Capitão do Trofense em entrevista ao zerozero

Mika: «Gostava de voltar aos campeonatos profissionais, se for no Trofense ainda melhor»

Voz da experiência. Aos 33 anos, Mika comandou o Trofense rumo a uma época memorável no Campeonato de Portugal. Em entrevista ao zerozero, o capitão do emblema da cidade da Trofa assume que o principal objetivo do clube era o passaporte para a Liga 3, mas a ambição acabou por falar mais alto e o destino acabou mesmo por ser a II Liga. E a cereja: o título de campeão nacional.

Mika
2020/2021
27 Jogos  2405 Minutos
3   5   0   02x

ver mais »
A época começou com António Barbosa no comando técnico, que acabou por dar o salto para o Varzim, e seguiu-se Rui Duarte. A mudança obrigou a um ajuste de estratégia e dinâmicas, mas o primeiro lugar da Série C foi alcançado, ainda que apenas na última jornada da fase regular, com o Trofense a beneficiar dos desaires de Gondomar e Leça. 

Pilar da defesa menos batida do terceiro escalão do futebol português (seis golos sofridos na fase regular e três na fase de subida), Mika ainda não tem o futuro totalmente resolvido. Para já, duas certezas: há vontade em continuar e o Trofense tem todas as condições para assumir-se nas ligas profissionais.

©Clube Desportivo Trofense

«O grande objetivo era a Liga 3, mas…»

zerozero (ZZ): Esta foi a tua quarta época consecutiva no Trofense. O que fez a diferença para que este ano conseguissem chegar ao final da época com a subida e o título conquistados?

Mika: Sinceramente, acho que a época foi bem estruturada e bem pensada. Ou seja, construiu-se um plantel de forma equilibrada, com vários jovens, mas também com jogadores com experiência e sabedoria em fases de maior pressão. A própria estrutura mudou e passou a ser muito mais profissional, composta por elementos com vasta experiência no mundo do futebol e isso foi mais um dos pormenores que resultou numa época de sucesso.

ZZ: O objetivo inicial e principal era a subida à Liga 3 ou passava mesmo pelo ataque à Liga 2?

Mika: A subida à II Liga foi algo que foi sempre discutido, embora o grande objetivo da época era a subida à Liga 3. Era esse o nosso principal objetivo. Queríamos obter isso através do primeiro lugar [da Série C], pois sabíamos que se conseguíssemos ser primeiros tínhamos acesso direto à Liga 3 e podíamos discutir a II Liga. Sabíamos que podíamos ter as nossas hipóteses.

ZZ: Como é que foi vivido o dia da última jornada da fase regular? Vocês não dependiam de vocês, pois tinham Gondomar e Leça à vossa frente…

Mika: Ansioso. Antes da última jornada tivemos a oportunidade de passar para primeiro e depender só de nos e falhámos essa oportunidade. Entramos na última jornada a depender de outros, mas focámos naquilo que tínhamos de fazer que era vencer. Depois era acreditar que o Leça e o Gondomar poderiam perder pontos. Felizmente foi isso que aconteceu.

qQuando atingimos a segunda fase pensámos: ‘Agora podemos alcançar algo ainda melhor. Somos ambiciosos e queremos mais. Não temos muito a perder, porque o objetivo foi alcançado, mas temos muito a ganhar’
ZZ: Ao longo dessa caminhada perdem o treinador António Barbosa [muda-se para o Varzim, da II Liga] e chega o mister Rui Duarte. Como foi essa transição?

Mika: Já estávamos com o mister António há algum tempo e estávamos bem identificados com a sua ideia. Depois entrou o mister Rui com outras ideias e outro modelo de jogo. Acabou por ser fácil porque o discurso do mister Rui Duarte é acessível para todos, é amante de bom futebol e todos gostam disso, além de ser muito transparente. Foi fácil passar a mensagem e conseguimos assimilar as ideias de forma rápida.

ZZ: Um dos principais destaques da vossa equipa foi o setor defensivo – seis golos sofridos em 18 jogos na fase regular. O ataque ganha jogos e a defesa campeonatos. É assim mesmo? 

Mika: Trabalhamos muito ao longo da época os nossos processos defensivos para sofrer o menos possível. Sabíamos que era meio caminho andado para alcançar vitorias. Tenho de ressalvar a qualidade do nosso plantel e dos nossos defesas, guarda-redes incluídos. Sem qualidade as coisas ficam mais complicadas e a verdade é que tínhamos uma defesa com muita qualidade. Tínhamos um eixo defensivo com muita maturidade e experiência. Em suma, foi um processo trabalhado ao longo da época pelos dois treinadores e a qualidade dos jogadores foi muito importante. Depois fizemos disso uma competição interna. Queríamos continuar a ser a melhor defesa do Campeonato. 

ZZ: No final da fase regular não dependiam de vocês, mas depois na segunda fase voltaram a depender de vocês. Qual foi a mensagem?

Mika: Acho que o facto de conseguirmos o primeiro lugar e consequentemente o grande objetivo da época, que era a terceira liga, acabámos por libertar-nos quando iniciámos esta caminhada. Foi quase como se tivessem tirado um peso de cima de nós. Nessa fase pensámos: ‘Agora podemos alcançar algo ainda melhor. Somos ambiciosos e queremos mais. Não temos muito a perder, porque o objetivo foi alcançado, mas temos muito a ganhar’. Basicamente foi isto. Entrámos sem receio, sempre com futebol positivo e senti a equipa muito mais confiante. Fomos justos vencedores.

