Pote continua a ser de ouro numa equipa com «asas»

Pelo meio houve Europeu e férias, mas Pedro Gonçalves retomou as lides da Liga exatamente no mesmo ponto onde tinha acabado: a marcar. É impressionante a facilidade (aparente, apenas) com que o internacional português finaliza bolas de golo. Esta noite foram dois, ambos com remates fulminantes e indefensáveis para Charles.

Muitas vezes alvo de críticas pelo facto de não «faturar» tanto como se esperaria de um ponta de lança, a noite de Paulinho foi um exemplo nítido de que o golo é apenas parte do trabalho. Foi incansável a dar linhas de passe, exímio na integração no jogo coletivo e acabou o jogo com um golo e uma assistência. Não se pode pedir muito mais.

Enquanto Nuno Mendes vestir de leão ao peito, Rúben Vinagre sabe que está «condenado» à condição de suplente. Mas perante a ausência do internacional português, o ex-Wolverhampton provou que é uma «arma» afinada e fiável no flanco esquerdo. Aproveitou bem a noite infeliz de Koffi para subir e desequilibrar pelo seu lado, com cruzamentos perigosos à procura de homens na área.

Tal como à esquerda, também à direita há opções de qualidade para Rúben Amorim. Se Pedro Porro foi decisivo na caminhada do título, a lesão do espanhol abriu as portas de casa ao regressado Ricardo Esgaio. E de volta a Alvalade, o lateral direito sente-se como «peixe na água», cumprindo na perfeição todas as tarefas que lhe cabem. Esta noite serviu Pote para o segundo golo dos leões.

A saída de João Mário podia constituir um problema para o Sporting versão 21/22, mas Rúben Amorim encontrou o homem perfeito para acalmar o desassossego dos adeptos leoninos. Sereno e maduro, impressiona a forma como guarda a bola e a faz rodar para que os homens da frente possam desequilibrar. Perdeu algum fulgor na segunda parte, mas o nível foi sempre alto.

O Vizela jogou em Alvalade com vários «fogos» defensivos, uma vez que não havia qualquer defesa central de raiz disponível. Kiki Afonso acabou adaptado e mesmo perante os três golos sofridos acabou por ser um dos elementos em destaque nos minhotos. Cortou, entregou-se e salvou bolas suficientes para retardar o golo leonino. 

A noite foi difícil para uma equipa que há duas épocas estava no terceiro escalão do futebol português, mas Álvaro Pacheco dotou os seus jogadores de uma ideia interessante e positiva. Guzzo é um dos intérpretes dessa filosofia, que passa por querer discutir o jogo com a bola no pé. Procurou dar critério com base na qualidade técnica que tem, mas não deu para muito perante um Sporting forte.

Foi pelo lado do costa-marfinense que o Sporting mais se aventurou, aproveitando uma noite difícil de um jogador que esteve até há poucos dias em Tóquio a disputar os Jogos Olímpicos. Koffi chegou na quarta-feira e treinou apenas uma vez, acabando por acusar o cansaço e o consequente desnorte na partida de Alvalade.