A repetente na final: «Portugal não deve subestimar esta Alemanha»

Itália, Espanha e, agora, Alemanha. O zerozero falou com dois jornalistas (e especialistas) sobre os adversários de Portugal na fase a eliminar do Europeu sub-21 e consultou um outro para ajudar a dissecar a outra finalista do torneio.

Se a turma lusa não comparece numa final de Europeu desde 2015, a Alemanha tem sido um habitué: é a terceira consecutiva para a Mannschaft desde 2017, sendo que nesse ano sagrou-se campeã contra a Espanha e, dois anos depois, perdeu... para a mesma seleção Espanhola.

Dois anos mais tarde, o que mudou? O zerozero contactou Jonas Nohe, jornalista do canal SPORT 1 e seguidor do trabalho da equipa sub-21 alemã, e este começou por abordar a diferença entre as equipas de 2019 e 2021.

«Muito mais do que a geração de 2019, esta equipa alemã depende sobretudo do seu espírito de equipa. Há dois anos havia jogadores com rótulo de craques: Luca Waldschmidt, que ganhou a Bota de Ouro nesse Europeu sub-21 e que agora joga pelo Benfica. Na altura, também se falava que o Alexander Nübel ia reforçar o Bayern Munique, sendo que era titular absoluto num clube grande como o Schalke 04. O Mahmoud Dahoud, por sua vez, também é um nome habitual no Borussia Dortmund e o Florian Neuhaus (Borussia 'Gladbach) já deu amostras de que se pode tornar num fantástico centrocampista», começou por dizer.

«Este ano, Ridley Baku, que já jogou um jogo oficial pela seleção AA, e Florian Wirtz são, provavelmente, os maiores nomes. O Baku ainda não joga por um grande clube de momento e o Wirtz é, de longe, o jogador mais jovem da equipa», acrescentou.

O estilo de jogo e o onze tipo

Como joga esta Alemanha? Vale por algumas individualidades ou faz do coletivo a sua principal força? Jonas Nohe foi bastante claro.

«O espírito de equipa também se reflete no estilo de jogo da equipa alemã. Não depende assim tanto de um ou dois jogadores porque joga como uma verdadeira equipa. Essa é uma das principais forças de Stefan Kuntz, o selecionador: ele e a sua equipa técnica criam sempre uma forte relação com os jogadores, mas também entre o grupo em si», apontou.

A força coletiva é o que faz a diferença no conjunto alemão, mas a verdade é que só com a passagem para a final é que os críticos foram silenciados...

«Na verdade, esta geração é vista como muito fraca na Alemanha - não só pelos alemães e a imprensa, mas também pela própria Federação. Basicamente ninguém esperava que conseguissem chegar à final, sobretudo perante a qualidade individual de seleções como França, Espanha ou Holanda», disse.

«Quando olhamos para o plantel, vemos que existem sete jogadores que estarão ainda elegíveis para jogar o Europeu sub-21 em 2023. Isto demonstra que a Alemanha não tem tanta qualidade individual de jogadores nascidos em 1998 e 1999. No entanto, este grupo, até ao momento, tem dado uma chapada de luva branca aos críticos e agora há uma certa euforia por eles se terem apurado para a final», atirou.

©Sérgio Oliveira

A estrela

Não há como negar: É extremamente jovem, mas voltou com a corda toda depois de uma breve ida à seleção principal e é, por esta altura, a principal figura da equipa germânica. Falamos de Florian Wirtz, jogador do Bayer Leverkusen, que, segundo Jonas Nohe, «nasceu para o futebol».

«Falando do Florian Wirtz, temos sempre de ter em conta que ele fez 18 anos há algumas semanas. Ele é cinco anos mais novo que alguns adversários e isso, por si só, diz muito sobre a sua qualidade. Podemos dizer que ele nasceu para o futebol. Tem um instinto especial em relação ao jogo, seja na sua posição em campo ou na forma como procura os restantes colegas. As suas qualidades com a bola também são excecionais e ele tem uma autoconfiança brutal para fazer uso delas», descreveu.

Por fim, um conselho (e que conselho!) para a seleção portuguesa: nada de subestimar o adversário, mesmo que a vantagem seja confortável.

«Portugal não deve subestimar a Alemanha. Mesmo que esteja em desvantagem por um ou dois golos, esta equipa acredita sempre que é capaz de virar as coisas. Por isso, a equipa portuguesa não pode cometer o erro de se focar em um ou dois jogadores óbvios como Wirtz, Baku ou Nmecha. Todos os jogadores desta equipa alemã podem fazer a diferença e mesmo aqueles que saem do banco podem dar outra força à equipa», avisou, antes de terminar.

«Acrescento, ainda, dois jogadores que não são tão conhecidos, mas que convém ter em atenção: Niklas Dorsch, que foi formado no Bayern Munique e que é o coração do meio-campo. É ele que empurra a equipa psicologicamente, mas também com o seu estilo de jogo. Depois, o lateral esquerdo David Raum, que tem um pulmão inesgotável e cujos cruzamentos, em bola ocorrida ou bola parada, são uma constante ameaça para os adversários».

©Sérgio Oliveira