Um jogo de emoções fortes no Bessa, com indefinição até ao último apito. Com três golos apontados nos primeiros 13 minutos e outros três nos últimos 20, o encontro entre Boavista e Rio Ave acabou empatado a três bolas, no fim de uma segunda parte que teve também uma expulsão e que terminou com cenas feias de ver no relvado do Bessa.
Yusupha fez o segundo bis com a camisola axadrezada num arranque frenético e com mais xadrez, com Gelson Dala a marcar para os rio-avistas. Hamache foi expulso, Carlos Mané marcou antes de Ronan David fazer um auto-golo e coube a Coentrão a honra de fazer o empate final num jogo de loucos.
A divisão de pontos não é ideal para ninguém, mas tendo em conta a classificação acaba por permitir ao Boavista ganhar mais um ponto na luta pela manutenção.
Com mais trocas no Rio Ave do que no Boavista - apenas o castigado Angel Gomes deu o lugar a Yusupha - viu-se um arranque de jogo alucinante, com um pouco mais de xadrez e com a dupla Elis-Yusupha a ser determinante.
Três minutos bastaram para que Cannon cruzasse da direita, Elis fizesse um primeiro cabeceamento e Yusupha encostasse para o 1x0. O Boavista entrava melhor, mostrava-se mais objetivo e Sauer ficou perto de ampliar logo depois, mas não acertou no alvo.
Num dos poucos momentos em que o Rio Ave conseguiu ter alguma objetividade nesse primeiro tempo, Gelson Dala conseguiu o golo de empate na sequência de trabalho à direita de Ivo Pinto e um remate inicial de Tarantini.
Em dez minutos já havia golos para ambas as equipas, em apenas mais três o Boavista voltou a saltar para a frente do marcador num lance que mostrou a velocidade de Elis - grande jogo do avançado - e em que Yusupha marcou de novo, de pé esquerdo.
O Boavista estava por cima no marcador e no jogo, o Rio Ave ainda chegou a ter alguma tendência ofensiva um pouco depois mas o ritmo acabou por ser muito quebrado pelas quedas de jogadores dos axadrezados, que deixavam o treinador Miguel Cardoso visivelmente incomodado.
O Rio Ave veio mesmo a empatar o jogo por mais duas vezes no segundo tempo, mas na primeira grande oportunidade que teve para o fazer - um penálti - não o conseguiu. Pelé atirou para defesa de Léo Jardim.
O lance que tinha originado o polémico penálti tinha levado ao segundo amarelo de Hamache, numa decisão muito contestada pelos axadrezados, e o Rio Ave acabava por conseguir ter mais presença no jogo face à superioridade numérica.
Jesualdo Ferreira colocou o jovem Gómez a fechar o lado esquerdo da defesa, Miguel Cardoso lancou para essa zona Fábio Coentrão, abdicando de Pelé. O Rio Ave ficava com um meio-campo menos musculado, mas com mais opções ofensivas.
Com o Rio Ave por cima nessa fase, Carlos Mané conseguiu empatar o jogo aos 70 minutos, mas os lances mais emocionantes estavam guardados para a reta final. Ronan David fez um auto-golo na sequência de um livre lateral, o Boavista ficava de novo em vantagem mas Fábio Coentrão acabou por salvar o empate nos descontos, bem em cima do apito final. Seguiram-se os lógicos festejos por parte dos jogadores, mas também momentos que em nada dignificam o futebol português (ver abaixo).
Seis golos, três para cada equipa. Um arranque alucinante, um final que não ficou atrás. Emoções fortes e indefinição até ao fim.
Imagens feias no final do encontro, entre as quais uma atitude reprovável de Miguel Cardoso após o golo do empate. Pela informação que circula, também no túnel se registaram eventos reprováveis.
Alguns lances em que o critério disciplinar foi duvidoso e o lance do penálti (falhado por Pelé) pareceu-nos muito forçado, assim como o segundo amarelo para Hamache.