A Laranja Mecânica é um nome incontornável da história do futebol europeu e mundial. A Holanda ficou mundialmente conhecida no mundo do futebol nos anos 70 e 80, altura em que ganhou a sua alcunha (Laranja Mecânica) e conseguiu juntar alguns dos maiores nomes de sempre da modalidade (Frank Rijkaard, Ruud Gullit, Marco Van Basten, Johan Cruyff,...). O auge chegou em 1988, quando venceram o seu único título de campeão europeu da história.
Mais de três décadas depois, a Holanda não pode dizer que conta nas suas fileiras com nomes (para já) ao nível dos acima referidos, mas não deixa de ter uma série de jovens promessas e jogadores conceituados nos seus respetivos clubes de Liga dos Campeões e campeonatos de topo. Num Grupo C onde parte como clara favorita, a Holanda quer mostrar o porquê de ser uma eterna candidata.
Conhecida, desde sempre, pelo seu claro pendor ofensivo no estilo de jogo, a Holanda tem-se mostrado fiel a si mesma ao longo das várias décadas. Hoje, a Holanda continua a ser um perigo para qualquer seleção a nível ofensivo e conta com alguns dos melhores médios e avançados do mundo, capazes de desbloquearem jogos a qualquer momento e que sabem bem o que é jogar bom futebol apoiado e de grande verticalidade.
A baliza é, muito provavelmente, a posição onde a Holanda mais deixa a desejar. Tim Krul tem sido o eleito nos últimos jogos (e ao longo de grande parte da qualificação para o Europeu), mas o guarda-redes do Norwich City (que subiu agora à Premier League) está longe de estar ao nível de nomes como o de Edwin van der Sar, o último grande nome a ocupar a baliza holandesa.
É no meio campo que começam a surgir os principais nomes desta seleção. Gini Wijnaldum, Frenkie de Jong e van de Beek (embora o último tenha perdido fulgor face à última temporada no Manchester United) são três dos melhores médios de ligação e de transporte do mundo e perfeitos para o estilo de jogo do selecionador Frank de Boer, mas há que ter em conta nomes como de Roon (Atalanta) ou o jovem Ryan Gravenberch, que tem brilhado no Ajax e promete ser um nome a ter em atenção no futebol mundial nos próximos anos.
No ataque, a figura principal é o enigmático Memphis Depay, incansável no último terço do terreno e capaz de causar estragos a qualquer defesa do mundo. No entanto, o avançado do Lyon (que está em final de contrato e com o Barcelona no horizonte) não está sozinho e conta com a irreverência dos jovens do PSV Donyell Mallen e Cody Gakpo, que impõem uma grande velocidade e mobilidade no ataque holandês. Destaque ainda para os finalizadores Wout Weghorst e Luuk de Jong e para o desequilibrador Steven Berghuis, que dão muitas opções ao ataque.
Frank de Boer, antiga glória do futebol mundial e da seleção holandesa, é o comandante desta nova geração da Holanda e ainda só perdeu uma vez desde que assumiu o comando da equipa. Há muito talento por lapidar nesta seleção e são capazes de causar algumas surpresas, mas serão capazes de repetir a glória de 88? É improvável face ao poderio de outras seleções, mas no desporto as contas apenas se fazem no final.
Foi uma época de loucos na Ligue 1 no que à luta pelo título diz respeito e se o Lyon chegou a ser equacionado (durante algum tempo) para essas contas em muito se deve a Memphis Depay. O avançado é a figura principal ofensiva da Holanda e é um terror para as defesas, variando entre as duas alas (com ênfase para a esquerda) e o centro do terreno com grande frequência. Os seus 22 golos nesta época são um bom cartão de visita.
Enquanto jogador, brilhou no Ajax e no Barcelona e começou a sua carreira enquanto treinador há pouco mais de uma década. Foi campeão nos quatro primeiros anos enquanto treinador, sempre no «seu» Ajax, mas não teve o mesmo sucesso nos outros clubes por onde passou (Inter de Milão, Crystal Palace e Atalanta United). Agora, enquanto selecionador, totaliza duas derrotas, quatro empates e quatro vitórias e vai ter a sua primeira experiência numa fase final de uma competição de seleções.