Jogo de contrastes em Famalicão. O CD Nacional viu confirmada a descida de divisão à II Liga e o Famalicão, com uma vitória expressiva (3x0), ganhou enorme alento para a luta europeia na última e derradeira jornada. Um jogo em que os da casa foram superiores e, acima de tudo, mais competentes nos vários momentos do jogo, tendo o desalento do adversário sobressaído desde o apito inicial. Na mesma época em que subiu de divisão, a equipa insular diz adeus ao principal escalão, ao passo que o Famalicão, após uma maratona extremamente exigente e onde viveram momentos conturbados, sonham com uma realidade que há uns tempos era vista quase como impossível.
Só uma vitória deixaria o Nacional ainda ligado às máquinas e, por isso, a deslocação a Famalicão era encarada como uma espécie de jogo de vida ou morte para a formação insular. O problema é que, do lado oposto, o adversário, já com a manutenção assegurada, também pensava num objetivo extra: a Europa, que passou de miragem a um alvo concreto na reta final do campeonato.
Com uma zona medular mais preenchida e musculada, o Nacional não abriu grandes espaços para as referências contrárias criarem perigo. Aliás, foi praticamente até perto intervalo que a partida se jogou a um ritmo mediano e sem incidências relevantes, excetuando um lance em que Pedrão, na sequência de um canto, poderia ter feito bem melhor.
A caminho do recolher aos balneários, os nervos foram-se apoderando dos visitantes. Sem grandes rasgos para criar perigo no ataque e com um Famalicão a soltar-se, o perigo apareceu e, num de dois lances perigosos, nasceu o golo. Gil Dias ameaçou primeiro - António Filipe respondeu à altura - e Ivo Rodrigues, uma das principais figuras do renascimento com Ivo Vieira, não perdoou com um tiro à entrada da área. Por esta altura, a vida do Nacional estava por um fio...
Manuel Machado não demorou a colocar a carne no assador para o tudo por tudo e a verdade é que o Nacional cresceu ligeiramente. Foi sobretudo com a entrada de Kenji Gorré que os insulares espevitaram e criaram a melhor oportunidade de todo o encontro - Luiz Júnior respondeu com uma defesa espetacular -, mas de pouco mais serviu.
Esse momento resultou num enorme balde de água gelada para o Nacional. Isto porque, pouco tempo depois, em nova jogada de ataque a poucos toques, Valenzuela - também ele a saltar do banco - alargou a vantagem para 3x0, colocando uma pedra no assunto e confirmando a descida do CD Nacional ao segundo escalão do futebol nacional. O Famalicão, por sua vez, disse 'olá' à possibilidade de estar presente nas competições europeias. Que verdadeira montanha-russa!
Estar várias jornadas em zona de despromoção para, a uma jornada do fim, estar a lutar por um lugar nas provas europeias. A subida de rendimento do Famalicão tem sido notável e Ivo Vieira é o grande responsável, catapultando a equipa para patamares condizentes com a qualidade existente.
Era o tudo ou nada do Nacional e a exibição foi... Cinzenta. Uma única oportunidade de golo clara e pouco futebol demonstrado para dar a volta a uma situação crítica.
Arbitragem globalmente positiva, excetuando uma grande penalidade não assinalada sobre Heriberto na área madeirense. Ainda para mais, o extremo levou cartão amarelo por simulação...