuto 8 e aquele golo, do camisola 8, convidava a olhares alternativos - não o vencedor do jogo, mas o comportamento de alguns jogadores, quer os menos rotinados do Vizela, quer casos como o de Corona.
A equipa, depois do golo, passou a alimentar-se a carvão e, enquanto o gasóleo estava no depósito, o que se viu foi um Vizela abnegado, a querer e a conseguir discutir o jogo, a bater-se bem em 4x4x2 e, acima de tudo, a querer mais. Nas divididas isso percebia-se, mas na dinâmica também, apesar das tais limitações.
Pois bem, o golo do empate, merecido e muito motivador para uma bancada em que, mais uma vez, o grande esteve em inferioridade - um aplauso para Vizela.
Se, ao intervalo, o empate não era surpresa nenhuma, para a segunda parte previa-se uma reação muito mais condizente à adormecida equipa portista. As substituições, com Pepê e Fábio Vieira a terem a oportunidade de acrescentar, traziam essa mensagem bem entendida, só que o que se viu não foi isso.
Não estava, o FC Porto, a ser superior quando ganhou superioridade novamente no marcador, num excelente lance desenhado à direita e com mão de Zag. Fábio Vieira, que bem tinha entrado, assumiu a responsabilidade e deu nova vantagem à sua equipa. E claro que o FC Porto teve oportunidade para alguns mais a partir daí, mas não é de menos referir que o Vizela voltou a ter grande hipótese de empatar - Marchesín respondeu à altura a Igor Julião.
Para confirmação, Bruno Costa, que entrara para defesa direito, bateu um canto que Evanilson finalizou com qualidade de cabeça. E o FC Porto segue em frente.
O Vizela foi para o campo muito limitado, mas nunca se sentiu uma equipa a temer o poderio do adversário ou a vacilar à primeira dificuldade. Pelo contrário, Álvaro Pacheco e os seus adeptos podem estar orgulhosos do que viram, gostem ou não de vitórias morais.
O FC Porto tinha tudo para uma noite tranquila e até marcou cedo, portanto não se percebe o adormecimento coletivo da equipa, do qual só Uribe escapou na primeira parte. Resolveu-se, mas podia ter sido mais prejudicial.