Bruno Pinheiro Estoril Praia 2020/2021 |
Numa liga muito competitiva, recheada de vários candidatos assumidos desde o primeiro momento, a equipa da Linha mostrou cedo ao que ia e assim que agarrou um lugar no topo, não mais o largou. Consistência, qualidade nos processos, alma tremenda, veja-se o exemplo do encontro contra o Cova da Piedade (2x3) e um foco que levou o Estoril a descolar-se dos demais.
A conquista de 2020/21 já ficou para trás e de nada vale para 2021/22. No Estoril assistiu-se a uma debandada das principais figuras da temporada passada, casos dos centrais Hugo Gomes e Hugo Basto, o médio Zé Valente e os atacantes André Vidigal, Harramiz e Aziz. Vão-se os anéis, ficam os dedos. Numa corrida contra o tempo, houve a necessidade de reestruturar um plantel vencedor, com a contratação de jogadores que fossem ao encontro das ideias de Bruno Pinheiro. A filosofia, essa, é inegociável.
Mesmo com um plantel ainda muito carente de soluções, nomeadamente no eixo defensivo, o Estoril apresentou-se de forma oficial, frente ao Nacional da Madeira (1x2), na mesma toada com que fechou o último Campeonato. Ou seja, novas peças, algumas delas provenientes da equipa de sub-23, a mesma ideia. E numa equipa que gosta de ter bola, que gosta de jogar bem, tendo consciência que só assim estará mais perto da vitória, é preciso ser muito criterioso no ataque ao mercado.
No ataque, as saídas de Harramiz, Aziz e André Vidigal foram compensadas com as contratações de Leonardo Ruiz (ex-Sporting) e Meshino (ex-Rio Ave), além de abrir o caminho para uma aposta mais vincada em dois talentos que já estavam no Estoril na temporada passada: Chiquinho e André Franco. Estes dois miúdos podem ser casos sérios em 2021/22.
A manutenção é o objetivo natural para uma equipa que acaba de subir de divisão. A mentalidade vencedora mantém-se viva, é certo, mas há a consciência óbvia de que os desafios serão muito mais exigentes para o novo capítulo da história de Bruno Pinheiro ao comando do Estoril, equipa que tem como esquema base o 4x3x3, que algumas vezes se transforma num 5x4x1, nomeadamente nos momentos de transição defensiva.
A filosofia está bem apresentada e, seja que adversário for, logicamente com a estratégia adequada, espera-se uma equipa que parta para qualquer jogo com a intenção clara de encarar o adversário olhos-nos-olhos. Sem medos.
Após uma época de amadurecimento, Miguel Crespo assumiu-se como uma das principais figuras da subida de divisão do Estoril-Praia. Muito forte no posicionamento, o médio tem uma capacidade superlativa para descobrir espaços entre linhas, fazendo a ligação entre setores, e muito dificilmente perde uma bola que tenha controlada.
Chegou praticamente como um desconhecido às ligas profissionais, em Portugal, após cinco anos no Catar, e surpreendeu, acima de tudo, pela qualidade no trabalho. Bruno Pinheiro é um treinador muito metódico e gosta de colocar a sua equipa a praticar um bom futebol, como se viu na época passada.