ZZ: E quando o árbitro apita pela última vez… qual foi a sensação?

Mika: Sensação incrível! Embora, para mim, gostei mais da sensação do penúltimo jogo, em que ganhámos ao Pevidém. Se eles ganhassem esse jogo subiam e acaba ali o sonho para nós. E mesmo se empatassem continuavam na frente. Essa vitória foi muito boa, demos um passo de gigante ali. Depois em Braga foi um misto de emoções. Estávamos a jogar o nosso, mas sempre a par do outro resultado, e quando soubemos que o outro jogo tinha acabado e que o Anadia tinha ganho sabíamos que o empate era suficiente. E quando foi o apito final foi uma explosão de alegria muito grande. Maior objetivo do que esse era impossível. 

ZZ: Cumpriram um desejo muito grande dos adeptos…

Mika: Mesmo não podendo estar connosco no estádio ao longo da época, eles sempre transmitiram confiança e acima de tudo muito orgulho e crença em nós. Mesmo quando os resultados eram menos positivos. Estiveram sempre connosco. Tiveram uma postura fantástica e merecem tudo. Este clube merece estar nos campeonatos profissionais.

©Clube Desportivo Trofense

«Os adeptos podem ficar tranquilos em relação ao futuro»

ZZ: Calculo que a vitória frente ao Estrela da Amadora, no jogo do título, tenha sido a cereja no topo do bolo…

Mika: Sem dúvida. Foi a cereja em cima do topo do bolo. Passámos de uma época de sucesso para uma época de sonho. Mais uma vez, na nossa humildade, que foi também um dos segredos, além de sermos muito resilientes, acreditámos: ‘chegámos até aqui e queremos levar a Taça para a Trofa’. Num jogo muito difícil, conseguimos mais uma vez não sofrer golos e chegar ao golo da vitória. Levantar a Taça foi um momento inesquecível.

ZZ: Do ponto de vista mais pessoal, como foi vivida esta época?

Mika: Foi uma época difícil como são todas, mas muito positiva. A nível pessoal joguei praticamente sempre, só falhei dois jogos devido à Covid-19. Tentei ajudar sempre dentro e fora de campo e consegui ajudar com golos em momentos chave da época. O balanço é muito positivo a nível pessoal. Trabalhei muito para isso e estou orgulhoso.

©Clube Desportivo Trofense
ZZ: Vais ficar no Trofense para a próxima época? Ou pelo menos há essa vontade?

Mika: Neste momento, sendo o mais sincero possível, ainda não sei se vou continuar na Trofa. Ainda não reuni com os responsáveis do clube. Ao longo da época tivemos algumas conversas, em que os responsáveis do clube mostraram interesse na minha continuidade, mas acabou por ser tudo adiado.  (…) O meu contrato acaba agora, penso que o Trofense quer que eu continue, mas vamos sentar para falar sobre essa possível continuidade e resolver o meu futuro. Pode passar pelo Trofense ou… não. Gostava de voltar aos campeonatos profissionais, se for no Trofense melhor ainda, pela época e carinho que tenho pelo clube. Mas estou tranquilo pela época que fizemos a nível individual e coletivo. Sei que o futuro será risonho.

ZZ: Os adeptos podem ficar tranquilos em relação ao futuro?

Mika: Sim, acho que sim. Estamos a falar de uma estrutura capacitada e com vasta experiência no mundo do futebol e isso traz benefícios. Penso que posso tranquilizar os adeptos nesse sentido. A estrutura vai fazer tudo para sustentar o clube nas competições profissionais e num futuro próximo, quem sabe, querer algo ainda melhor. Têm todas as condições para dar esse salto, pois são muito ponderados. E a curto-médio prazo acredito que têm condições para colocar o Trofense no patamar mais alto do futebol português.

Portugal
Mika
NomeMichael da Conceição Figueiredo
Nascimento/Idade1987-09-26(36 anos)
Nacionalidade
Portugal
Portugal
Dupla Nacionalidade
França
França
PosiçãoDefesa (Defesa Central) / Defesa (Defesa Direito)

Fotografias(45)

Comentários

Gostaria de comentar? Basta registar-se!
motivo:
EAinda não foram registados comentários...

OUTRAS NOTÍCIAS

Países Baixos
Goleada contra o Heerenveen
Com uma vantagem de +30 para o Feyenoord na diferença de golos, o PSV tornou-se esta quinta-feira virtualmente campeão da Eredivisie. O conjunto de Eindhoven foi dominador na visita ao ...

ÚLTIMOS COMENTÁRIOS

moumu 26-04-2024, 03:12
moumu 26-04-2024, 02:50
moumu 26-04-2024, 02:49
Diasmartins 26-04-2024, 01:43
marciosantos321 26-04-2024, 01:34
marciosantos321 26-04-2024, 01:24
Maxaqueen 26-04-2024, 00:59
Maxaqueen 26-04-2024, 00:55
carocha2023 26-04-2024, 00:48
AS
asa_scouting 26-04-2024, 00:31
brutal_power 26-04-2024, 00:14
Ronaldinho-gaucho 26-04-2024, 00:06
AN
andra-alexandre485 26-04-2024, 00:00
LP
lpfcp 25-04-2024, 23:52
johnspencer 25-04-2024, 23:42
LP
lpfcp 25-04-2024, 23:38